Por que as pessoas não tem o hábito de ler?

Estatisticamente, a população brasileira tem pouquíssimo acesso à leitura, cada brasileiro lê em média 2 livros por ano!

Para adquirir um hábito é preciso a tríade: PRAZER-GOSTAR-QUERER. Ler é degustar!

Porém, o brasileiro não gosta de ler mas adora uma história, os índices explicam tal informação: o acesso às novelas, ao Facebook, mais recentemente à Netflix confirmam tal adoração, e é claro, a tecnologia colabora.

O nosso processo histórico de colonização tem grande influência sobre tal fator.

Relembrando...

No século XV – na Europa – a leitura era para os nobres, nos mosteiros e para o clero. A oralidade pertencia aos pobres.

Aqui na América do Sul com o descobrimento do Brasil – os jesuítas insistiram em catequisar os indígenas, com missas em latim. A leitura é obrigatória, chata, em outra língua.

No século XVI – no Brasil, a miscigenação se constitui entre europeus, africanos e indígenas.

Os portugueses vieram para o Brasil, devendo para a Coroa ou eram os mais pobres, tentando nova vida, assim sem acesso nenhum à leitura.

Os africanos já chegaram como povo excluído, com a escravidão nas costas.

Os jesuítas na tentativa de ensino aos nativos, mas com o complicador da Língua, tornaram a leitura inacessível. As gerações posteriores adquiriram tal cultura não leitora.

No século XVIII - no Brasil – ocorre a Inconfidência Mineira, Tiradentes foi condenado pois encontraram um livro como prova contra ele. O estigma do livro como algo negativo tornou-se ainda maior.

Os leitores eram da classe dominante com poder aquisitivo maior. Os ricos iam para o exterior para estudar, os pobres estudavam nas escolas rurais.

Nesta época o uso da palmatória era diário. Pedindo ao aluno a leitura em voz alta para toda a classe, momento de extremo nervosismo para a criança, se esta não fizesse bem, apanhava com a temida madeira. Mais uma vez a leitura tratada como castigo.

No século XIX – no Brasil – em 1888 foi abolida a Escravatura, tardiamente, pois a invenção da Coca-Cola em 1886, antecedeu a ruptura das torturas e trabalhos forçados dos negros no Brasil. Entretanto, os negros que soubessem ler tinham suas línguas e orelhas cortadas, jogadas pelas estradas do País, mostrando aos pares o castigo devido.

E a classe dominante, os ricos continuaram nas escolas.

No século XX – institui-se os exames de seleção onde a classe média e alta tem acesso as escolas públicas. Os mais desfavorecidos continuam nas escolas rurais ou partem para o mercado de trabalho para complementar a renda familiar.

Mudanças e mais mudanças a caminho. As escolas particulares fixam-se no Brasil, ricos e classe média migram para o setor particular.

As escolas públicas foram acessadas pelos pobres. Momento de otimismo para o país. Tentativa de desenvolvimento do hábito da leitura com grandes nomes de intelectuais circulando pelos saraus comuns à época, ressaltando que a cultura popular não aparecia ainda , era marginalizada.

No momento histórico mais doloroso do Brasil, 1964-1985 – Ditadura Militar – censura , agressões, torturas e mortes, os livros eram supervisionados publicados ou não, censurados pelos militares. Escritores desaparecidos, calados e silenciados. Estudantes com a luta nas ruas sofriam as mesmas represálias. A classe intelectual cerceada por mais de 20 anos e o otimismo pela leitura adormece.

Neste século XXI,com a promulgação da Constituição Cidadã , em 1988, o acesso à escola é democratizado, a escola , finalmente, é um direito para todos.

O hábito da leitura torna-se preocupação nas escolas. As verbas internacionais e públicas são, mesmo em parte , direcionadas a aquisição de livros para bibliotecas e salas de leitura (mesmo improvisadas) dentro das escolas.

Os projetos de leitura desenvolvidos pelo Terceiro Setor contribuem também para a ampliação do hábito leitor.

Desafiador, neste momento, é lidar com novas tecnologias, como atrair os alunos para os livros físicos? Aquele cheiro de livro novo é insubstituível para os românticos e apaixonados por eles.

Agora, então com a multilinguagem, as várias linguagens não podem ser esquecidas e nem deixadas de lado, pois é a inovação, a mola propulsora das próximas gerações e das atuais também. Sabendo que “zilhões” de livros estão nas palmas das mãos, nos smarthphones.

Motivar o espírito leitor só mesmo pelo exemplo, isso só acontece com o apoio da família, da escola, da sociedade, do Terceiro Setor e das Políticas Públicas.

As estatísticas devem mudar, e podem mudar, os 2 livros em média por habitante, num país continental como o Brasil é inadmissível , onde estão os melhores escritores do mundo.

Todos à luta!

A leitura é um direito social!

Estelinha Cardoso
Enviado por Estelinha Cardoso em 19/08/2018
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