A educação a distância e a quebra da hegemonia do saber

A Educação a Distância (EaD) veio como um processo de quebra da hegemonia do saber. Ou seja, saímos do professor que tudo sabe para o mediador de aprendizagens. Assim, o aluno virtual, em princípio, sente-se inseguro, solitário e desmotivado. Parece que a onipresença docente ainda caminha lado a lado com ele. No entanto, após ambienta-se em rede, pouco a pouco, o aluno EaD. vai ganhando autonomia de aprendizagem.

Recursos específicos da EaD são essenciais para inserir o estudante como autor do próprio conhecimento. Assim, a inserção de fóruns, chats, web conferências abre espaço para que o estudante possa ouvir a própria voz, discordar e concordar com colegas virtuais, muitas vezes, rompendo a timidez de expor-se em aulas presenciais e promovendo a autoaprendizagem. Ou seja, além de aprender conteúdos, há o aprender a aprender, aprender a ser e aprender a conviver, conseguindo com isso, atender aos pilares da educação.

Infelizmente essa realidade de aprendizagem em EaD, muitas vezes, ainda é marcada pelos paradigmas convencionais de ensino: o aluno espera que o tutor mande mensagens, oriente para que ele possa agir.Se o estudante em EaD. não for autônomo, há o risco perpetuarem-se relações assimétricas de saber, “vestidas” de novas tecnologias. Assim a transformação do ser é um fator importante para as mudanças no processo de aprendizagem. Conforme Moran:

Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas mentes.

Portanto, a EaD., como quebra de paradigmas hegemônicos educacionais, precisa ser um instrumento cada vez mais eficaz de aprendizagens e de reflexões sobre a integração do estudante ao mundo virtual, à construção da autonomia, à tomada de decisão e, consequentemente, à ruptura das relações assimétricas que a educação produziu, reproduziu e ainda produz.

MORAN, José Manuel. Professor de Novas Tecnologias do curso de Televisão da Universidade de São Paulo.

valene
Enviado por valene em 08/02/2017
Reeditado em 08/02/2017
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