5 dicas para estimular perguntas em sala de aula

No artigo anterior, eu me questionei sobre quando paramos de perguntar (você pode ler o artigo AQUI). Especialmente para nós, professores, é importante avaliarmos se nossas aulas são mais expositivas, carregadas de conteúdo, ou se permitimos espaço para perguntas diversas dos nossos alunos.
Voltaire já dizia que um homem deve ser julgado mais pelas suas perguntas do que por suas respostas. Atualmente, parece que há muitas respostas disponíveis. Nossos alunos podem encontrá-las facilmente na internet, inclusive com perguntas que são sugeridas com a inteligência artificial dos mecanismos de busca. Entretanto, de que forma estão eles mesmos criando suas perguntas?
Como mencionei no outro artigo, meus alunos do segundo segmento do ensino fundamental estavam inseguros para expor suas perguntas! Primeiro, alguns ficaram presos a perguntas bastante simples, pois pensaram que, após a escrita do número de perguntas sugeridas, provavelmente iria ter uma "pegadinha", na qual eu solicitaria que eles as respondessem. Não saíram de sua zona de conforto nem ousaram ser criativos. Precisei explicar que queria perguntas para as quais eles não tivessem ideia das respostas. Ficaram surpresos. Então, em seguida, começaram a pedir a validação de suas perguntas. Vários escreviam uma pergunta e vinham até a minha mesa para saber se "a pergunta estava certa"!
Então, nesse artigo, decidi escrever algumas sugestões sobre como estimularmos mais as perguntas em sala de aula, a fim de que possamos quebrar a barreira da timidez, do medo e das perguntas superficiais.
1 - A maioria dos livros didáticos traz perguntas prontas para os alunos responderem. Que tal subverter a ordem e pedir que os alunos criem suas perguntas a partir de um determinado texto? Ou solicitar uma a duas perguntas adicionais, preferencialmente perguntas cujas respostas exijam mais pesquisa e não apenas o "copiar e colar" do texto lido.
2 - No início de sua aula, apresente o tema ou tópico do dia e, antes de qualquer leitura, vídeo ou outro material didático apresentado, peça que os alunos façam perguntas acerca do que gostariam de saber sobre aquele assunto. Para facilitar, pode-se levar uma caixa, na qual os alunos depositam as perguntas em tiras de papel, anonimamente.
3 - Acostume os alunos a responderem perguntas que induzam à reflexão. Perguntas abertas e que devam ser respondidas sem uma consulta ao livro para "encontrar" a resposta costumam ser eficazes. Além disso, sendo expostos a perguntas desse tipo, eles podem internalizar como criar suas próprias perguntas mais abertas, abrangentes e que demonstrem reflexão.
Exemplos desses tipos de perguntas podem incluir o seguinte: O que significa (determinada palavra ou conceito) na sua opinião? De que forma este objeto (assunto, tema, texto etc.) é semelhante ao que estamos aprendendo? Quais são os pontos semelhantes? O que é diferente? Como vocês definiriam (determinado assunto)?
Esteja aberto a todas as respostas, buscando mostrar interesse e respeito pelas contribuições dos alunos. Muitos deixam de participar na turma para não serem alvo de chacotas. Assim, mesmo as respostas incorretas devem ser apreciadas. O professor habilidoso buscará construir conceitos com base no que os alunos trazem.
4 - Dar oportunidades de os alunos criarem perguntas para questionários de estudo, os quais podem ser compartilhados por todos os alunos. Essa tarefa pode ser feita em uma folha de papel, manuscrita, ou o professor pode solicitar que os alunos criem um documento ou questionário colaborativo, utilizando ferramentas digitais como o Google Drive, por exemplo.
5 - Sempre que possível, favorecer que a discussão seja guiada a partir dos questionamentos dos alunos, abrindo espaço para que eles verbalizem suas perguntas. É importante que eles ouçam suas próprias perguntas, saibam esperar a sua vez para falar, reflitam no que estão questionando e sejam ouvidos em sala de aula.
Aos poucos, talvez até mesmos nós, se estivermos enferrujados em fazer perguntas, vamos nos beneficiar dessa prática e dar um salto qualitativo acerca de aprender a aprender fazendo perguntas muito mais interessantes do que aquelas que não exigem reflexão, diálogo interno, inquietação de verdade.
E você? Como estimula seus alunos a fazerem mais perguntas em sala de aula?

Publicado em: 
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Solimar Silva
Enviado por Solimar Silva em 01/08/2016
Reeditado em 08/05/2020
Código do texto: T5715601
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