A EDUCAÇÃO É A SOLUÇÃO PARA O CRIME?
Há quem diga que a solução para o problema da criminalidade é a Educação. Sou professor, mas discordo. Não creio que a resposta seja tão simples. Afinal, não são poucos os criminosos com diploma universitário. Nossa classe política, aliás, está cheia deles.
Infelizmente, a Educação não é, por si só, capaz de impedir que um homem que queira fazer o mal, por sua própria vontade, o faça. O homem é um animal racional, que tem consciência de seus atos: age, portanto, com base no livre- arbítrio. Sua atuação no mundo, a propósito, não pode fugir dessa responsabilidade racionalmente embasada - independentemente do cenário ou da situação peculiar em se encontre. Como diz o filósofo Ortega y Gasset, "eu sou eu e minhas circunstâncias". De fato, ao longo da vida, um homem se verá sujeito às mais diversas situações circunstanciais, e precisará escolher seu caminho em meio a cenários sempre novos de possibilidades. Viver, nesse sentido, é fazer escolhas diante de um mar de circunstâncias. No entanto, em última instância, o que decide é o caráter do indivíduo, pois este sempre terá a capacidade de optar entre o bem e o mal. Na realidade, mesmo aquele que foi educado com esmero terá sempre a possibilidade de escolher a segunda opção - e, tendo má índole, provavelmente o fará se isso lhe parecer proveitoso.
O homem, enfim, é corruptível por natureza. O que a Educação pode - e deve - fazer é trabalhar para o aprimoramento intelectual e moral do indivíduo. Aprimorar, no entanto, não significa tornar perfeito e infalível. E é precisamente isso que os idealistas e ideólogos, tanto da pedagogia quanto da política, deliberadamente ignoram.