C R U Z A D A S

resumo

É indispensável mencionar que a Idade Média compreende de 476 (queda do império romano no ocidente com invasões bárbaras pelos povos germânicos e vai até 1453 com a queda do império romano no ocidente (tomada de Constantinopla) , no entanto esse período de mil anos é dividido em Alta idade média (476 -1000) e baixa idade média (1000 – 1453). Enquanto a alta idade média foi marcada por muitas invasões e guerras a baixa idade média apresentou um maior grau de desenvolvimento. Na arquitetura, engenharia, agricultura com maior nível tecnológico reduziu o problema da fome contribuindo para o aumento populacional, crescimento da população sobretudo urbana, afirmação do cristianismo e consolidação das bases do poder europeu. Porém o crescimento da população foi superior a produção de alimentos, redundando na expulsão dos agricultores das terras feudais, formando uma legião de miseráveis e marginalizados nas cidades que estavam começando a crescer.

Nesse cenário, muitos nobres partiram em busca de novas terras que estavam em poder dos árabes no oriente. Tais expedições ficaram conhecidas como CRUZADAS e os soldados como CRUZADOS quem se intensifica a partir do séc. XI. A Guerra da Retomada foi uma luta dos cristãos para expulsar os mouros (árabes) do sul da Europa antes das cruzadas, especialmente da Espanha (1094). O filme El Cid gravita sobre esse assunto.

Muitos eram os interesses voltados para as Cruzadas, o Papa Urbano II escreve uma carta convocando os fiéis para a luta a fim de expulsar os islâmicos dos locais sagrados (Jerusalém). Os servos atenderam prontamente com a promessa de perdão de suas dívidas para com a igreja, absolvição dos pecados, e a possibilidade de obter riquezas com os saques. Os nobres viam na Guerra Santa uma forma de ampliar seus domínios, e os comerciantes (Burgueses) ampliar seu comércio com a Ásia, a Igreja defendia seus interesses. Concluindo as Cruzadas foi apenas um jogo de interesses por parte de todas as camadas européias. Antes das Cruzadas os cristãos especialmente da Espanha guerreavam contra os muçulmanos, que estavam na região desde o sec. VIII, essas guerras ganharam impulso com as cruzadas, mas só terminaram no séc. XV, nesse período foi formado o reino de Portugal e Espanha. Um guerreiro do reino de Castela, chamado Rodrigo Diaz Vivar, tornou-se herói por sua bravura em batalha quando expulsou os muçulmanos em 1094, respeitado até por seus inimigos ganhou o apelido de El Cid ( O Senhor) . Uma trégua foi declarada entre Saladino e os Estados Cruzados em 1178.

As primeiras cruzadas foram um grande fracasso, totalmente despreparados, homens, velhos, mulheres, crianças, faziam um percurso de mais de 5000 km, demoravam cerca de 3 anos, em que muitos ficavam pelo caminho, morrendo de fome, frio, doenças entre 1096 e 1270 houve 8 cruzadas com o objetivo de tomar Jerusalém segundo os cristãos onde. Nosso Senhor Jesus Cristo fora sepultado. Em 1099 os cristãos haviam tomado parte da cidade, mas a perderam no ano seguinte. Apesar dessas derrotas os cruzados conquistaram algumas cidades da Ásia Menor provisoriamente restabelecendo o comércio com essas cidades. De todas as cruzadas algumas merecem destaque, a 3ª cruzada ( 1189-1192) foi uma cruzada composta por vários reis, da Inglaterra Ricardo Coração de Leão, Felipe Augusto da França, Felipe Barba Ruiva da Germânia. Alem da honra e da glória proporcionada pela Guerra Santa eles buscavam riquezas a fim de suplantar os nobres em seus reinos. A quarta Cruzada ficou conhecida por seu desvio do seu plano original. Em vez de dirigir-se para a Palestina foi para Constantinopla, dominou a capital dos cristãos ortodoxo, transformando-a em entreposto comercial entre o oriente e ocidente. Nessa ação contaram com o apoio dos mercadores de Veneza que se abasteciam dos valiosos produtos orientais em Constantinopla e os vendia no mercado europeu com muito lucro. A atuação das Cruzadas em direção ao Oriente, usou quase sempre uma justificativa religiosa, “conquistar a Terra Santa e combater os infiéis”.

Na Itália Veneza e Genova eram duas grandes cidades de comerciantes, apoiavam as Cruzadas e com o aumento do comércio vieram novos produtos, conhecimentos, e cultura promovendo grandes transformações. Produtos como Pimenta, cravo, açúcar, canela eram usados para condimentar e ajudar a preservar os alimentos, além de marfim, perfumes, seda, tapeçarias e outros objetos consumidos pela classe mais abastada. Esses produtos se tornaram monopólio dos mercadores italianos, com tantas mercadorias o escambo foi gradualmente abolido e a moeda passou a fazer parte do comércio, intensificando a relação entre os feudos. Dessa forma formaram-se os burgos que passaram a ser o centro comercial da cidade, protegidos por muralhas. As profissões eram transmitidas de pai para filho. No topo estava o mestre dono da oficina e das ferramentas, em seguida vinham os companheiros, que eram pessoas que já sabiam o ofício e trabalhavam em troca de um salário, também chamados de jornaleiros por receber por jornada de trabalho e, na base estavam os aprendizes que trabalhavam em troca de casa, comida e poder aprender o ofício.

Foram estabelecidas rotas de navegação entre o ocidente e oriente na compra e venda dos produtos, os quais eram comercializados em grandes feiras espalhadas pela Europa, os europeus passaram a comprar e vender grande quantidade de mercadorias, mas para se proteger contra a concorrência criaram uma associação denominada Liga Hanseática, eliminaram os concorrentes e impunham seu preço. Os artesãos por sua vez também criaram uma associação denominada Corporações de Ofício, eram organizadas de acordo com as categorias profissionais, sapateiro, pedreiro, ferreiro, carpinteiro, marceneiro, etc.

Como o comércio era feito com pessoas de diversas regiões e moedas, surgiram os comerciantes que efetuavam o cambio (troca de moedas) também financiavam viagens e outras despesas, por eles colocarem as moedas sobre um banco de madeira, passaram a ser conhecidos como banqueiros.

Apesar de enriquecer com o comércio os burgueses ficavam sob o domínio dos nobres e senhores feudais que cobravam impostos e serviços dos moradores, com o tempo os burgos passaram a reivindicar autonomia, algumas cidades conseguiam a liberdade através de lutas armadas, outras comprando as chamadas cartas de alforria. As cidades independentes receberam na Itália o nome de Repúblicas, na França de Comunas, e na Alemanha de cidades livres. Com o comércio as cidades cresceram e se expandiram particularmente após o séc. XIII que alguns historiadores chegam a falar em revolução comercial.

A partir do séc. XIII os burgueses que haviam enriquecido com o comércio passaram a apoiar o rei, dessa forma os reinos de Portugal, Espanha, França Alemanha, Inglaterra e outros foram se consolidando. Diante dessa contra partida, os camponeses que até então tinham sido muito explorado pelos feudos, migraram para as cidades em busca de melhores condições de vida. O êxodo do campo foi enfraquecendo os feudos, que de agora em diante precisavam contar com o apoio do rei se aglutinando a ele.

Nas cidades, a intensificação do comércio formou uma nova engrenagem social, o chamado CAPITALISMO, novas atividades vão surgindo como a profissão de cambista ( faziam a troca da moeda) pois tinham o conhecimento do valor da moeda, e os banqueiros que ficavam encarregados de guardar e proteger grandes quantias em dinheiro.

Diante desse quadro notaremos que as Cruzadas tiveram grande influência para o final do feudalismo e surgimento de reinos. Alteração nos hábitos alimentares, cultura, e desenvolvimento sócio econômico, no entanto o feudalismo será erradicado de forma heterogênea e gradual, até a Revolução Francesa em 1789 quando o capitalismo ganha um novo impulso e se consolida.