Da Diáspora Identidades e Mediações Culturais.

Stuart Hall 1932-2014.

Tese defendida pelo autor as transformações profundas nas sociedades provocaram uma grande crise de identidade, sobretudo, na pós-modernidade.

O homem pós-moderno fragmentou-se, não existe mais consciência logocêntrica, a respeito do homem e do mundo, tal é a nova realidade política econômica e epistemológica, múltiplas interpretações subjetivadas, desse modo, funciona o mundo acadêmico.

O mundo pós moderno, em que determinou uma nova consciência, entendida como pós verdade, não há mais uma verdade objetiva identificada com algum modelo social político.

Autor refere a três momentos do sujeito cognitivo, a construção do sujeito iluminista, o sujeito sociológico e por último o sujeito pós moderno.

Uma análise em cada um dos tempos históricos, o sujeito era logocêntrico, tinha racionalidade fixa, determinando as relações sociais ao indivíduo em particular, o que perdurou um bom período histórico.

Com afirmação da Revolução Industrial e o nascimento do liberalismo econômico, surgiu o novo sujeito determinando a consciência sociológica.

Um sujeito complexo, sua identidade é percebida na interação com o outro, a identidade cultural determinava-se por meio da interligação do interior com exterior.

Entretanto, com a evolução do desenvolvimento industrial, a passagem do liberalismo econômico, para o modelo neoliberal, surge uma nova crise de identidade.

Portanto, nesse momento histórico, o sujeito perde sua identidade anterior, assumindo identidades diferentes e conflitivas, entendidas por modernidade tardia ou pós-contemporaneidade, o mundo da pós-verdade.

Portanto, a não existência de uma verdade, complexidades de subjetividades ideológicas, porém razões instrumentalizadas.

Com efeito, o novo tempo histórico, produto do neoliberalismo e da globalização, fenômeno estudado pela filosofia e a sociologia.

Na modernidade tardia a mudança assume caráter ainda mais específico conhecido como globalização que produz impacto na identidade.

A superação das velhas identidades, do mesmo modo das antigas instituições, consideradas tradicionais e não mais úteis ao novo momento histórico.

A ideia central do autor que as descontinuidades de identidades, constantes fragmentações e rupturas, as diversidades ideológicas, a nova sociedade não é mais determinada por um único centro de poder, todavia, por diversidades e complexidades de poderes. Portanto, o que de algum modo refletia Foucault.

Até então o pensamento era organizado obedecendo um todo logocêntrico organicista iluminista evolutivo, não totalmente instrumentalizado e mecanizado, a natureza do novo sujeito da cognição.

Com efeito, o que ele chama de sociedades tardias ou pós-modernas, o que denomino de pós-contemporaneidade, determinadas por diversas visões, antagônicas e ideologizadas, formando as diferentes identidades conflitivas.

Entretanto, essas sociedades não se desintegram totalmente, articulam em seus conflitos, preservando a estrutura social aberta, produzindo conflitos intermitentes, tal é a nova natureza política e social do novo tempo.

A premissa central do livro, o homem moderno como sujeito histórico, muda constantemente em decorrência de múltiplos fatores, podendo modificar ou até mesmo morrer em relação as concepções anteriores.

Tudo que se pode afirmar a modernidade ou pós-modernidade fez surgir um novo sujeito histórico, essencialmente individualista em relação as identidades velhas. Vive se um novo momento da organização política do Estado, fundamentado no neoliberalismo.

Desse modo, pode se afirmar que o mundo pós-moderno o sujeito é completamente diferente, da sua anterioridade até então quando tinha estrutura cognitiva estável. Portanto, do período renascentista a pós modernidade até o sujeito ser entendido como cognição da pós-verdade.

Estamos vivendo a mais profunda ruptura com os sujeitos das eras referidas. O novo sujeito produto da Revolução Científica, capaz de construir seus conhecimentos, sendo que o novo iluminismo consolidou o homem com seu pensamento racional individual.

A revolução cognitiva de Descartes a Foucault, passando por diversidades de filósofos e linhas racionalistas. Com efeito, nasceu o sujeito diverso e complexo, na superação da velha modernidade, surgiram novos modos de construir o pensamento.

Com a introdução da ideologia neoliberal, o novo sujeito não é mais social, entretanto, individual, não atende mais os interesses do Estado, da nação, as grandes massas são instrumentos de manobras, usadas no atendimento dos interesses do novo sujeito histórico, a burguesia financeira.

No entanto, na compreensão da cognição como indivíduo, algumas ciências ajudaram muito como a teoria clássica da evolução de Darwin, a psicanálise de Freud e Lacan, a filosofia de Foucault e a sociologia neomarxista.

Porém, apenas no século XX quando o indivíduo surgiu como figura isolada, sozinha perdida ao meio da multidão. Portanto, quando aparece o novo homem degradado e deslocado, completamente desorientado, o novo sujeito histórico.

Hall desenvolve sua análise fazendo referência a alguns pensadores, Marx o homem não pode ser entendido socialmente como produto da sua individualidade, pois não é desse modo, sua produção econômica. Sendo assim a cognição teria que superar os determinantes históricos.

Althusser apesar de marxista, refletiu dizendo Marx não entendeu a ideia abstrata do que é o homem, o que veria ser a essência humana.

O que é próprio do sujeito em particular, a estrutura da memória determina o ser, apesar de ser histórico, não consegue ter uma cognição consciente.

Freud pelo caminho da psicanálise os desejos formam por meios de mecanismo psíquicos que não possuem logicas racionais. Sendo assim, a desmistificação do sujeito racional.

Desse modo destrói o sujeito como portador de uma identidade fixa. O homem não tem consciência da própria identidade.

Lacan a cognição é construída em relação as diversidades, não existindo o princípio do inatismo, o sujeito desde criança internaliza o exterior determinado como complexidade.

Desse modo, a identidade é construída e associada aos interesses do indivíduo, entretanto esse mecanismo como imaginou Freud é inconsciente, entretanto, como pensou Marx, produto do momento histórico. O homem não sabe lidar com a própria memória.

Fundamental levar em conta o estruturalismo do linguista Saussure, o homem é produto da fala, sendo que ao mesmo tempo somos produtos e autores da linguagem. Desse modo, o homem não tem controle a respeito da linguagem produzida. Como disciplinar a memória fora do valores ideológicos.

Foucault o poder como mecanismo disciplinar do indivíduo, fruto do liberalismo, vigiar, regular e punir, para tais situações o Estado cria suas instituições. Portanto, o Estado tem como finalidade o controle social, seus instrumentos, prisões, hospitais, escolas, e o poder judiciário entre outras.

Objetivo do Estado, produzir um corpo dócil de maneira que a vida, as atividades, o trabalho, a felicidade e a infelicidade do indivíduo seus prazeres sexuais, estejam sob controle dos especialistas, dos regimes administrativos e pelas próprias ciências sociais.

Coloca também o movimento feminista, pois questiona a distinção entre o público e o privado, o papel da mulher na sociedade de classe, a questão do trabalho doméstico.

Em síntese para Hall a nação não é apenas uma identidade política, entretanto, composta de representações culturais, expressadas por simbolismos, as pessoas participam da nação por meio da cultura nacional representada em suas diversidades.

Entretanto, onde ocorre a identidade cultural entre as comunidades com formatos de tribos, entretanto, interagem com a cultura complexa nacional e globalmente.

Onde está a unificação da cultura nacional, na linguagem, através da mesma o indivíduo é alfabetizado, a transmissão de culturas diversas, que dão sentidos as identidades pessoais.

Exatamente as significações que dão sentido ao indivíduo, entretanto, difícil a identificação de uma cultural genuinamente nacional dado as diversidades de identificações.

Hall escolhe três aspectos que considera importante a respeito de uma identidade nacional. A narrativa de uma nação, a literatura contada expressa oralmente, a imagem da nação. As narrativas conectam com representações cotidianas.

Um segundo aspecto, a tradição na temporalidade, os elementos da nacionalidade, o que permanece especifico de uma nação.

O terceiro fundamento as práticas inventadas, uma série de novos valores e práticas inculcadas na cultura.

Nação refere a um Estado, sendo que algumas culturas subjugam a outras, estabelecendo hegemonia cultural.

Refere a globalização, como um fenômeno global interligando povos e modificando a relação cultural temporal, destruindo identidades nacionais, esse é o novo mecanismos do neoliberalismo como dominação econômica das pessoas, na produção da cognição individualizada.

Em decorrência da globalização, está acontecendo uma espécie de eliminação da identidade nacional, em lugar, identificações globais em substancialidade com os interesses neoliberais.

O novo sujeito passa identificar com as novas identidades, sendo a principal delas o individualismo, o sujeito está perdendo valores tradicionais, como solidariedade, justiça, igualdade de direitos, conquista do Estado Moderno de Direito.

A globalização está levando a hegemonização do novo sujeito, do ponto de vista de sua cognição individualista, em comum acordo com a filosofia neoliberal, esse é o novo sujeito que deve ser entendido, para efetivar qualquer desejo de mudança.

Entretanto, para Hall apesar do novo sujeito histórico, o individualismo, nas relações culturais, existe certo hibridismo, como fusões distintas de tradições diversas na produção de novas concepções culturais.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 10/05/2017
Reeditado em 11/05/2017
Código do texto: T5994880
Classificação de conteúdo: seguro