A atuação do psicopedagogo na inclusão dos portadores de TDAH: uma realidade em construção

A atuação do psicopedagogo com crianças com TDAH, é o tema da presente pesquisa. Um dos transtornos escolares mais conhecidos na atualidade é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Nesse sentido, existe uma grande parcela de crianças e adolescentes em consultórios particulares sendo acompanhados por neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, dentre outros profissionais. Neste sentido, a atuação desse profissional no processo de desenvolvimento das crianças com TDAH é de fundamental importância para desenvolver os aspectos cognitivos, afetivo e sociais, motor dessas crianças.

O presente trabalho tem como objeto de estudo a seguinte problemática, ou seja, de que forma os psicopedagogos lidam com crianças com TDAH durante sua atuação com aprendestes em seu consultório. Saber lidar com crianças com TDAH é ter em mente que essas crianças passam por várias dificuldades e desafios para consolidar uma aprendizagem significativa, devido principalmente ao comprometimento das suas funções acadêmicas, tais como: atenção, memória, concentração, motivação que dificultam uma aprendizagem de alto desempenho.

Esse transtorno atinge cerca de 3 a 5% da população em idade escolar. O TDAH é um transtorno neurobiológico e biopsicossocial que tem uma base genética em sua constituição. É caracterizado pela tríade-desatenção, hiperatividade, e ou impulsividade.

Com base nisso, o individuo que é portador de TDAH tem dificuldades de atenção, concentração, memória, motivação acarretando assim grande prejuízo no rendimento escolar desses alunos. Segundo a literatura sobre a problemática pesquisada foi constatado que os meninos são mais acometidos pelo transtorno.

O psicopedagogo ao lidar com crianças com TDAH precisa ter um embasamento teórico-metodológico consistente, dinâmico e de uma prática psicopedagógica inclusiva para que esse profissional possa conduzir seus aprendentes de forma satisfatória em sua aprendizagem.

Este trabalho tem grande relevância para a formação profissional dos psicopedagogos, pois o TDAH é um dos transtornos mais freqüentes nas escolas e nos consultórios. Neste sentido, o presente projeto trata da relação do psicopedagogo com aprendentes com TDAH. O psicopedagogo é, por excelência, um profissional capacitado para lidar com as dificuldades e transtornos de aprendizagem, pois o mesmo tem suporte necessário para lidar com os percalços da aprendizagem.

Vale lembrar que a temática abordada originou-se de uma inquietação surgida por uma grande curiosidade em saber desvendar de que forma os psicopedagogos atuam com portadores de TDAH, ou seja, como trabalhar as dificuldades e os desafios ao longo da trajetória escolar desses aprendentes. A autora do referido trabalho busca compreender através deste estudo, enquanto acadêmica de Psicopedagogia, de que forma atua o psicopedagogo, quais as estratégias utilizadas, quais as teorias que embasam tanto na sua formação como na sua prática psicopedagógica ao lidar com esta clientela.

Atualmente, o índice de crianças que sofrem com esse transtorno está torno de 3 a 5% da população em idade escolar, sendo os portadores de TDAH acompanhados por médico (neurologista ou psiquiatra), além de outros profissionais, como exemplo: psicólogos, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, musicoterapeuta, dentre outros.

Vale ressaltar que os portadores de TDAH, poderão conseguir superar suas dificuldades, desde que a família, a escola e os especialistas possam trabalhar em equipe, tornando-se mais presentes na sua vida.

Neste sentido, a atuação do psicopedagogo é fundamental importância, pois o mesmo favorece um tratamento que venha minimizar as dificuldades de aprendizagem que está associadas ao TDAH. Cabe mencionar que a psicopedagogia oferece um trabalho interdisciplinar com crianças com TDAH, através de um tratamento especializado, que venha contribuir no rendimento acadêmico desses aprendentes, ou seja, este profissional saber como atuar e de que forma deve lidar com essas crianças que sofrem com este transtorno.

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que atinge crianças e adolescentes em todo mundo, sendo responsável por inúmeras queixas apontadas pelos familiares, sendo que a procura por especialistas geralmente gira em torno quando os mesmos passam por grandes prejuízos nas habilidades escolares e comportamentais. O TDAH é definido como:

uma perturbação neurobiológica transmitida, em grande parte geneticamente. É importante destacar que as crianças com TDAH não apresentam lesões cerebrais significativas, atraso no desenvolvimento e/ou dificuldades psicológicas e emocionais que possam justificar ou explicar melhor estes problemas (SCANDAR, 2009, p.14).

Uma das características mais marcantes que denotam a gravidade do quadro clínico dos portadores com TDAH é que os mesmos atrapalham as atividades escolares com sua hiperatividade e impulsividade ou com sua constante desatenção, falam demasiadamente, são impacientes, ficam com o pensamento dividido em várias coisas ao mesmo tempo, não tem paciência para estudar e para aguardar sua vez, apresentam esquecimentos, perde suas coisas com facilidade, dentre outros aspectos.

Este transtorno é classicamente caracterizado por alterações dos sistemas motores, perceptivos, cognitivos, de comportamento, comprometendo o aprendizado de crianças com potencial intelectual adequado. Daí a importância do psicopedagogo para potencializar a aprendizagem dessas crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, ou seja, muitas delas não fazer a tarefa de casa, por tem dificuldade de concentração, atenção para fazer as atividades escolares.

Segundo as pesquisas revelam que os portadores de TDAH têm como característica: “ uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo o controle motor e atenção, tendo como consciência, a falta de concentração, característica primordial do hiperativo ou do desatento ( ACAMPORA, 2013, p. 47)”.

Quanto a esse aspecto, Wajnszteijn (2008, p. 22) relata que o portador desse transtorno precisa de medidas compensatórias para minimizar suas dificuldades, tais como: “ o número aumentado de horas de estudo, de aulas de reforço e de terapias que, se excessivo, pode acarretar a diminuição das horas de lazer, da prática de esportes e do seu próprio convívio social.”

Caracterizado por ser uma síndrome neurocomportamental e neuropsiquiátrica de grande prejuízo ao indivíduo, exatamente porque uma das dificuldades mais recorrentes deve-se ao fato de que:

a criança com TDAH tem dificuldade de prestar atenção a detalhes e, por esse motivo frequentemente comete erros em atividades escolares, não consegue acompanhar as instruções longas e não permanece atenta até o final das tarefas escolares ou domésticas. Demonstra dificuldade na organização, no planejamento e em realizar tarefas que envolvem esforço mental sustentado. Perde com facilidade seus pertences, em casa, na escola e se distrai-se facilmente com estímulos do ambiente (ROTTA, 2008, p. 308).

Diante de tantas dificuldades e dilemas que o portador de TDAH enfrenta ao longo de suas atividades diárias, constatamos que é necessário que o mesmo seja diagnosticado precocemente por equipe multidisciplinar com o intuito de amenizar os prejuízos causados por sua condição do seu quadro clínico. Sendo assim, é relevante enfatizar a importância do psicopedagogo, por ser um profissional direcionado para lidar com as dificuldades e os transtornos de aprendizagem.

A Psicopedagogia é uma área do conhecimento de caráter multidisciplinar e transdisciplinar. Segundo Kiguel ( apud BOSSA, 2000, p.12), aponta que a mesma tem como objeto de estudo “ o processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio ( família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento”.

O papel do psicopedagogo na aprendizagem dessa clientela torna-se de fundamental importância para estabelecer um vínculo positivo como uma forma de resgatar o prazer de aprender a aprender que por apresentar muitas dificuldades, o potencial do aprendente em questão acaba sendo adormecido por situações conflitantes do seu cotidiano.

Maluf (2007, p.70) destaca a grande contribuição da Psicopedagogia, justamente porque a mesma “ passou a ser objeto de estudo multidisciplinar e os resultados dos tratamentos têm sido, em grande parte, de enorme valia, tanto para os pacientes, como para as famílias e a sociedade”.

Cabe mencionar que o psicopedagogo deve trabalhar com as reais potencialidades de seus aprendentes, ou seja, ele deve potencializar as áreas deficitárias do aprendiz, buscando otimizá-las com o propósito de valorizar as o conhecimento, as habilidades e as competências do mesmo. Neste sentido, trabalhar dessa forma, o psicopedagogo estará estabelecendo uma aprendizagem significativa e emocional de seu aprendente, de maneira favorável e harmônica, como forma de ressignificar seu potencial intelectual e criativo. Para esclarecer melhor essa relação entre o psicopedagogo e seu aprendente, vale salientar que:

as crianças com dificuldades de aprendizagem devem ser encorajadas a superarem seus problemas segundo suas reais potencialidades e, para tal, o profissional deve conhecer os pontos favorável da modalidade de aprendizagem para ajudar os professores, os pais e a criança a superar suas dificuldades ( MALUF, 2007, p. 67).

O psicopedagogo é um profissional preparado para atender crianças, adolescentes ou adultos com problemas de aprendizagem, na prevenção, no diagnóstico e tratamento clínico ou institucional. No ambiente clínico, o psicopedagogo realiza um diagnóstico para identificar as causas dos problemas sofridos pelos seus aprendentes.

Para lidar com crianças e adolescentes com TDAH, o psicopedagogo deve está preparando para se deparar com “ possíveis reações diante de algumas tarefas, tais: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos, etc ( ACAMPORA, 2013, p. 19)”. Com base nisso, fica evidente que o psicopedagogo ao ter que lidar com as dificuldades de seus aprendentes, precisa ter como ferramenta motivacional uma certa dosagem de otimismo e esperança, pois os mesmos sofrem com a falta de valorização de seu potencial, como também lidam com as baixas expectativas que é demonstrada em atitudes sutis de seus familiares e de seus professores.

Acampora ( 2013, p.15) adverte que a atuação do psicopedagogo na clínica pode contribuir da seguinte maneira: “ dar suporte à escola [...] com dicas fáceis e orientações de como os educadores e pais podem fazer em situações cotidianas com os alunos em que se encontra envolvido”.

Partindo da certeza que de o psicopedagogo é um profissional capacitado para lidar com dilemas vividos pela sua clientela, é imprescindível que o mesmo acredite que os mesmos têm a capacidade de resgatar o prazer de aprender a aprender, apesar de suas dificuldades.

Um dos pré-requisitos de um trabalho psicopedagógico inclusivo é acreditar no potencial de seus aprendentes, mesmo quando a família, a escola, seus professores e até mesmo o próprio aprendente não tem consciência de que pode ter sucesso em sua trajetória escolar e social.

REFERÊNCIAS

ACAMPORA, B. Psicopedagogia Clínica: o despertar das potencialidades. Rio de Janeiro: WAK, 2013.

BOSSA, N.A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto alegre: Artmed, 2000.

MALUF, M.I. Diagnóstico e intervenção psicopedagógica nos transtornos de aprendizagem. In: VALLE, L.E.L.R. do; PINTO, K.O (orgs.). Mente e corpo: integração multidisciplinar em Neuropsicologia. Rio de Janeiro, WAK, 2007.

ROTTA, N.T. Transtorno de Atenção: aspectos clínicos. IN: ROTTA, N.T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. dos S.(orgs.). Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SCANDAR, R. O. Inquietos, distraídos, diferentes?: orientação e conselhos para pais, educadores e professores de crianças com déficit de atenção e hiperatividade. Buenos Aires: Ediba, 2009.

WAJNSZTEIJN, R. Desatenção: um sintoma, um transtorno ou uma manifestação secundária. In: VALLE, L.E.L.R; PINTO, K.O.(orgs.). Temas interdisciplinares na clínica. Rio de Janeiro: WAK, 2008.

* Lucília Santos – Formação Internacional em Professional e Self Coaching, Leader Coach, Analista Comportamental e Analista em 360º pelo IBC. Graduada em Pedagogia e em Psicopedagogia aplicada à Educação. Especialista: Neuropsicologia, Psicopedagogia Clínica, Institucional e Hospitalar, MBA em Gestão de Recursos Humanos e em Neuropsicopedagogia Clínica. Professora na Educação Básica e Ensino Superior. Atua como coach, professora, palestrante e escritora.