Recorte histórico da consciência negra
Luiz Carlos Pais
Luiz Carlos Pais
O dia 20 de novembro está no calendário nacional para comemorar a consciência negra, um dos alicerces necessários para rever a consciência social mais ampla deste País. Há poucos anos atrás, a data foi criada para rememorar a história, iniciada no século XVI, quando chegaram os primeiros escravos africanos. É uma reverência à memória do líder Zumbi dos Palmares e motiva o recorte histórico proposto neste artigo, focalizando um momento da longa trajetória de militância social que foi a constituição da Frente Negra Brasileira (FNB).
Trata-se de uma organização criada na década de 1930, no contexto do despertar das classes populares, incluindo vertentes trabalhistas, socialistas, liberais, entre outras, motivadas pelo clima inicial da Era Vargas. É oportuno rememorar essa história porque há um traço comum com os desafios da atualidade, quando o País continua dividido em “bolhas de excelência” para poucos e rincões de miséria para muitos. Por esse motivo, comemorar o dia da consciência negra leva a refletir sobre as injustiças sociais que persistem ao longo de séculos.
Assim que foi criada por líderes paulistas, em parceria com lideranças regionais, foram instalados núcleos da FNB na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, totalizando 200 mil filiados. Parte da história está nas páginas de A Voz da Raça, jornal oficial da entidade, lançado em 1933. A entidade ganhou visibilidade política devido às mudanças sociais iniciais sinalizadas naquela época. Trazia a força da persistência que ainda hoje se faz necessária para o avanço das políticas públicas afirmativas.
Uma das bandeiras defendidas pela entidade consistia em exigir o direito de acesso à educação escolar, como estratégia de inserção social e superação do preconceito. De modo mais amplo, incluía o desafio de organizar o espaço das comunidades afrodescendentes e exigir a efetiva igualdade de direitos, persistindo na luta enraizada na tradição dos povos africanos.
Forças conservadoras da época tentavam impedir o funcionamento dos núcleos da FNB, nas cidades do interior, mesmo com o esforço das lideranças para manter os registros legais em cartórios e órgãos públicos. Por volta de 1935, havia um desses núcleos em São Sebastião do Paraíso, no sudoeste mineiro, vinculado à coordenação regional que funcionava em Guaxupé, na mesma região. A história da organização da comunidade negra dessa região de Minas está, fartamente, registrada nas páginas de A Voz da Raça.
Em decorrência da repressão instituídas com o Estado Novo (1937), quando foi suspenso o funcionamento de instituições políticas, espíritas, maçônicas, entre outras, a FNB foi obrigada a encerrar as suas atividades. A semente plantada apenas entrou em estado de latência e, passado o tempo, deu origem a vários outros grupos, que passaram a funcionar como clubes sociais, desportivos ou religiosos, sem perder o viés político inerente a toda instituição.
Trata-se de uma organização criada na década de 1930, no contexto do despertar das classes populares, incluindo vertentes trabalhistas, socialistas, liberais, entre outras, motivadas pelo clima inicial da Era Vargas. É oportuno rememorar essa história porque há um traço comum com os desafios da atualidade, quando o País continua dividido em “bolhas de excelência” para poucos e rincões de miséria para muitos. Por esse motivo, comemorar o dia da consciência negra leva a refletir sobre as injustiças sociais que persistem ao longo de séculos.
Assim que foi criada por líderes paulistas, em parceria com lideranças regionais, foram instalados núcleos da FNB na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, totalizando 200 mil filiados. Parte da história está nas páginas de A Voz da Raça, jornal oficial da entidade, lançado em 1933. A entidade ganhou visibilidade política devido às mudanças sociais iniciais sinalizadas naquela época. Trazia a força da persistência que ainda hoje se faz necessária para o avanço das políticas públicas afirmativas.
Uma das bandeiras defendidas pela entidade consistia em exigir o direito de acesso à educação escolar, como estratégia de inserção social e superação do preconceito. De modo mais amplo, incluía o desafio de organizar o espaço das comunidades afrodescendentes e exigir a efetiva igualdade de direitos, persistindo na luta enraizada na tradição dos povos africanos.
Forças conservadoras da época tentavam impedir o funcionamento dos núcleos da FNB, nas cidades do interior, mesmo com o esforço das lideranças para manter os registros legais em cartórios e órgãos públicos. Por volta de 1935, havia um desses núcleos em São Sebastião do Paraíso, no sudoeste mineiro, vinculado à coordenação regional que funcionava em Guaxupé, na mesma região. A história da organização da comunidade negra dessa região de Minas está, fartamente, registrada nas páginas de A Voz da Raça.
Em decorrência da repressão instituídas com o Estado Novo (1937), quando foi suspenso o funcionamento de instituições políticas, espíritas, maçônicas, entre outras, a FNB foi obrigada a encerrar as suas atividades. A semente plantada apenas entrou em estado de latência e, passado o tempo, deu origem a vários outros grupos, que passaram a funcionar como clubes sociais, desportivos ou religiosos, sem perder o viés político inerente a toda instituição.