MAIÊUTICA

Maiêutica

Maiêutica é um processo Socrático que ele usava junto aos seus acadêmicos como parto das ideias. Vou utiliza-la para pari minha ideia sobre o narcisismo. Narciso, criatura da mitologia grega, tem muita história contada e muita especulação para ser feita, mas nunca se chegará a uma conclusão, em face de que quem conta um conto sempre aumenta um ponto.

É sabido que Narciso ao se espelhar numa poça d’água se apaixonou pela sua imagem a ponto de idolatrá-lo pela suposta beleza. Assim ocorre com as pessoas que se valorizam pelo próprio retrato.

Era comum nos idos tempos, os retratistas pintarem sobre tela a olho, a recomendação de pessoas que queriam perpetuar em suas salas de visitas a sua própria imagem aos que lá viessem ser recepcionados pelos seus convivas. Assim ficavam sob a mira dos apreciadores da arte da pintura, exibidos como a beleza em pessoa, independentemente do conceito de caráter, inteligência, virtude que possa carecer.

Na psicologia ha inúmeros tratados acadêmicos, inclusive de especialistas do naipe de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, cuja tese já fora divulgada popularmente pelos meios ordinários. Contudo, em que pese o conhecimento popular, o conceito firmado é de convivência pacífica como normalidade, sendo despercebidas as pessoas narcisistas.

Com o progresso das comunicações, coadjuvadas com a tecnologia e os meios sociais em redes, surgiram os famosos selfies, que não perdoam os narcisistas de se auto fotografarem e de postarem nas suas redes sociais, os seus encontros, excursões e incursões, quer sejam no trabalho, museus, teatros, até com personalidades públicas como políticos, artistas, esportistas; quando não ao lado de estatuas famosas em Roma.

O drama secular dos portadores da síndrome narcisista, que era secreta, sob sigilo familiar, passou a ser numa naturalidade límpida, escancarada, e declarada com toda a vaidade capital, como sintoma normal como quem debulha a margarida no bem-me-quer e mau-me-quer, da saudosa infância com seus percalços complexos de Édipo.

Já dizia minha tia avó, - quem não se ajeita por si só se rejeita, justificando a sua beleza apessoada de mulher maravilha, com seu ruge na maçã do rosto e seus cabelos cacheados no anil-azulados, com seus adereços de pérolas, pulseira escrava, broxe e perfume, sobre saltos altos nos pés, cobria a cabeça com mantilha branca nas suas rezas, quem sabe à deusa grega Afrodite, do amor e da beleza sensual, que a protege-se dos maus presságios de seus algozes.

Há infância querida que tudo soubermos e nada confessava, guardava em meu peito os cochichos dos adultos, os segredos de família, nas minhas piegas crenças catequisadas, julgando por preconceito, condenava os adultos e vivia no silencio sepulcral.

Graças ao analise regressivo conheço hoje o Narciso que habita nas pessoas dissimuladas que vivem ao meu redor sem espelho nem retrato no mais recôndito seio do seu ego.

Parti

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 19/11/2017
Reeditado em 28/11/2017
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