Analfabetismo Funcional

ANALFABETISMO FUNCIONAL

Jorge Linhaça

Se existe algo que me incomoda profundamente é a incapacidade/falta de vontade/cumplicidade que fazem com que o Ministério Público Paulista, sempre ávido em abrir ações contra A ou B, em coisas que são mais caso de polícia como a questão das torcidas organizadas, se cale e finja de morto contra o gigantesco crime de que nosso jovens são vítimas há quase três décadas, desde os tempos de Mário Covas até os dias de Alckiminn.

A meu ver não existe crime de Lesa Pátria maior do que o perpetrado por esses senhores e seus asseclas , ou seja , a destruição da educação e da formação do senso crítico em nossa juventude. O nefasto sistema do “frequentou, passou” imposto desde os tempos de Covas e aperfeiçoado por Alckiminn ( sei lá se é assim que se escreve e não me importa) e Serra vem criando gerações inteiras de jovens desprovidos da capacidade pensar por si mesmos, de compreender um texto de poucas linhas e cada vez mais adeptos do cada um com seu umbigo.

Não estão sendo criados apenas analfabetos no sentido da leitura, fomenta-se a massificação dos analfabetos emocionais, dos “Maria vai com as outras”, nos quais o sentimento de manada é o único modo de sentir aceitável.

Basta percorrer as redes sociais e ver os discursos de puro ódio contra quem é mais rico, quem é mais pobre, quem torce para outro time, quem é de outro estado...e por aí vai.

Não estou dizendo que é responsabilidade direta do professor suprir as carências educacionais dos pais, no que diz respeito à educação familiar, no entanto é responsabilidade do Estado, em todas as suas dimensões ( Municipal, Estadual ou Nacional), propiciar aos alunos a oportunidade de aprender com seus erros, mesmo que seja obrigando-os a refazer os estudos. É responsabilidade do Governador do estado facultar aos alunos da rede pública a oportunidade de ter contato com disciplinas como Filosofia, Sociologia, Psicologia, OSPB e quaisquer outras que lhes permitam desenvolver seu senso crítico.

A escola não pode se curvar ao papel de mera distribuidora de certificados de conclusão a quem vai lá sem o menor interesse em aprender.

Os professores não podem ser reféns de uma prática educativa alijada de qualquer responsabilidade com a formação do cidadão. Mesmo que isso lhes renda um abono anual baseado apenas nos índices de aprovação e não na formação do indivíduo.

Criar uma multidão de analfabetos funcionais é a melhor maneira de se perpetuar no poder e, apenas por isso é que o mesmo partido governa este estado há quase três décadas.

Nenhum outro estado neste país sofre desse câncer do perpetuísmo partidário.

A conivência do MP com esses desmandos (e outros) é algo que , para além de causar estranheza, permite-nos dar asas à imaginação para tentar desvendar as causa de tamanha indiferença para com o povo.

Afinal, para que serve o judiciário se não cumpre seu papel de fiscalizar o governo?

Ou será que os ilustres senhores do MP estão ocupados demais mantendo seus filhos e netos em escolas particulares de alto padrão?

Houve um tempo em que escola pública era sinônimo de qualidade, depois veio a ditadura e a educação passou a ser apenas ufanista, voltada para elegias aos militares...as escolas particulares, de absoluta má fama nessa época começaram a crescer a partir daí.

Depois da anistia acreditamos que a educação pública poderia retomar o seu bom caminho...grande ilusão...os currais eleitorais estavam prestes a ser montados...e nosso jovens foram sendo guiados geração após geração direto para o matadouro, como naquela música:

EEEEEÔÔ vida de gado….povo marcado ê...povo feliz.