Breve análise da Proposta Curricular do Estado de São Paulo
Profª Luzineti Aparecida Nunes Espinha
A Proposta Curricular do Estado de São Paulo vem causado grandes polêmicas, desde as discussões iniciais de sua implantação até seus resultados atuais na sala de aula. Sem querer apimentar, não se pode esquecer os erros conceituais graves que estiveram presentes nos cadernos dirigidos aos professores e alunos, o que resultou na emissão de erratas e no recolhimento de exemplares junto às escolas. Mas a mais polêmica pode ser a definição de um currículo único para a escola, que fere a autonomia do professor, assim como da comunidade que congrega diversidades e multiculturalismos, tornando-a descontextualizada.
A questão do papel do currículo, no ensino de língua portuguesa, onde eu me sinto mais a vontade para opinar, ao situá-lo dentro das tramas sociológicas do contexto do império da indústria cultural, (a recomendada) tão crucial para a manutenção das exigências no tocante educação e capitalismo, e, por conseguinte, às finalidades do ensino da língua materna, conseguimos perceber o quanto a proposta pode tolher, de fato, a criatividade e autonomia de educadores e educandos no processo educativo. Sem descartar os argumentos, aqueles então apresentados de que: a Secretária de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, encontrou um quadro caótico quando tomou posse do cargo em 2007. Cada escola ensinava o que queria sem um plano de aula, de ensino ou qualquer projeto pedagógico. Gonçalves (2009, s/p) diz Segundo ele: “A rede de escolas encontrada pela Secretária constitui um todo caótico onde geralmente alunos não estudam ou não conseguem estudar, (o currículo não alterou em nada essa condição), professores não ensinam ou não conseguem ensinar, [...]” (GONÇALVES, 2009, s/p). Em outras palavras, um quadro de total desorganização. O fato é: contra o caos, o docente nunca foi ouvido e, para que se deixe essa condição, por meio do currículo, o corpo docente, que tem contato constante com a PC, não foi consultado quanto à elaboração do material.
Desde a adoção desse instrumento, para as escolas públicas, pouca coisa mudou. Muitas foram as tentativas de incrementar, de alguma forma, o ensino da língua materna. Propostas surgiram e, como toda nova ideia, sempre houve o grupo dos que apoiam e o grupo daqueles que não são a favor. Mas ninguém tira o mérito da tentativa em prol do ensino nas escolas regulares, uma proposta curricular que visa unificar, não fosse a nossa desigualdade social, o ensino no Estado. Assim, um aluno que se mude de uma, para qualquer outra cidade do território paulista, por exemplo, encontrará sua nova classe estudando o mesmo conteúdo. Com essa nova proposta o professor recebe o conteúdo a ser ensinado e cadernos com sugestões de como trabalhar esse material em sala de aula. Com esse recurso seria possível evitar que os alunos ficassem, o ano todo, “parados” em um mesmo assunto, como por exemplo, estudando os clássicos “elementos da narrativa”; reiterando: não fosse nossa desigualdade social, tanto daqueles que aprendem ensinando, quanto dos que ensinam aprendendo. E viva Paulo Freire que tentou, mas só foi ouvido quando se calou.
Portanto a proposta curricular equilibra-se no maniqueísmo do que é pluricultural no sujeito, o que é dele, trazido, herdado e o que é imposto a ele pela sociedade vigente, que é praticamente imersa em tecnologias da informação, essa que sucateou a energia que formava e desenvolvia a capacidade do sujeito de pensar, decidir, escolher. No seu lugar ficou uma formação baseada neste imediatismo corroborada com o fomento da semiformação dos estudantes e professores aumentando ainda mais nossa desigualdade histórica, social, cultural, intelectual ...
Bibliografia
http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/312.pdf
http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/43/Files/CHST.pdf
http://publicacoes.fatea.br/index.php/janus/article/viewFile/904/688