REFORMA CURRICULAR: HISTÓRIA E AFINS X MORAL E CÍVICA E OSPB

A proposta de tirar o ensino de História, Geografia, Filosofia e Sociologia do currículo, vem se tornando cada vez mais forte. As primeiras notícias sobre a mudança se deram em 2014. A emenda, anunciada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, propõem um enxugamento e flexibilização do currículo do Ensino Médio e a volta das disciplinas de Moral e Cívica e OSPB.

O que se evidencia para nós, é que vivemos não um retrocesso político, mas o desejo de alguns políticos em retroceder. Se você tem quarenta anos ou mais, deve se lembrar das maçantes aulas de Moral e Cívica e OSPB, onde nossos professores, temendo a repressão da ditadura, nos ensinavam um amor incondicional à Pátria, seus símbolos e dirigentes, numa versão à brasileira do nazifascismo. Lembrando que tais disciplinas foram criadas por Getúlio Vargas, admirador do movimento europeu, que pregava um Estado forte e centralizador, no início do século XX. Porém, todos os ditadores, ou melhor, todos os grandes líderes do passado, buscaram na história gloriosa de seus Estados, um aliado para convocar o povo, conquistando sua simpatia e adoração. Cito alguns poucos, mas notórios exemplos: Napoleão Bonaparte, Hitler, Mussoline, entre tantos. Não vem ao caso, aqui, o fato de terem cometido atrocidades, e essas foram muitas, mas sim o fato de terem usado o ensino de história, a saber, as grandes realizações de líderes que os precederam, como alavanca e também alicerce para o futuro. Ressaltando, claro, apenas os grandes feitos.

Já no caso brasileiro atual, o que temos visto é a mais pura desmoralização de nossa história política. Para que então, manter no currículo, uma disciplina que, como sabemos, tem a função de manter viva a memória do povo? Uma disciplina que ensina a pensar, analisar, comparar, criticar e a buscar nossos direitos como cidadãos? Pois como sabem, essa é a função dessas matérias altamente subversivas. Então você pensa: “ mas a mídia noticia tudo”. Nem todos são capazes de compreender a história por trás do famoso quadro Guernica, de Picasso. Você é capaz?

É por aí que começa: para que ter no currículo uma disciplina que lembre, a todo momento, o quão corrupto, desigual, pseudodemocrático e sucateado nosso país se tornou nas mãos de nossos ilustres políticos? Que passado de glórias nós temos, se até o futebol, uma paixão nacional, já passou por CPI?

Se, para a alegria de nossos políticos, o brasileiro tem memória curta, para que permitir que seja ensinado, matérias que o ajudem a lembrar e compreender o significado de mensalão, lava jato, dinheiro em cuecas, e tantos outros escândalos que evidenciam toda a sujeira escondida debaixo do tapete administrativo do país? Melhor é que aprendam a ter novamente, um amor servil à Pátria, sua madrasta nada gentil. E abaixar a cabeça para seus dirigentes corruptos e ladrões, aceitando de bom grado que continuem a se eleger indefinidamente e enriquecendo suas contas em paraísos fiscais, com incontáveis zeros. Dinheiro esse que seria usado para salvar a vida de milhões de brasileiros, que não tem acesso à saúde, transporte, moradia, segurança e claro: à educação de qualidade.

Acredite: essa tentativa de retrocesso é um reflexo das pequenas, mas significativas mudanças, que vem ocorrendo no cenário político brasileiro, que se torna, apesar dos inúmeros casos de corrupção, mais transparente.

Portanto, caros colegas de profissão, e queridos alunos do Ensino Médio, não podemos permitir tal atrocidade. É necessário refletir quais são as reais intenções por trás dessas reformas educacionais, e principalmente, analisar quem, de fato, se beneficiará com elas. Nossos políticos estão, pela primeira vez, com medo de nós. É necessário que continuemos a luta e exigir mudanças que afetem não o povo, haja vista, a reforma da previdência, mas os políticos, que não fazem outra coisa que não matar, roubar e destruir nossas memórias, sonhos, esperanças e oportunidades de galgar um futuro melhor.

Avante, Brasil! Ditadura nunca mais.