A ROTA DOS VENCEDORES
Pesquisa do IBGE aponta que quase doze milhões de jovens entre 16 e 29 anos, no Brasil, não estudam nem trabalham. É a chamada população nem nem.
Lembro-me que em 2001, quando fundamos a AMOA, uma ONG que treinava e encaminhava jovens e adolescentes para o mercado formal de trabalho, escrevemos um artigo que dizia: “Fala-se, com muita ênfase, na quantidade de vagas existentes no mercado de trabalho que não são preenchidas pela falta de trabalhadores qualificados. Frequentemente importamos técnicos do exterior para preencher postos de trabalho de alta relevância para o país, e ao mesmo tempo exportamos para outros países mão de obra não qualificada para fazer lá as tarefas que os naturais da terra já não querem mais executar. O que estamos fazendo? Mandamos para o exterior os brasileiros desqualificados profissionalmente e trazemos estrangeiros para fazer o que eles deveriam ter aprendido? Onde essa política suicida nos levará?”
Tudo isso nos soava, na época, como uma formidável inversão de valores. A questão era o que estávamos fazendo com os nossos jovens? Estávamos dando a eles uma real oportunidade de ser outra coisa além dos rebeldes inconformados que achávamos que eram? Eram eles culpados de não aprenderem nas escolas o suficiente para entrar na vida adulta e sobreviver no mercado de trabalho com alguma chance de sucesso?
Fazíamos tais perguntas quando tentávamos desenvolver um programa de treinamento que satisfizesse essas necessidades. Perguntávamos, frequentemente, o que era preciso ensinar a eles para que tivessem sucesso nesse mercado. E a resposta sempre nos apontava para uma direção: o diferencial é a educação. Não a educação formal, feita de informações dispostas num currículo que alguém organizou, achando que elas seriam necessárias para a formação de uma base de conhecimentos, muitas vezes inúteis, mas sim a educação para a vida, feita, de um lado pela aquisição de uma filosofia de bons princípios e sentido de responsabilidade, e de outro, por um respeito pelos verdadeiros valores que constroem uma nação, ou seja, a educação, o protagonismo e o trabalho.
Ao ver essa pesquisa do IBGE, 17 anos depois, parece que nada mudou. Nada não. Ficou pior. Naquela época eram os jovens de 15 a 20 anos a grande maioria dos marginalizados. Agora parece que essa marginalização se estende até os 29 anos.
O velho argumento ainda é válido: precisamos recuperar os valores do trabalho, da boa educação e da família. Nesse sentido é preciso entender que o trabalho bem orientado e garantido pela lei não mata nem aleija ninguém. O ócio e a falta de qualificação sim. A rota dos vencedores sempre foi pavimentada por esses dois componentes de sucesso, que são a educação e o trabalho. E não é verdade que um exclui o outro, como crêem alguns “educadores”, que teimam em afirmar que quem começa a trabalhar cedo tem o seu desenvolvimento prejudicado. Resta saber a que tipo de desenvolvimento eles estão se referindo. O quarto setor, que compreende o crime organizado, agradece a esses "educadores", pela ajuda que eles dão no recrutamento dos seus "soldados".
Aqui cabe o velho ditado: mãos e mentes desocupadas são ferramentas e oficinas do capeta. Com isso tudo nem precisamos perguntar por que o nosso país está do jeito que está.
Pesquisa do IBGE aponta que quase doze milhões de jovens entre 16 e 29 anos, no Brasil, não estudam nem trabalham. É a chamada população nem nem.
Lembro-me que em 2001, quando fundamos a AMOA, uma ONG que treinava e encaminhava jovens e adolescentes para o mercado formal de trabalho, escrevemos um artigo que dizia: “Fala-se, com muita ênfase, na quantidade de vagas existentes no mercado de trabalho que não são preenchidas pela falta de trabalhadores qualificados. Frequentemente importamos técnicos do exterior para preencher postos de trabalho de alta relevância para o país, e ao mesmo tempo exportamos para outros países mão de obra não qualificada para fazer lá as tarefas que os naturais da terra já não querem mais executar. O que estamos fazendo? Mandamos para o exterior os brasileiros desqualificados profissionalmente e trazemos estrangeiros para fazer o que eles deveriam ter aprendido? Onde essa política suicida nos levará?”
Tudo isso nos soava, na época, como uma formidável inversão de valores. A questão era o que estávamos fazendo com os nossos jovens? Estávamos dando a eles uma real oportunidade de ser outra coisa além dos rebeldes inconformados que achávamos que eram? Eram eles culpados de não aprenderem nas escolas o suficiente para entrar na vida adulta e sobreviver no mercado de trabalho com alguma chance de sucesso?
Fazíamos tais perguntas quando tentávamos desenvolver um programa de treinamento que satisfizesse essas necessidades. Perguntávamos, frequentemente, o que era preciso ensinar a eles para que tivessem sucesso nesse mercado. E a resposta sempre nos apontava para uma direção: o diferencial é a educação. Não a educação formal, feita de informações dispostas num currículo que alguém organizou, achando que elas seriam necessárias para a formação de uma base de conhecimentos, muitas vezes inúteis, mas sim a educação para a vida, feita, de um lado pela aquisição de uma filosofia de bons princípios e sentido de responsabilidade, e de outro, por um respeito pelos verdadeiros valores que constroem uma nação, ou seja, a educação, o protagonismo e o trabalho.
Ao ver essa pesquisa do IBGE, 17 anos depois, parece que nada mudou. Nada não. Ficou pior. Naquela época eram os jovens de 15 a 20 anos a grande maioria dos marginalizados. Agora parece que essa marginalização se estende até os 29 anos.
O velho argumento ainda é válido: precisamos recuperar os valores do trabalho, da boa educação e da família. Nesse sentido é preciso entender que o trabalho bem orientado e garantido pela lei não mata nem aleija ninguém. O ócio e a falta de qualificação sim. A rota dos vencedores sempre foi pavimentada por esses dois componentes de sucesso, que são a educação e o trabalho. E não é verdade que um exclui o outro, como crêem alguns “educadores”, que teimam em afirmar que quem começa a trabalhar cedo tem o seu desenvolvimento prejudicado. Resta saber a que tipo de desenvolvimento eles estão se referindo. O quarto setor, que compreende o crime organizado, agradece a esses "educadores", pela ajuda que eles dão no recrutamento dos seus "soldados".
Aqui cabe o velho ditado: mãos e mentes desocupadas são ferramentas e oficinas do capeta. Com isso tudo nem precisamos perguntar por que o nosso país está do jeito que está.