DIVAGANDO EM NEXOS SUBJETIVOS

Sou o que sou porque assim me fizeram!

Somos o que lemos, o que vivemos, o que nos permitimos. Outras leituras, outras experiências e outras escolhas mudam o que podemos ser. Qualquer opção contempla saltos e riscos. É possível manter o conforto por algum tempo, sem riscos, sem saltos, sem envolvimentos. Mantê-lo permanentemente significa alienação, de si e dos outros.

Somos a partir de um contexto que envolve linguagens, comportamentos, éticas e morais próprias, singulares, daquele lugar. É desse lugar que falamos, agimos, defendemos ideias e, não muitas vezes, somos contrários a pontos de vista que não convergem com o nosso. Irritamo-nos com facilidade se alguém expressa que não gosta das nossas ideias. Muitos chegam brigar, de paus, socos e tudo mais com quem se diz contrário à opinião deles. Aprender dialogar, admitindo dialética, é para poucos.

Nossa maneira de ser é aprendida. Nossos comportamentos adquiridos. Nossa moral, uma sequência, sobremaneira, religiosa. Nossa ética, uma confusão (com a moral) que sequer sabemos conceituar. Somos um produto, mal acabado, da cultura, que ajudamos a elaborar, mas da qual tornamo-nos dependentes sem chance de mudá-la para nos corrigir.

Seja como for, e para onde formos, o processo costuma ser o mesmo. Somos produto e produtores daquele lugar. Temos poucas chances, mas as temos, de mudar nossa consciência que guia o comportamento. Temos oportunidades além daquilo que conseguimos fazer no mundo necessário. Podemos extrapolar nossas condições físicas, psicológicas e até as reais para superar nossa própria ignorância. É uma condição para sair do senso comum. Ele, o senso comum, existe em todos os espaços, entre escolares, não escolares (ditos analfabetos), acadêmicos, universitários, inteligentes, em todos os espaços há linguagens comunicáveis que se tornam comuns, lugares comuns, a todos. Transpor esse senso comum, lugar comum, é conseguir ser diferente dos demais, mortais, do seu contexto, do seu campo de ação.

Em outros campos, em outras dimensões, por mais que elaboremos nossa maneira de ser, de estar, de compreender os demais, continuamos produtos e produtores da cultura, que continuará nos dominar, ainda que nos consideremos livres para escolher os procedimentos que mobilizam as culturas que ascendemos.