O idioma é uma herança materna.
Está provado que aprendemos o código da língua no ventre materno, e a primeira vez que ouvi isto foi na faculdade, dito por uma das nossas professoras de gramática.
O tempo só comprovou a afirmativa, a ciência não se engana facilmente, e esta tese , que é bem antiga, mantém-se sustentável até os dias de hoje.
Para qualquer estrangeiro, chegar a fluência em um idioma é totalmente possível, a capacidade humana é capaz de quase tudo, mas a fluência fonética...ah, essa nunca chegará em sua totalidade, pode até ficar perto.
Os sons das palavras e as entonações são nativas, passam de gerações, raízes muito profundas, não se aprendem , se nasce .
Sempre me empenhei muitíssimo no idioma português, quem me lê e me ouve sabe disso, mas a fonética nunca foi uma coisa natural para mim, tive que prestar muita atenção nas pessoas , imitar sons e pronúncias, e fora da cátedra, um esforço singular. Algumas palavras ainda me fogem , principalmente nos sons abertos e fechados, onde meu código é outro.
As vogais saem sem interrupções, como sabemos, são como sopros ; a, e , i, o, u...já as consoantes são formadas por "acidentes" no som, como o palato, a língua, o nariz, a garganta, os dentes e as combinações entre todos estes elementos, junta-se a isso tudo os sons abertos e fechados, acentuações , aproximações e prolongamentos... É fácil ? - De jeito nenhum !
O meu empenho me trouxe bons resultados, mas levou tempo, posso garantir.
Tenho mais facilidade quando falo ou canto em espanhol, as palavras não precisam ser pensadas quanto à pronúncia, se o vocabulário estiver certo, é só seguir em frente.
Quando estive na Espanha, demorei três semanas para a fluência voltar totalmente, o que foi surpreendente para a minha família.
Conheço muitas pessoas da América do Sul, vizinhos do Brasil, e percebo que até os pequeninos que vieram de colo, hoje com seus oito ou nove anos, carregam o sotaque dos seus pais, mesmo que não seja tão intenso, e isso é uma prova à mais sobre a herança fonética.