ABORDANDO AS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NO ENSINO MÉDIO: integrando os assuntos para melhor compreensão do aluno

ABORDANDO AS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NO ENSINO MÉDIO

Integrando os assuntos em sala de aula para melhor compreensão do aluno.

Acadêmica: Amanda Modesto dos Santos

Professor: Manuel Henrique Carreira Morais

Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI

Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas (BID 0317) – Estágio III

06/12/2016.

RESUMO

O presente artigo trata sobre a defesa de uma abordagem do ensino de ciências biológicas mais integrada aos alunos, com ênfase no ensino médio, onde se considera a preparação para o curso de nível superior. A abordagem integrativa pode fazer a diferença no ensino/aprendizagem, podendo despertar a curiosidade do aluno, o tirando da” monotomia” do saber. Autores defendem que a integratividade e a interdisciplinaridade são capazes de construir uma base sólida na educação dos alunos, de modo que ao unir alguns temas pode criar-se uma nova perspectiva de aprendizagem em sala, facilitando seu ensino. A aplicação de métodos diferenciados em sala de aula também pode gerar mais confiabilidade de ensino aos discentes, tais como vídeos e figuras reais sobre anatomia e fisiologia dos órgãos, debates sobre doenças e imagens de órgãos doentes e modo de tratamentos. Estas técnicas são muito comuns em universidades e algumas poucas escolas de ensino básico. Os resultados obtidos com esta técnica no ensino fundamental e médio são positivos quando aplicados.

Palavras-chave: Abordagem integrativa. Interdisciplinaridade. Técnicas.

1 INTRODUÇÃO

Tratar sobre o ensino de ciências biológicas nos diferentes níveis de educação é de suma importância para a construção do saber, derrubando barreiras que hajam entre professor/aluno e aluno/aprendizagem. Conforme o PCNEM (2007) e Krasilchik (2000) os alunos nos anos finais do ensino básico estão desenvolvendo uma visão crítica que, deve ser trabalhada em sala de aula, instigando a curiosidade e desenvolvendo suas habilidades. O ensino de ciências pode e deve ser trabalhado com interdisciplinaridade envolvendo questões físicas, químicas e até mesmo sociais que envolvam os indivíduos e a aprendizagem.

No final do ensino básico o aluno deve estar preparado para desenvolver o conhecimento científico e tecnológico, onde o “objetivo educacional geral de se desenvolver a curiosidade e o gosto de aprender, praticando efetivamente o questionamento e a investigação, pode ser promovido num programa de aprendizado escolar” (PCNEM, 2007), onde o professor e sua metodologia de ensino é parte integrante.

A partir da metologia utilizada durante o período do estágio foi possível integrar assuntos hormonais ao sistema urinário e fatores que causam doenças do sistema urinário, podendo interferir inclusive na gestação, ocasionando parto prematuro.

Durante a realização do estágio foi possível observar a didática dos professores de ciências biológicas e pontuar algumas dificuldades dos alunos em desenvolver atividades. Criando desta forma um método difrente utilizado pelos dois docentes para chamar a atenção dos alunos. Foram empregadas cinco horas apenas para a observação e coleta de dados e as demais para análise das turmas e docência que seram descritas a diante.

Inicialmente serão abordadas a escolha da área de concentração e fundamentação teórica, em seguida a vivência do estágio e suas impressões.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O projeto de estágio e planos de aula construídos foram inseridos na metodologia de ensino e aprendizagem de ciências, dando enfoque a integração de assuntos em sala de aula, alcançando desta forma uma compreensão melhorada entre os discentes. Pois a “integração refere-se ao aspecto formal da interdisclinaridade, ou seja, à questão de organização das disciplinas num programa de estudos” (FAZENDA, 2012, p. 9) e sua abordagem é imprescindível, porém, não pode se tornar um “sistema engessado” onde apenas o professor é o “dono da verdade” em sala de aula e, de acordo com Fazenda (2012) deve haver um sistema integrador onde os alunos também possam discutir assuntos diversificados. Onde, Feitosa e Dias (2015) afirmam “ [...] que a edificação interdisciplinar conclama ao engajamento de educadores na busca de soluções para os problemas relacionados ao ensino e à pesquisa educacional.”, reforçando a questão de importância ao unir temas em sala de aula, tornando o ensino mais consistente.

De modo geral foi o que ocorreu durante questões discutidas em sala, tais como as doenças do sistema urinário e seus fatores geradores. Ao tratar sobre questões de anatomia e fisiologia dos rins acompanhada pelos alunos no livro SAS (Sistema Ari de Sá) e com autores citados no projeto, os discentes puderam experimentar uma metodologia que fugia do modelo tradicional seguido pela escola, pelo fato de que puderam observar e aprender mais sobre as patologias reservadas ao trato urinário.

Desta forma, assuntos considerados como fatores provocadores destas decorrências está a ingestão de álcool e outras drogas, onde de acordo com Anjos, Santos e Almeida (2012) a relação dos jovens com a bebida está ligada em muitos outros fatores degradantes, contestadas em pesquisas realizadas no âmbito escolar, onde diz também que a família e a escola tem o papel principal na formação de conscientização destes alunos. Já em outras patologias que acometem o sistema urinário, são amplas as formas de estudo que vão desde sua fisiologia até etapas dos tratamentos, onde o que se percebe é que ao se chegar em um momento crítico na evolução da doença, o tratamento quase sempre é a hemodiálise e em estados mais críticos o transplante de rim (BARROS; et al, 2006).

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

O estágio foi realizado na instituição Sociedade Civil Madre Celeste, localizada no Conjunto Cidade Nova VIII, no bairro do Coqueiro, em Ananindeua-Pa. A escola funciona no ensino básico apenas no período matutino compreendendo desde as séries iniciais até o ensino médio e vestibular (convênio), oferecedendo aos mil cento e oito alunos, salas reformadas e climatizadas, com iluminação de qualidade, quadro magnético e digital, dispondo de biblioteca com acervo de mil novencentos e oitenta e nove livros, todos bem conservados ao dispor do aluno, assim também como sala de cinema (para filmes educativos), três laboratórios de ciências/biologia, seis laboratórios de informática, um laboratório de línguas (usado para aulas de línguas estrangeiras inglês e espanhol), enfermaria, ginásio poliesportivo, piscina, academia e área de recreação, cantina com refeitório (os lanches e refeições são comprados na escola, mas há aluno que traz de sua casa), elevador e rampa. Há seis banheiros que atendem os alunos da educação básica, sendo dois banheiros para educação infantil (bloco A), dois banheiros para ensino fundamental I e II (bloco B) e mais dois banheiros que atendem os alunos de ensino médio no bloco C.

Os alunos adquirem os livros didáticos a cada trimestre (são comprados), uma parceria do Madre Celeste com o Sistema Ari de Sá (SAS) fornecem material de qualidade para a prendizagem, onde os simulados ocorrem a cada três meses através da plataforma digital do SAS e, a partir do desempenho das turmas nestes simulados, os professores são avaliados quanto aos métodos utilizados e suas abordagens. A entrada dos alunos pela portaria conta com a presença de quatro catracas com leitura digital para o registro de horário da entrada e saída do aluno. A escola comporta no momento 1.008 (hum mil e oito) alunos. Sendo, cento e dezoito alunos na educação infantil, duzentos e oitenta alunos no ensino fundamental I, trezentos e sessenta alunos no ensino fundamental II e duzentos e cinquenta alunos no ensino médio, sendo divididos em vinte e cinco salas e aula. No ensino médio há vinte professores, sendo três destes de ciências biológicas. O corpo docente é composto de profissionais que possuem pós-graduação (uma exigência da instituição), para que o ensino tenha qualidade e fazem seus planejamentos diários, definindo o quê e como irão abordar. São pontuais em suas aulas e dividem seu horário em sala de aula para expôr o assunto a ser tratado, o discutir e realizar as atividades, podendo o aluno, às vezes pelo tempo curto, trazer o exercício resolvido no próximo encontro.

Mesmo conforme este padrão “perfeito”, foi possível perceber que alguns alunos ainda tinham dúvidas referente aos assuntos e após observações foi obtida uma conclusão na qual eles estavam vendo quase que os mesmos assuntos das séries anteriores, pois, não havia uma diferenciação/integração que fosse capaz de despertar a curiosidade dos discentes. Deste modo, foi pensada em uma aula que integrasse os assuntos considerados destaque pela maioria dos adolescentes do ensino médio que são: relações sexuais (integrando sobre o parto prematuro decorrente de infeções urinárias e o uso de preservativo), assim como a ingestão de bebida alcóolica (integrando sobre a inibição do hormônio anti-diurético e seus efeitos), unindo-se a questão principal que compreende as doenças do sistema urinário. Foi usado na elaboração dos slides imagens reais e vídeos de anatomia de órgãos doentes e normais (para melhor comparação). Este apanhado de informações aguçou a curiosidade, fazendo com que os alunos ganhassem mais interesse, formando um pensamento voltado a criticidade e conscientização no modo de vida em que suas famílias levam. Pequenos debates e atividades foram realizados em sala sobre a importância da saúde renal e hábitos mais saudáveis, como por exemplo, ingerir mais líquidos (água) durante o dia. O professor regente que acompanhava a aula gostou do modo em que os alunos se interessaram e se identificaram com o assunto e posteriormente comentou sobre seus discentes estarem levando garrafas com água para dentro de sala de água, preocupados com as patologias associadas ao sistema urinário.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (considerações finais – trazer autores pra discussão)

Durante o período de aplicação do assunto, os alunos voltaram um pouco mais a atenção sobre o discorrido em sala, observando a didática aplicada através de vídeos reais sobre anatomia e algumas imagens reais de órgãos do sistema urinário. Após esta primeira fase, as discussões sobre as doenças renais e outras patologias causadas como no caso da prematuridade na gestação pela irritabilidade da bexiga/infecção urinária (incluindo o hormônio progesterona) e quadros patológicos causados pela ingestão de álcool que é inibidor do hormônio ADH, foi possível criar uma temática ainda não observada pelos alunos, capaz de “quebrar” a tradicionalidade do modelo engessado mantido na instituição pelo corpo docente (fato não bem aceito em discussões na sala reservada aos professores, pois os mesmos disseram que os alunos iriam “perturbá-los” para que houvessem mais aulas neste modelo). Através do ocorrido, pode-se concordar com o que fala os autores Fazenda (2012) e Feitosa e Dias (2015), que defendem a integração dos assuntos e de metodologias em sala de aula, de forma a quebrar esta abordagem monótoma usada por alguns docentes.

Apesar de haver a presença alguns alunos que não se interessaram pela metodologia aplicada e ao ser indagados afirmaram que não se importam com o assunto pelo fato de não gostarem da disciplina, mas assistiram a aula e participaram das atividades e debates desenvolvidos. A maior parte dos alunos acharam “legal” e interessante a abordagem do simples assunto já visto no ensino fundamental. De modo que foram realizadas diversas perguntas com enfoque nas doenças (o que mais atraiu a atenção) como: Por que ocorrem estas doenças?; Toda mulher grávida tem infecção urinária?; Meu amigo que bebia muita cerveja entrou em coma alcóolico e passou sete dias internado, tem haver com isso?; Quando o rim fica preto e todo “pipocadinho” ele ta podre? ainda tem chance do cara sobreviver?. Enfim, muitas outras questões acabaram fazendo parte da aula e enriquecendo o conteúdo, sem deixar o enfoque principal da aula.

Os objetivos traçados no início da aula foram alcançados, pois os alunos atentaram para a questão do cuidado e prevenção as doenças renais, formando um pensamento mais consistente e crítico nas questões do controle da ingestão de álcool e do modo de vida em que eles e seus familiares e amigos obtem. Do mesmo modo em que após a aula a maioria pediu para descer até a cantina da escala para comprarem água e outros para irem ao mictório, tendo receio de contrair algumas das doenças abordadas. Dias depois, o professor regente entrou em contato para informar que grande parte dos alunos, na maioria as meninas, estavam levando garrafinhas com água para dentro de sala de aula.

Por fim, foi obtido o resultado dentro do que se aguardava com os alunos, porém, há a necessidade de quebrar esta padronização criada no ensino, onde parte das professores que não procuram e/ou não aceitam uma atualização continuam seguindo. O fato de ter “preguiça” de modificar algumas abordagens e slides só pelo fato de há tempos estarem prontos e de que os alunos nunca terem reclamado é absurdo, pois o que o corpo docente deve levar em consideração é a melhoria do ensino e sua integração para que haja o amadurecimento do corpo discente.

REFERÊNCIAS

ANJOS, Karla Ferraz dos; SANTOS, Vanessa Cruz; ALMEIDA, Oberial da Silva. Caracterização do consumo de álcool entre estudantes do ensino médio. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 36, n. 02, 2012. ISSN 2318-2660. Disponível em: http://inseer.ibict.br/rbsp/index.php/rbsp/article/view/468. Acesso em: 25 de Nov. 2016.

BARROS, Elvino; et al. Nefrologia: rotinas, diagnósticos e tratamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BRASIL, 2010. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 30 Nov. 2016.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia?. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2002. ISBN 85-15-00506-9.

FEITOSA, Raphael Alves; DIAS, Ana Maria Iorio. Interdisciplinaridade no curso de licenciatura em ciências biológicas: um estudo curricular. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 8, n. 16, Mai./Ago. 2015. ISSN 1983-6597. Disponível em: http://seer.ufs.br/index.php/revtee/article/view/3979. Acesso em: 23 de Nov. 2016.

KRASILCHIK, Myrian. Reformas e realidade: o caso do ensino de ciências. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 01, Jan./Mar. 2000. ISSN 0102-8839. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392000000100010&script=sci_arttext&tlng=es. Acesso em: 23 de Nov. 2016.