SOBRE A OBRIGATORIEDADE DAS DISCIPLINAS DE ARTES E FILOSOFIA

ARTE requer, antes de tudo, inspiração espontânea de artistas natos, isto é, indivíduos dotados de uma sensibilidade estética invulgar. NENHUMA arte verdadeira (muito menos valorosa) surge por obrigação. A única coisa que pode ser imposta, nesse sentido, é o ESTUDO da Arte, ou seja, uma disciplina que se proponha oferecer aos alunos a possibilidade de compreender melhor as criações artísticas e suas motivações ao longo dos tempos. Isso é praticamente inexistente nas escolas brasileiras, onde a disciplina de Artes serve, via de regra, para a confecção de arremedos ridículos de artesanato chinfrim. FILOSOFIA, por sua vez, é assunto da mais séria importância, já que filosofar significa, a rigor, questionar-se a respeito das coisas do mundo buscando conhecê-las verdadeiramente. É, em suma, a busca da verdade e do conhecimento, e, como tal, requer método e comprometimento. O processo filosófico, aliás, está na raiz de toda ciência verdadeira. Infelizmente, as aulas da disciplina de Filosofia em nossos colégios, com raríssimas exceções, não passam de um amontoado de baboseiras demagógicas e despropositadas, eivadas, em muitos casos, de doutrinação ideológica. Enfim, o assunto não é tratado com a seriedade que merece. Portanto, estando as referidas disciplinas em tal estado de degradação entre nós, é custoso acreditar que o fato de deixarem de ser obrigatórias representasse realmente uma perda significativa ou lamentável para a já combalida educação brasileira. Nossos problemas nessa área são muito mais complexos e profundos: têm a ver com o ensino de base, em geral insuficiente, fragmentado e deficitário.