O QUE É PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO?
É o estimular a mudança diante da construção do laço social existencial do saber humano.
Francisco de Paula Melo Aguiar
Preliminarmente é importante mencionar que a Psicologia da Educação é uma disciplina curricular que se baseia nos fundamentos gerais da formação pedagógica, de modo que busca compreender e explicar o que se passa no seio da situação da educação formal, portanto, muito importante para todos aqueles que desejam ser professores, por isso, desenvolvemos esta produção formativa.
Por outro lado, a Psicologia da Educação é descrita como sendo uma área especifica de conhecimento da Psicologia Geral, considerada assim como corpus sistemático e organizado de saberes científicos, segundo produção via procedimentos e ou metodologias definidas, enfatizando fenômenos e/ou conjunto de fenômenos formados e/ou constituídos pela realidade, segundo fundamentação provenientes de questões ontológicas, epistemológicas, éticas e metodologias previamente escolhidas e ou predeterminadas. É de suma importância levarmos em consideração suas diversas concepções, teorias e abordagens que formam tal área do saber e/ou do conhecimento humano.
O encontro da Psicologia e a Educação é a construção de um laço social entre as referidas áreas do saber humano, de modo que:
[...] a clarificação dos mecanismos que estão em jogo nas situações concretas pode estimular a mudança de relações e das práticas e incentivar o professor a investir no sentido da transformação da sua própria realidade.
(NÓVOA, 1999, p. 191).
Sem sombra de dúvidas, a Psicologia da Educação é uma dentre as demais subáreas do conhecimento cientifico, haja vista que tem como objetivo principal a produção dos saberes relacionados aos fenômenos ditos psicológicos e integrantes do processo educativo.
Ensinar pode ser qualquer coisa, a qualquer pessoa, até a si próprio. Talvez só não se ensine a ensinar. Ensinar vem do latim insignare e quer dizer, lá na sua origem, indicar, designar. Em designar, há signar, de signum, palavra. Desde seus primeiros empregos, há em signum um elemento que permite concluir pela existência de uma coisa ausente. Ou seja: ensinar é fazer conhecer através de um signo (o signo é o que permite concluir a existência de uma coisa ausente). (LOPES, 2002, p. 89).
Assim sendo, a Psicologia da Educação tem por objeto de estudo todos os aspectos das situações da educação, sob a ótica psicológica, assim como as relações existentes entre as situações educacionais e os diferentes fatores que as determinam.
O domínio da Psicologia da Educação é formado e/ou constituído pela análise psicológica de todas as facetas da realidade educativa diária e não apenas a aplicação da psicologia à educação. De modo que o seu maior objetivo é justamente constatar e/ou compreender e explicar o que se passa no seio da situacional da educação. Por isso, tanto os psicólogos, quanto os pedagogos podem possuir tal especialização profissional em escolas e/ou clínicas especializadas.
[...] proponho pensar que ensinar é um ato de fé [...] em sua origem [...] no latim, era fides, confiança, lealdade, fidelidade [...] Estamos falando em fé como confiança, lealdade, que tem como valores fundamentais, engajamento e consentimento. O engajamento implica uma atitude humana solidária com as circunstâncias sociais e históricas em que vive, e procura, pois, ter consciência das usas conseqüências[...] engajamento e consentimento no ato de ensinar são parte de uma atitude subjetiva na qual estão presentes sujeitos [...] que é ter confiança em fazer e fé em. No sujeito. No sujeito que é o ensinante; no sujeito que é o aprendiz. (LOPES, 2002, p.91).
Por outro lado, temos conhecimento e ciência própria de que a Psicologia da Educação é parte integrante dos componentes específicos das ciências da Educação, tal qual a sociologia e a filosofia e/ou didática. De modo que faz parte da composição de um núcleo de estudos que tem a finalidade de estudar os processos educativos. É importante enfatizar de que na atualidade é rejeitada a idéia de que a Psicologia da Educação seja apenas um mero resumo do campo da Psicologia aplicada à educação, pelo contrário, ela atende direta e indiretamente os processos psicológicos e bem assim as características próprias das situações e/ou procedimentos educativos. Desse modo, sob a perspectiva a Psicologia da Educação em sua subárea referente ao desenvolvimento humano tem a seguinte visão:
Dados mais recentes da embriologia indicam que o ambiente interno tem um papel central no desenvolvimento do embrião, assim como o ambiente externo é fundamental para o desenvolvimento pós-natal. (DAVIS, 1994, p.29
É importante mencionar que a Psicologia da Educação estuda os processos educativos com tríplice finalidade: contribuir para a elaboração de uma teoria explicativa dos chamados processos educativos - nível teórico; produzir e ou elaborar paradigmas e/ou modelos e programas de intervenção – nível tecnológico; conceder e/ou dar lugar a uma práxis, conduta e/ou ação educativa coerente e/ou hegemônica com as propostas teóricas formuladas, isto é uma atividade prática em oposição ao modelo teórico.
A Psicologia da Educação tem tudo a haver com a aprendizagem formal dos indivíduos, tendo em vista que se trata do processo direcionado, orientado, previamente planejado e organizado para ser desenvolvido dentro da sala de aula em todos os níveis de ensino aprendizagem, portanto, vem daí o que chamamos de instrução. E assim sendo, podemos mencionar que a aprendizagem Informal, o processo tem o caráter e/ou natureza incidental, não é dirigido e bem assim é carente de controle, haja vista que é o resultado da experiência diária no ambiente de vida, portanto, fora da escola.
Diante de tal argumento, a Psicologia da Educação tem característica e finalidade e/ou papel relacionado para com o ensino e a aprendizagem formal, aquela dada no ambiente escolar, mediante o uso de metodologias e avaliações circunstanciadas em cada nível de ensino e de aprendizagem.
Existe na atualidade diversos modelos e ou desenhos de ensino formal no mundo, dentre os quais podemos mencionar e/ou compreender que pode ser considerado um modelo de ensino formal, o conjunto de procedimentos usados para que se realize concretamente o ensino, desde que estejam presentes: docente, discente e conteúdo didático pedagógico.
Dentre os modelos básicos de ensino aprendizagem, podemos citar: o modelo clássico, aquele que dá ênfase ao professor, tendo em vista ser ele o principal transmissor de conhecimento e ou de conteúdo. Segundo tal modelo, a educação nada mais é do que a transmissão de idéias selecionadas, organizadas e ou planejadas pelo professor e que nunca está de acordo com o interesse do discente, porque ele é sempre algo passivo no referido processo. No modelo tecnológico, a ênfase na educação se verifica através da transmissão apenas de conteúdos, tendo em vista que é ele o centro do processo. O discente é um recipiente de meras informações. Aqui a educação se preocupa com aspectos observáveis e mensuráveis e o docente é o responsável por essa concretização em sentido amplo.
Todavia, o modelo personalizado, concede ênfase ao discente. Aqui o ensino é processado em função do desenvolvimento e do interesse dos discentes. A educação acontece como sendo um processo progressivo e o docente, apenas oferecendo assistência ao discente, verdadeiro facilitador da aprendizagem de seu pupilo.
Já no modelo interacional, isso é possível diante do equilíbrio existente entre docente e discente. É aqui que o docente cria um clima passível de diálogo constante e troca de experiências e valores para com seus discentes. E até porque o conteúdo deve se fundamentar na análise crítica dos problemas sociais e reais da comunidade estudantil. A aprendizagem é adquirida pelo discente.
A aprendizagem humana abrange três domínios fundamentais: o intelectual e ou cognitivo; o afetivo-social e o sensório-psiconeurológico.
O domínio intelectual ou cognitivo, também conhecido como inteligência humana. Se bem que a inteligência e a idade mental e nunca a idade cronológica, são domínios decisivos e insubstituíveis a aprendizagem humana. É a inteligência a capacidade de interagir direta e indiretamente com o meio ambiente e bem assim de adaptar-se a ele, e que é desenvolvido nas diversas fases da vida humana, se sucedem na mesma ordem, porém, devem ser respeitadas as diferenças individuais, segundo o ritmo de desenvolvimento de cada pessoa.
O domínio afetivo-social envolve: sentimentos, emoções e aspectos psicossociais. Cada pessoa é diferente e única na face da terra, levando-se em conta de que tais diferenças são diretamente determinadas pelas composições e ou influências genéticas, bioquímicas do organismo individual de cada individuo e além do mais pelos estímulos patrocinados pelo ambiente em que vivem e por fim pela interação das experiências sociais recebidas desde o nascimento. Não é por acaso que a personalidade individual vai aos poucos se formando e se desenvolvendo. Ante o exposto, cada aluno do ensino fundamental, médio e ou superior, quando chega a academia trás sua personalidade definida.
É salutar mencionar de que as características psicológicas momentâneas, dentre as quais, o humor, as emoções e os sentimentos, inevitavelmente, são domínios fundamentais à aprendizagem humana em qualquer sociedade. E também não é diferente, um certo amadurecimento social, aqui compreendido como sendo o relacionamento interpessoal e intrapessoal, é elemento importante no processo de ensino-aprendizagem, em qualquer nível escolar.
E por fim, vem o sensório-psiconeurológico, aqui compreendido como as sensações, desenvolvimento neuropsicológico e maturação neurológica. Assim sendo, podemos enfatizar de que a integração das funções neuropsicológicas é de fundamental importância a aprendizagem humana individual. Desse modo a estimulação individual é mais que comprovante importante para as crianças que viveram seus primeiros anos de vida em ambientes fracos e ou pobres em termos de estímulos, sofreram prejuízos e ou danos de seu desenvolvimento e especialmente em seus elementos sensoriais: visão, audição, tato, olfato e gustação; e também em seus elementos neurológicos: a maturação neurológica; nos elementos psicomotores: esquema corporal, equilíbrio e lateralidade e também nos elementos lingüísticos, como por exemplo, em sua fala.
Em suma, a Psicologia da Educação é uma disciplina ponte que nasceu com a missão de tornar viável e possivelmente eficiente a Educação nos países ricos da Europa nos Estados Unidos da América. Assim sendo, a historiografia da Psicologia da Educação é semelhante a própria história da Psicologia Científica no mundo. Vale apenas mencionar de que no inicio do século XX a Psicologia da Educação se torna obrigatória em países desenvolvidos visando transformar a educação em termos de qualidade. É A partir daí que nasceu a Psicologia da Educação oficialmente. A partir de então teve inicio dos estudos das medidas das diferenças individuais, dentre outros testes e analises dos processos de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
COLL, César; PALACIOS, Jesús & MARCHESI, Álvaro (Org.). Desenvolvimento psicológico e Educação - Psicologia da Educação, Volume 2. Artes Médicas, Porto Alegre: 1996.
DAVIS, Claudia. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
LOPES, Eliane. Ensinar e Aprender. Revista Psicanálise Infância Educação. São Paulo: Linear B.:USP,2002.
MIALARET, Gaston. Psicologia da Educação. Coleção: Epigênese, Desenvolvimento e Psicologia. Ed. Instituto Piaget, Lisboa, 1999. Capítulo 1: “Tentativa de Definição - As confusões a evitar”, p. 9-19.
NÓVOA, Antônio (Org.) Profissão Professor. Porto: Porto Editora, 1999.
PRESTES, Irene Carmem Piconi; MORO, Catarina de Souza. Psicologia e Edcuação. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2010.
ROCHA, Erothildes. O Processo de Ensino-Aprendizagem: modelos e componentes. IN: PENTEADO, Vilma Millan Alves (Org.). Psicologia e ensino. Papelivros, São Paulo, 1980 (p. 27-41).