HISTORIA INDÍGENA
COMENTÁRIO DO TEXTO DE JOÃO PACHECO DE OLIVEIRA
“[...] para a maior parte dos brasileiros, o “índio” continua sendo concebido como um “ silvícola”, que para ser reconhecido como portador de “ cultura indígena” deve viver “ no mato”, morar em “ ocas”, “ fazer pajelança”, usar “ coar”, etc. essas ideias arraigadas a respeito do que seja “ a cultura indígena” impedem que se atribua valor a inúmeros aspectos menos conhecidos , ou às adaptações criativas de saberes ancestrais que , localmente, cada grupo indígena produz, de maneira dinâmica e sempre articulada a seu ambiente, sua história e suas relações com outras comunidades culturais.
(GALLOIS, 2006, p. 18.)”
O autor João Pacheco de Oliveira, ao escrever “Muita terra para pouco índio? Uma introdução ( crítica) ao indigenismo à atualização do Preconceito”, faz uma crítica com muita propriedade sobre as visões que foram construídas sobre os índios, estando em consonância com o que afirma a antropóloga Dominique Gallois, de que o índio é concebido pela maior parte dos brasileiros como selvagem, “silvícola” fruto de uma ideologia indigenista, e tem como discurso propagado que o índio é coisa do passado, restando quase nada nos dias atuais.
Percebe-se que, o tema defendido pelo autor está diretamente ligado a interesses econômicos e que os conflitos envolvendo índios e não índios é uma questão histórica, envolve disputas por terras. Além disso, João Pacheco mostra ainda que essas disputas tem ligação direta com o próprio Estado já partir da década de 80, quando na verdade este deveria ser responsável pelo cumprimento do direito e garantia das áreas demarcadas.
Ainda assim, o texto apresenta divergências que acontece entre o homem branco e os índios, alegando que os índios são poucos e as terras são muitas. Porém, o autor sinaliza que os dados oficias apresentados nas pesquisas de levantamentos sobre terras indígenas não são passíveis de verdade absoluta, são enganadoras, evidenciando com isso, a falta de respeito e a negação do direito para com os povos nativos.
Nesse sentido, percebe – se o preconceito existente para com esses povos, assim como para com os negros. Durante muito tempo, a história indígena, foi tratada/e ainda é de forma superficial e contraditória, talvez esse seja um dos fatores responsáveis pelas visões estereotipadas e estáticas que a maioria do povo brasileiro tem.
Vale ressaltar que, por conta do preconceito existente, os índios que na sua maioria tem os seus direitos negados e excluídos da própria sociedade foram e ou são obrigados a trabalhar em regime de escravidão. Nesse sentido, o autor mostra que o não índio precisa aprender a viver e conviver com as diferenças culturais dessa etnia, que o índio brasileiro na atualidade não é necessariamente os selvagens imaginados por muitos brasileiros. Eles hoje têm acesso às tecnologias, ao mercado de consumo e ao ensino.
Portanto, hoje há um movimento para que os povos indígenas sejam reconhecidos em sua heterogeneidade, seu dinamismo cultural, sua interação étnica, onde o que vale é o reconhecimento de pertencimento pela própria comunidade e não a identificação de algumas características conforme a imagem construída do índio oficial. Essa é a imagem que presenciei enquanto aluna da educação básica e depois nos livros didáticos como professora, que vou tentar desconstruir a partir de agora, pois em nenhum momento presenciei o direito de defesa do índio, ele sempre foi “crucificado” e colocado como um sujeito “sem voz”, passivo.
Referência complementar
GALLOIS, Dominique Tilkin (org.) Patrimônio cultural imaterial e povos indígenas. Exemplos no Amapá e norte do Pará. Macapá: Iepe. 2006.