Claro Enigma Fuvest: uma explicação literária da obra de Carlos Drummond de Andrade.
Primeira metade do século XX, ano de 1951, quando o poeta publica 41 poemas da obra em referência.
Tem como substrato, as angústias do homem contemporâneo, sem perspectiva política, histórica, diante da nova realidade mundial.
Não mais o homem como resultado das transformações sociais da primeira metade do século XX.
Portanto, contrariamente, a sua poesia anterior de caráter social, nesse novo momento histórico desenvolve sua morfologia, essencialmente pessimista.
Retrata o vazio da vida do homem, o futuro sem perspectiva, ausência de significação, o absurdo do mundo.
O poeta está triste, amargo, do mesmo modo em que é a vida. Com efeito, como é a realidade, seus poemas são reflexivos, procura escrever a respeito da condição humana, a nova realidade política, fruto do nazismo.
Já não existe mais o Drummond da geração modernista da década de 1930, comprometido com as questões sociais, como foi escrito em seu trabalho anterior: O Sentimento do Mundo em 1940.
Em 1951, o poeta está introspectivo e filosófico, não como fora em 1940, social e político.
Em 1950 quando efetivou a criação dos poemas da obra Claro Enigma, o desenvolvimento da Guerra Fria, ameaça da bomba atômica.
O mundo dividido em dois caminhos, o capitalismo americano que desencadeou posteriormente, no neoliberalismo, desenvolvimento econômico sem a renda distribuída, Estados Unidos e seus aliados.
Por outro lado, a União Soviética, economia planificada, com todas as formas de opressão, um mundo sem liberdade, ideal sonhado por Carlos Drummond.
Havia necessidade de optar por um dos regimes, o que Carlos não desejar fazer, perplexo e profundamente pessimista, angustiado diante da opressão, o mais absoluto esmagamento do ser, pessoas massacradas por ideologias impositivas.
Carlos Drummond abandona a vontade de encontrar solução para o mundo, pelo contrário, acha que não existe nem mesmo futuro.
Então não há esperança, sem a solidariedade das pessoas a vida social e política, características anteriores, passa vigorar em sua intimidade a melancolia, a mais profunda tristeza.
Desse modo, não acredita mais na politização do homem, a sua poesia passa ser o desencanto em relação ao homem e a vida social política, um mundo sem direção, sem esperança.
Sendo assim, o mundo histórico, concreto, é abandonado em nome de um novo universo, metafísico filosoficamente.
Mergulha na própria intimidade do ser, exclui o mundo externo a realidade próxima, marcada pela incerteza, sem futuro o mundo político.
Nesse contexto que Drummond formula seu novo projeto literário, procura entender a angústia humana, diante da falta de sentido para existência do homem.
Não há sentido para o mundo, a história não tem saída, nesse indicativo a sua poesia perde o caráter de transformação social.
O segundo momento literário, retrata o indivíduo melancólico, desiludido, vivendo em um mundo cuja existência não tem finalidade, como atestam seus poemas escritos nesse tempo histórico.
Edjar Dias de Vasconcelos.