Homenagem a Camus.
Camus, Camus, de onde viestes.
O que desejastes.
A sombra das recordações.
Melhor que o mundo seja exatamente da forma que é.
Sem lógica, sem sentido.
O mundo não poderia ser de outro modo.
Simplesmente absurdo.
A solidão da própria procura.
Para dizer loucura.
O instante aqui é a retrospeção.
Uma espécie de tempo perdido, esquecido.
Tão perto do passado.
Distante do futuro.
Camus, o mito descrito pela vossa sabedoria.
O anti fundamento da condição humana.
Não existe significação.
O que há mesmo é a vontade do desejo da interpretação.
A verdade compõe-se de ideologias representadas.
A vontade de estarmos certos.
Porém, nada disso é real.
A única realidade possível à significação dos sonhos.
O mundo não permite nenhuma esperança.
O silêncio perdido em ideias prescritivas.
O homem de algum modo eternamente incompreensível.
A ausência de qualquer finalidade.
O que existe na mente, apenas o pensamento imaginado.
Sem alma, a não ser a cognição.
Camus, a vontade deflagrada em ondulações mitológicas.
Confabulações perversas.
Exatamente o que produz o cérebro.
O sentimento das imagens, soçobradas ao som das tempestades.
O destino é desmedido aos olhares verdugos.
A única possibilidade é a impossibilidade.
A inexistência de tudo, da evolução a morte.
Fostes essencialmente despropositado.
Saída o sentimento da dor.
Como então suportar o absurdo.
A não ser pela alienação do espírito.
O fim transforma-se em uma questão idiossincrática
A ideologia do medo.
Resolvestes antes, a escuridão do destino, dilemas permanentes.
Todavia, ao pensar este mundo.
Caístes no desespero.
O conflito é a normalidade.
Melhor não pensar em lugar nenhum.
Um grande azar ter tido existência.
O que se deve voltar, exatamente o vazio.
O escuro sem matéria preso a infinidade.
O não se trata de apagar o nada que formata todas as coisas.
Melhor entender a escuridão do mundo.
Ancorar se nela, viver tranquilamente o breve destino.
A repetição eterna das mesmas coisas.
Superar a suposta felicidade de cada instante.
A metamorfose constante da servidão.
Renegar o cogito, a cegueira desmesurada.
Não transformar a liberdade em terror.
Muito menos ser vítima de novos algozes.
Renunciar certezas, não ser obstinado pelo tempo.
Entender-se que a construção da sabedoria fundamenta no caos.
Edjar Dias de Vasconcelos.