A PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ESCOLAR

A PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Luciana Pereira BRAGA¹

RESUMO: O trabalho acadêmico no qual se apresenta, reflete sobre a importância e significação da intervenção do psicopedagogo no contexto escolar. Os objetivos apontados têm como ponto principal compreender e refletir sobre as práticas do psicopedagogo. Buscando um entendimento dos modos de aprendizagem e considerando o trabalho envolvido dos profissionais da psicopedagogia. A linha de pesquisa se volta para uma busca de conhecimento através de referências bibliográficas, no qual aprofundará o conhecimento de atuação do profissional da psicopedagogia. Portanto, enfatizo que o aprofundamento de conhecimento nesse trabalho destaca o sentido psicopedagógico para que a aprendizagem seja fruto de contentamento entre aqueles que aprendem e aqueles que ensinam.

PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogia; Ensino Aprendizagem; Escola.

1 Introdução:

Os processos de ensino aprendizagem da Psicopedagogia têm sua história recentemente iniciada. A busca principal dessa abordagem está na fundamentação dos processos de conhecimento e aprendizagem do educando. A Psicopedagogia em sua base teórica depende de outras interferências científicas, no qual destacamos as áreas da Pedagogia e a Psicologia.

Os objetivos apresentados destacam-se entre os processos de Ensino e Aprendizagem e as dificuldades diariamente apresentadas no contexto escolar do educando.

Sendo de grande significado o trabalho do psicopedagogo dentro da situação apresentada de dificuldades escolares e aprendizagem, existe uma maior relevância para os objetivos dessa pesquisa em investigar e analisar as funções e intervenções do psicopedagogo. Procurando com isso uma reflexão de como se processa a aprendizagem através do olhar da Psicopedagogia.

Como o conhecimento é a ferramenta para mudanças e a fonte inesgotável de saber, a importância dessa pesquisa se justifica em compreender como os educandos se interagem nos seus processos de aprendizagem. De que maneira significativa o mesmo constrói seu conhecimento, como se apresenta nas suas relações sociais no meio inserido e como esses conteúdos são apresentados.

A metodologia apresentada está respaldada em dados bibliográficos, para um maior aprofundamento do tema proposto.

Com isso, destaca-se que quando voltamos o entendimento para compreender os modelos e maneiras da dificuldade de aprendizagem, deve-se ter um olhar voltado para o educando e para o seu meio social. Compreende-se que suas dificuldades não se centram totalmente em si, mas podem estar também no contexto escolar, familiar e no próprio indivíduo.

Pensar as intervenções leva-nós a discutir qual é o papel do psicopedagogo dentro das instituições escolares. Com isso, deve-se aprofundar nos conhecimentos para a busca de um diagnóstico com uma intervenção significativa futura. Essas intervenções além de serem pautadas numa busca constante de conhecimento tanto do educando quanto de teóricos deve enfatizar uma avaliação diagnóstica do indivíduo. Os recursos utilizados podem variar como desenhos e entrevistas com o educando juntamente com aqueles que fazem parte de sua rotina diária entre outros recursos significativos nesse processo.

Portanto, a história da Psicopedagogia tem suas raízes fundamentadas nos processos de dificuldades da aprendizagem. Sendo o educador parte fundamental desse processo. Pois através do mesmo, o seu olhar deve ser direcionado para o educando e suas intervenções devem estar pautadas em conhecimentos psicopedagógigos. Proporcionando com isso, uma escuta atenta para uma resolução diferenciada da situação problema no qual se encontra o educando. Com intervenções significativas a Psicopedagogia preza a autonomia do sujeito, busca-se que o mesmo se torne autor da sua própria história, da sua aprendizagem e não apenas telespectador de suas vivências.

Considerando o espaço escolar, o ambiente para as intervenções psicopedagógicas e o lugar para formação de indivíduos, a Psicopedagogia se apresenta para os educandos, educadores e demais colaboradores desse espaço. As intervenções psicopedagógicas se fazem presente em todo meio no qual esteja inserida. Aponta-se com isso que um trabalho psicopedagógico em aliança com a escola, a família e a sociedade ameniza ainda mais as dificuldades de ensino aprendizagem do educando. Propondo com isso, intervenções psicopedagógicas significativas que busque no sujeito sua autonomia.

2 Desenvolvimento

2.1 Tema

A Psicopedagogia ainda é uma ciência nova, mas suas intervenções já se tornam significativas em nosso meio. As atuações se voltam para os processos de ensino e aprendizagem dos educandos. Enfatizando as dificuldades encontradas no ambiente escolar. Os objetivos centrais da Psicopedagogia está em refletir, analisar e avaliar a aprendizagem do indivíduo. O indivíduo se torna a resposta de análise desse processo. Ou seja, é através do mesmo que as intervenções devem acontecer. Sendo uma ciência que estuda a aprendizagem em todos os seus contextos sejam eles patológicos ou não.

As bases de um trabalho psicopedagógico apresentam-se nas buscas de um conhecimento teórico fortificado com atuações de relevância. Compreendendo a demanda ofertada, ou seja, o sentido da situação de dificuldade do educando, seus contextos e como a aprendizagem se desenvolve no mesmo. Porém deve-se refletir que a Psicopedagogia além de uma intervenção significativa nos processos de aprendizagem, procura trazer para os profissionais que atuam e acreditam nessa abordagem uma ferramenta para entendimento daquilo que falta para a compreensão da aprendizagem.

A Psicopedagogia em aliança com a Pedagogia, a Psicologia, a Neuropsicologia entre outras áreas afins busca constantemente o entendimento dos processos de dificuldades na aprendizagem.

Com isso, se faz notório as afirmações de Rubinstein (1987, p. 103),

[...] num primeiro momento a Psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta forma promover o desaparecimento do sintoma. E, ainda, a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compressão do processo da aprendizagem, considerando todas as variáveis que intervêm neste processo.

Através do entendimento de Wiess (1991, p. 6), “a Psicopedagogia se destaca em observar e intervir numa melhor compreensão da aprendizagem, propondo atitudes e condições favoráveis para que esse processo possa se desenvolver. Sendo o desenvolvimento na intervenção pedagógica parte fundamental entre aqueles que aprendem e aqueles que ensinam. Pois, o conhecimento se partilha para ambas as partes.

Quando nós colocamos diante da Psicopedagogia Escolar, estamos diante do contexto escolar vivenciado pelo educando. Podemos firmar uma intervenção nas demandas educacionais que se relaciona com os meios sociais, educativos e histórias de vivências por aqueles que se encontra em dificuldades. O psicopedagogo tem como principal foco proporcionar um entendimento e esclarecimento do fracasso escolar, desenvolver habilidades para o campo docente, sempre com a finalidade de estimular os educadores para uma formação continuada. Reforçando que esse trabalho somente será possível se houver um grupo com participação conjunta. Sendo importante enfatizar que o trabalho do psicopedagogo se alicerça juntamente com a escola e sua prática, sendo pautado em um trabalho preventivo.

Considerando o trabalho do psicopedagogo, com ênfase em sua atuação para o desenvolvimento social, pessoal e cognitivo do educando juntamente com a equipe pedagógica e docência da escola, as condições favoráveis para o processo ensino aprendizagem são maiores e o processo de fracasso escolar se ameniza. Sendo necessária a cooperação da equipe escolar para que ocorram os processos de mudanças e desenvolvimento.

2.2 A Intervenção Psicopedagógica nas Dificuldades de Aprendizagem

Para a compreensão do trabalho da Psicopedagogia no contexto Escolar exige-se uma posição do psicopedagogo frente às diversas situações conflituosas que se desenvolverá durante os processos de intervenções. Buscar um conhecimento sólido e uma teoria que juntamente com a prática estabelecerá uma aliança de confiança para o trabalho desenvolvido.

Sendo assim Weiss (2000), nós traz que para a prática psicopedagógica é importante que o profissional se envolva nos processos de ensino aprendizado com a consciência que esse trabalho somente será bem desenvolvido, quando o mesmo considerar o educando na sua totalidade. Podemos refletir que o sujeito desenvolve-se, modifica-se e evoluiu-se considerando seu meio social, sua formação cognitiva, pessoal e pedagógica, ou seja, sua relação mundo e pessoa. Quando buscamos refletir sobre a não aprendizagem traçamos objetivos relevantes que mostra a significância destes processos apontados como norteadores dos fracassos escolares. As dificuldades de aprendizagem se apresentam em conseqüências do mau funcionamento entre essas relações sociais, afetivas, cognitivas e pedagógicas daqueles que não conseguem aprender.

A Psicopedagogia é a favor da autonomia do sujeito, o mesmo deve ser possuidor da sua aprendizagem. Cabe ao educando se tornar conhecedor das práticas pedagógicas no qual esteja envolvido. Para isso, o trabalho do psicopedagogo se desenvolve através de técnicas que contribuem para uma transformação da realidade vivenciada do educando com desenvolvimento pessoal.

Segundo Barbosa (2000,p. 215), nas instituições escolares cabe ao psicopedagogo

[...] intervém a partir de ações que se caracterizem por uma atitude operativa, com objetivo de provocar no sujeito da aprendizagem a busca da operatividade, da resolução de um problema. Ele cria, mantém e fomenta a comunicação, para que os envolvidos possam desenvolver-se progressivamente, a ponto de poderem aproximar-se afetivamente da tarefa e realiza-la.

Jorge Visca (1987, s.p.), em sua teoria Epistemologia Convergente nós traz a seguinte reflexão,

[...] a atividade operativa do psicopedagogo tem como finalidade o movimento interno do sujeito da aprendizagem em direção à aprendizagem. Para isto, o psicopedagogo deve estabelecer, na configuração da sua ECRO (Esquema Conceitual Referencial Operativo) profissional, a capacidade de integrar a atitude operativa no seu modo de interagir com o mundo.

Para isso, devemos ressaltar que Weiss (1992), direciona a postura da Psicopedagogia na qual se deve voltar para além dos processos de ensino aprendizagem do educando. A posição psicopedagógica depara-se para além dos processos educacionais entre educando e educador.

2.3 O Psicopedagogo na Instituição Escolar

Ressaltando a importância do psicopedagogo na instituição escolar, deve-se refletir sobre suas intervenções significativas para o contexto educacional. Para além de um diagnóstico, que apresente a demanda inicial, necessita-se de um conhecimento teórico com práticas educativas que contribuem para a proposta de evolução do quadro do educando. A proposta da Psicopedagogia não está somente enfocada no educando, mas no contexto geral da instituição. As demandas levantadas durante o processo de ensino aprendizagem do educando somente se tornaram relevantes perante a atenção do psicopedagogo para o contexto geral escolar. As intervenções do psicopedagogo se iniciam geralmente com a queixa, que pode vim tanto da escola, da família ou do próprio educando. Através da queixa, começa o inicio do questionamento e das primeiras intervenções do psicopedagogo.

A abordagem inicial do processo psicopedagógico apresenta sua ênfase a partir do momento que o psicopedagogo consegue distinguir a verdadeira relevância da queixa inicial. Podemos frisar com isso, que a demanda inicial muitas às vezes não traz somente a queixa, mas vários contextos que envolvem o meio social do educando. Com isso é relevante apontarmos para a grande importância do psicopedagogo no contexto da dinâmica escolar. Pois a partir dessas significâncias que envolvem demanda social, queixa principal e os processos de desenvolvimento escolar do educando que o psicopedagogo iniciará suas intervenções.

Devendo com isso atentar os olhares para o contexto educacional do educando, pois é através do psicopedagogo que a escola conhecerá profundamente seu processo de ensino, que envolve tanto educando quanto educador. É no contexto das demandas apontadas durante o processo de diagnóstico escolar, durantes as queixas e durante as intervenções que ambos, tanto escola, educadores e educandos descobriram suas verdadeiras falhas e acertos. Com isso destaca-se a seguinte reflexão,

O psicopedagogo deve procurar acompanhar a tendência muito saudável de, como um dos elementos da equipe, impulsionar o trabalho cooperativo de professores e demais profissionais da escola, procurando contribuir para uma maior eficiência e coerência, participando com todos, por exemplo, do momento da definição do projeto pedagógico e da análise e discussão de situ- ações e casos especiais. Considera-se questionável a possibilidade de o psicopedagogo vir a se apresentar como o dono da verdade e portador de soluções prontas, desconsiderando as possibilidades de trabalho cooperativo com educadores em geral. (FINI et al., 1996, p. 71)

Sendo o papel desenvolvido pelo psicopedagogo de importância e relevância institucional e educacional, ao analisar os contextos de sua inserção, percebe-se que é através do mesmo que as análises são realizadas com precisão. Pois, a partir do momento que a demanda do educando se torna demanda escolar, cabe ao profissional da Psicopedagogia intervir clarificando os erros e apontamentos cometidos durante o processo de ensino aprendizagem. Erros ocorrem tanto do contexto escolar, quanto da demanda do educando, quanto da relação educador e educando, quanto dos processos de desenvolvimento e cognitivos.

As intervenções realizadas pelos profissionais da Psicopedagogia são diversas, sendo realizadas com foco na demanda ofertada, portanto se torna de grande relevância apontar para o agir preventivo. O processo preventivo é um dos principais focos que envolvem educadores, psicopedagogos e demais profissionais que trabalham em conjunto. Constitui através deste contexto que envolve outros profissionais destacar a necessidade de refletir e pensar em uma equipe pedagógica que esteja atenta aos princípios pedagógicos, as atitudes e habilidades do contexto escolar. Enfatizando que os processos de ensino sejam organizados para um melhor desenvolvimento do próprio profissional atuante, quanto do educando que recebe essa bagagem de informação e aprendizagem. Incluímos a importância dos profissionais em relação à participação curricular, proporcionando maior atenção para os objetivos educacionais, nos quais norteiam todo o contexto escolar durante os processos da educação. Além da participação de todos os profissionais da educação, a importância deste trabalho pedagógico está em unir o grupo escolar através de construções de conhecimento, quebras de paradigmas, além de priorizar o processo ensino aprendizagem do educando.

Os profissionais da Psicopedagogia têm em seu trabalho além das ferramentas de intervenções, uma atuação no campo terapêutico no contexto do ambiente escolar. Sendo através das atuações psicoterapêuticas na escola que o psicopedagogo consegue preparar com conhecimento a prática pedagógica de intervenção escolar entre educando e educador. Consegue manter uma relação de significado entre as demandas apresentadas em salas de aula, proporcionando um olhar individual ao educador perante a dificuldade apresentada. Enfatizando com o educador as possibilidades de intervenções. Diante das várias demandas ofertadas é através do processo psicoterapêutico no ambiente escolar que a prática do psicopedagogo se desenvolve para os diversos distúrbios de ensino aprendizagem. Além de proporcionar um trabalho que envolve pequenos grupos, onde o atendimento se torna ainda mais produtivo.

O trabalho do psicopedagogo não se pauta somente em intervenções e atendimentos educacionais para os educando. A proposta da Psicopedagogia vai além das perspectivas educacionais, atingindo tanto educando, educador, família, escola e demais profissionais.

2.4 A Contribuição da Psicopedagogia na relação Família e Escola

A Psicopedagogia demonstra a relação ensino aprendizagem através das relações sociais no qual envolve o indivíduo. A família é a primeira instituição social no qual o indivíduo é inserido e logo após, a escola vem desempenhar o segundo momento do papel social da vida de todo ser humano. Na família o sujeito estabelece suas primeiras percepções do mundo atual, é na família que o sujeito adquire suas primeiras impressões da realidade social no qual mais tarde passará a ser parte integrante de sua vida cotidiana. Como direitos e deveres. A família atua de forma ativa no desenvolvimento e nas habilidades sociais e cognitivas de todo e qualquer indivíduo. Sendo após essa primeira intervenção familiar que o sujeito atravessa nova fase para seu desenvolvimento. Agora a escola juntamente com a família assume a constituição dos processos de ensino aprendizagem, no qual o indivíduo traz consigo a bagagem do início do seu desenvolvimento que adquiriu no seu meio familiar. Quando o indivíduo passa por esse segundo momento, sua inserção no contexto escolar, suas raízes sociais e cotidianas são mantidas com o mesmo. É importante refletir sobre uma relação que começa se formar entre família e escola.

Durante o desenvolvimento do indivíduo muitos conhecimentos se apresentam perante aquilo que o indivíduo traz consigo, com aquilo que o mesmo consegue absorver no processo de desenvolvimento e aprendizagem, ou seja, como o indivíduo consegue produzir e internalizar seu aprendizado.

Para se pensar em uma patologia do não aprender, nesse momento de ensino aprendizagem o educando não deve ser responsabilizado sozinho pelas suas dificuldades. Deve-se olhar o contexto geral das suas dificuldades, podemos refletir além dos processos voltados para a educação, sendo possível voltar nossos olhares para a família, ou seja, qual sua verdadeira participação nesse momento. Para a escola, como a mesma tem participado para a aprendizagem deste educando. E para o próprio educando, como o mesmo relaciona esse momento de dificuldade.

A significação que a família representa para o educando é fonte de sua aprendizagem básica, é através da mesma que o educando começa sua construção de mundo, de realidade e até mesmo de fantasia. É no seio familiar que o individuo se estabelece, ou seja, se encontra. Nesse momento familiar o mesmo constrói e reconstroem suas habilidades cognitivas e suas afetividades, para mais tarde expor na sociedade sua construção. Podemos dizer que esse novo momento se contemplará na escola.

Podemos confirmar o que Jorge Visca (1991, p.25) propõe sobre a relação das crianças com seus membros familiares. O autor enfatiza que a criança no seu meio familiar se identifica com os membros da família. É através dessa identificação que a mesma vai se formando e se constituindo enquanto um ser de mudanças e desenvolvimento. A identificação acontece de maneira graduada, mas é através desse processo que a criança consegue constituir seu mundo.

É durante todo o desenvolvimento do sujeito em seu meio familiar que as relações sociais se constituem, é durante esse momento que valores são transmitidos, deveres são ensinados. Destacamos com isso, Macedo (apud OLIVEIRA; BOSSA, 1994, p. 187), que nós atenta para enfatizar a necessidade de se pensar na relação do contexto social durante o processo de desenvolvimento do indivíduo em meio a sua família. Com isso, quando falamos das necessidades do sujeito, das relações estabelecidas, da afetividade e do seu desenvolvimento em geral, estamos refletindo sobre aquilo que o sujeito adquiriu no seu contexto familiar e que retornará para a sociedade. É na família que o indivíduo encontra suas bases morais que futuramente transmitirá para a sociedade a qual pertence. Segundo Bassedas et al. ( 1996, p. 33 )

[...] cada família, como todo sistema, possui uma estrutura determinada que se organiza a partir das demandas, interações e comunicação que ocorrem em seu interior e com o exterior. Esta estrutura forma-se a partir das normas transacionais da família, que se repetem e informam sobre o modo, o momento e com quem devem relacionar-se cada um de seus membros.

Em meio à participação familiar e a escola, há de se refletir sobre as necessidades no qual o educando enfrentará em sua trajetória. Pode-se pensar com isso, no sintoma no qual transmitirá a sua realidade muitas vezes esquecida ou negligenciada. O sintoma comunica o obstáculo que o educando está enfrentando, ou seja, sua verdadeira dificuldade.

O problema da aprendizagem está muitas vezes ligado as relações sociais que o educando enfrenta no meio familiar. Podemos dizer que são comportamentos indesejados que o educando adquiriu, sendo caracterizado como o não cumprimento das funções sociais, no qual a sociedade espera que se cumpra. Destaca-se com isso, a necessidade da família junto com o educando participar integralmente desse obstáculo que o mesmo enfrenta.

Porém, muitas vezes a própria família não tem aceitação da realidade em que se encontra e passa a não aceitar as dificuldades de seu membro familiar. É nesse momento que se destaca a necessidade da escola junto com o psicopedagogo para uma intervenção que contribui tanto para família quanto para o educando.

Polity (2001, p. 28), refleti sobre essas questões:

[...] a dificuldade de aprendizagem pode ser concebida por uma condição bastante abrangente que pode apresentar um leque muito amplo de causas que manifestam-se na prática; também muito diversa na sua forma evolutiva, está intimamente relacionada com o sistema familiar, educacional e social no qual o sujeito está inserido.

Diante disso, devemos nos atentar profundamente para as causas e sintomas no qual o educando não consegue aprender. Procurando investigar com precisão seus motivos de dificuldades, percebendo a participação tanto da família, quanto da escola.

Com a certeza de que, o processo de ensino aprendizagem não se realiza sozinho, que as dificuldades não são partes integrantes apenas do educando. A família, a escola e o educando têm suas responsabilidades divididas.

Pensando assim, somente quando todos se unirem em uma mesma causa é que as dificuldades começaram a desaparecer.

2.5 O Diagnóstico Psicopedagógico na Instituição Escolar

O diagnóstico psicopedagógico traz a necessidade de refletir sobre as dificuldades do educando. É durante a intervenção psicopedagógica que se realiza o diagnóstico para que sejam traçados os objetivos futuros a serem concretizados. Através do diagnóstico o psicopedagogo conhece a realidade e a dificuldade do educando. Sendo possível através de uma intervenção diagnóstica buscar soluções para provocar mudanças.

Para que o diagnóstico cumpra sua verdadeira finalidade Barbosa, (2001, p. 135), esclarece que é através da intervenção diagnóstica que o psicopedagogo consegue um olhar, uma escuta diferenciada para os problemas enfrentados da dificuldade de aprendizagem do educando.

Através da elaboração, da construção, do trabalho organizado e bem planejado do diagnóstico que se consegue chegar à verdadeira dificuldade. As técnicas de avaliação diagnóstica facilitam nesse processo juntamente com as teorias científicas que contribuem para a fortificação do trabalho desenvolvido.

A provocação que Alicia Fernández (1990) traz, propõe pensarmos o trabalho do psicopedagogo aliado ao diagnóstico como uma função integrada, ou seja, entrelaçadas entre si. A autora sugere que pensamos a função do psicopedagogo e a função do diagnóstico, como uma rede, em que ambos trabalham em conjunto. Ou seja, é através do diagnóstico que o psicopedagogo terá com precisão quais intervenções e qual caminho seguirá para alcançar seus objetivos.

Para se confirmar o trabalho do diagnóstico aliado ao psicopedagogo Bossa (2007, p. 24), afirma que o diagnóstico tem sua função de investigar, buscar conhecer profundamente qual a realidade do problema apresentado. Através de uma investigação minuciosa dos detalhes apresentados do educando, da escola e da família que o papel do diagnóstico se concretiza. É através desta busca de pequenos fragmentos significativos que o diagnóstico irá se fundamentar. Essa busca constante diagnóstica permanece durante todo o processo de intervenção, fortalecendo os passos a serem seguidos durante o processo e confirmando a escuta psicopedagógica do psicopedagogo.

Sendo o diagnóstico psicopedagógico uma das principais ferramentas para identificar as dificuldades de aprendizagem, Weiss (2003, p. 32), explica que é função do diagnóstico contribuir para o esclarecimento dos obstáculos que o educando enfrenta no seu processo de aprendizagem. O papel do diagnóstico está em esclarecer quais os motivos pelos quais o educando não consegue aprender dentro do esperado pela nossa sociedade.

Através das reflexões apresentadas podemos identificar a verdadeira necessidade do diagnóstico psicopedagógico. É por meio desse processo de investigação que o psicopedagogo constitui suas bases para uma intervenção psicopedagógica sólida e precisa. Somente através do diagnóstico bem estruturado que as intervenções ganharam sentido para a busca do sintoma. O sintoma terá a função de transmitir as verdadeiras dificuldades encontradas na caminhada do educando. O psicopedagogo deve se atentar para a busca de encontrar o sintoma, que somente se desvendará com o envolvimento de um diagnóstico significativo. Juntamente com o diagnóstico deve se atentar para a importância da escuta e o olhar diferenciado que a Psicopedagogia oferece.

O sintoma vem como um alerta, para informar que alguma coisa não está correta, podendo identificar nos meios sociais do educando. Esse meio social pode ser a família, a escola ou o próprio educando. Percebendo a demanda da queixa, identificando a situação real do sintoma, o trabalho do psicopedagogo se inicia através da intervenção psicopedagógica.

Podemos assim afirmar, que o diagnóstico psicopedagógico tem grande significado no processo de intervenção, pois é através do mesmo que as necessidades são apresentadas, as intervenções são realizadas. Propondo ao final do processo a eliminação da queixa, proporcionando ao educando a continuação de sua aprendizagem com a certeza de um desenvolvimento amplamente significativo.

3 Conclusão

Através do presente trabalho foi possível compreender a verdadeira significância da função do psicopedagogo no contexto escolar. Percebe-se nas escritas deste artigo que o trabalho do psicopedagogo muitas vezes não esteve somente direcionado para o educando com dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia vai além das propostas educacionais, educando e educador. Seu olhar voltado para a educação chega também até a família. É a família que desenvolve o primeiro laço social do educando que futuramente se encontrará na escola para desenvolver suas habilidades sociais e cognitivas. Com isso, a Psicopedagogia vai se estabelecendo em meio à família e a escola.

Quando nos encontramos diante das dificuldades de aprendizagem a Psicopedagogia vem estabelecer que há uma necessidade de investigar essa dificuldade apresentada. Com um trabalho diagnóstico preciso, que considere vários aspectos como social, cognitivo, afetivo e o desenvolvimento físico, consideraremos as verdadeiras necessidades apresentadas pelo educando. Analisando sempre seu comportamento frente às dificuldades apresentadas, tanto no seu contexto familiar, escolar ou até mesmo fora da escola.

Percebe-se com isso uma verdadeira necessidade do trabalho do psicopedagogo em todo meio escolar. A Psicopedagogia não se restringe apenas para os processos de aprendizagem, toda a escola é parte formadora desse processo de desenvolvimento. Com as intervenções psicopedagógicas pode-se afirmar que os processos de aprendizagem acontecem de forma expressiva tanto para educando, educador e todos que contribuem para este trabalho.

Torna-se necessário refletir que a função do psicopedagogo está em considerar o sintoma no qual o educando, a escola ou a família traz. É a partir desse momento que se propõe uma intervenção significativa. Pautando-se em análises e intervenções diagnósticas. Com isso,quando necessário buscar um atendimento clínico que envolva o educando, os pais, os educadores e demais profissionais da escola.

Deve-se pensar na grande importância do trabalho psicopedagógico para os demais profissionais da escola, juntamente com uma intervenção conjunta sempre que necessário com a família.

Para finalizar, deve-se pensar que as dificuldades do educando se encontra com questões sociais que se estabelecem na família e na escola. Que todos por algum motivo têm suas parcelas de responsabilidade. Que a construção do conhecimento não se faz solitariamente, mas em conjunto, daquilo que já se tem com aquilo que irá aprender. E que não se consegue entender as dificuldades de aprendizagem sem antes compreender como esse educando aprende.

Sendo assim, a intervenção psicopedagógica terá como principal foco, atender a todos que de alguma forma se encontram no meio do problema. Pois, quando o problema é olhado sozinho, o educando se torna responsável pela sua dificuldade e a aprendizagem se torna cada vez mais inacessível para o mesmo. Mas, quando a família e a escola conseguem perceber que ambas tem seus componentes significativos, nesse momento que não é somente do educando, como também de todos que estão ao seu redor. Quando a família e a escola conseguem entender que somente através delas o educando conseguirá de uma forma satisfatória romper suas barreiras, é que a união entre todos, estabelecerá um crescimento evolutivo para o educando. Nesse momento o educando não se torna parte central do problema, mais uma parte dentre outras que a escola e a família fazem parte. Através desta junção, família, educando e escola que a Psicopedagogia intervém de maneira que o resultado final seja satisfatório para todos.

A Psicopedagogia enquanto campo de estudo e atuação, encontra-se capacitada para suprir as necessidades das demandas ofertadas tanto por educador, educando, família e escola no geral. É através da Psicopedagogia que novos olhares se formaram colocando sempre no centro das nossas atenções o ser humano, num processo contínuo de evolução e aprendizado.

Portanto, para ser possível pensar não mais em dificuldades e patologias relacionadas ao processo de aprendizagem, mas buscar entender de uma maneira singular as possíveis intervenções e possibilidades para uma aprendizagem que ofereça além do aprender. Esse papel a Psicopedagogia desenvolve, pois seus estudos, suas intervenções não se fundamentaram apenas no ensinar. Mas levar a aprendizagem de maneira prazerosa, para o além de apenas decorar, aprender, e esquecer. A proposta psicopedagógica é pensar numa aprendizagem que contribua de uma forma que a passagem no contexto escolar não seja apenas uma etapa a ser vivida por um momento, mas uma etapa que seja vivida eternamente. Que a aprendizagem seja eternamente enraizada na vida dos educandos.

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Luciana Pereira Braga
Enviado por Luciana Pereira Braga em 01/08/2017
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