Quando paramos de perguntar?
Queria saber em que ponto da vida simplesmente paramos de fazer perguntas. Toda criança tem aquela fase de perguntar muito. Entendidos do assunto dizem que uma criança de dois anos chega a fazer 500 perguntas por dia! Aos três anos, em média, começa a fase do "Por quê"? - embora essa fase venha um pouco mais tarde para outras crianças.
E as perguntas? Que perguntas!
Por que o céu é azul? Tesoura é mulher do tesouro? Como nascem os bebês? Por que a lua anda com a gente? E por aí vai.
Em junho, participei da Festa Literária de Duque de Caxias com a oficina de escrita criativa. Como foi um público misto, formado tanto por adultos como crianças, uma das dinâmicas foi justamente a criação de perguntas. Vou te contar uma coisa... Os adultos demoraram muito para escrever perguntas. E uma das perguntas foi basicamente: Quanto custa?
As crianças, de seis a nove anos, deram show. Geralmente suas perguntas incluem: Por que temos que dormir à noite? Por que não pode comer sobremesa antes do almoço? Quem é o pai de Deus? Para que serve o umbigo? Por que galinha tem asa se ela não voa? Como a gente não cai se a Terra é redonda e está suspensa no ar?
Mas, talvez, de tanto perturbarem adultos ocupados e emburrados, ouvem sempre a mesma resposta: Para de perguntar tanto, moleque! Ou, ainda: Você pergunta demais, vê se fica quieto!
A escola parece não ajudar muito também. É um tal de: isso não é assunto desse bimestre, fique quieto e preste atenção na aula, silêncio!
E aí, pouco a pouco, ano a ano, em casa e na escola, as crianças vão desaprendendo a fazer perguntas. Essas, tão necessárias ao desenvolvimento da curiosidade, imaginação e criatividade, ficam esquecidas, enferrujadas. Proibidas.
Dia desses, pedi a todos os meus alunos para fazerem um exercício: fazer perguntas que começassem com "Como", "Por que" e "E se..."
"Qualquer pergunta, professora?" Sim, qualquer pergunta.
"Mas, tenho que pular linha para responder?" Não, não precisa. Quero que vocês façam perguntas para as quais vocês não tenham resposta, coisas que vocês não saibam, que tenham curiosidade de saber ou aprender.
"Professora, pode ver se minha pergunta está certa?" Quase caí para trás! Como assim eu ia ver se a pergunta estava certa? Desde quando começamos a validar as perguntas das crianças?
E eles sofreram para fazer umas dez perguntas que saísse do superficial. Mas, depois de um tempo, parece que a ferrugem começou a sair e surgiram perguntas interessantes. Até eles mesmos se surpreendiam e voltavam animados para seus lugares após entregar suas perguntas.
E eu me pergunto: por que não perguntamos mais também. Por que nós, professores, não perguntamos o que eles querem aprender, o que eles querem que saibamos deles, o que sugerem de atividade, o que pensam, sobre o que sonham, como é a sua vida, de que maneira nos veem... São tantas as perguntas que podemos fazer em sala...
Hoje, finalizo apenas com mais uma: Por que não estimulamos mais perguntas em sala?
Publicado em: https://www.linkedin.com/pulse/quando-paramos-de-perguntar-solimar-silva
Queria saber em que ponto da vida simplesmente paramos de fazer perguntas. Toda criança tem aquela fase de perguntar muito. Entendidos do assunto dizem que uma criança de dois anos chega a fazer 500 perguntas por dia! Aos três anos, em média, começa a fase do "Por quê"? - embora essa fase venha um pouco mais tarde para outras crianças.
E as perguntas? Que perguntas!
Por que o céu é azul? Tesoura é mulher do tesouro? Como nascem os bebês? Por que a lua anda com a gente? E por aí vai.
Em junho, participei da Festa Literária de Duque de Caxias com a oficina de escrita criativa. Como foi um público misto, formado tanto por adultos como crianças, uma das dinâmicas foi justamente a criação de perguntas. Vou te contar uma coisa... Os adultos demoraram muito para escrever perguntas. E uma das perguntas foi basicamente: Quanto custa?
As crianças, de seis a nove anos, deram show. Geralmente suas perguntas incluem: Por que temos que dormir à noite? Por que não pode comer sobremesa antes do almoço? Quem é o pai de Deus? Para que serve o umbigo? Por que galinha tem asa se ela não voa? Como a gente não cai se a Terra é redonda e está suspensa no ar?
Mas, talvez, de tanto perturbarem adultos ocupados e emburrados, ouvem sempre a mesma resposta: Para de perguntar tanto, moleque! Ou, ainda: Você pergunta demais, vê se fica quieto!
A escola parece não ajudar muito também. É um tal de: isso não é assunto desse bimestre, fique quieto e preste atenção na aula, silêncio!
E aí, pouco a pouco, ano a ano, em casa e na escola, as crianças vão desaprendendo a fazer perguntas. Essas, tão necessárias ao desenvolvimento da curiosidade, imaginação e criatividade, ficam esquecidas, enferrujadas. Proibidas.
Dia desses, pedi a todos os meus alunos para fazerem um exercício: fazer perguntas que começassem com "Como", "Por que" e "E se..."
"Qualquer pergunta, professora?" Sim, qualquer pergunta.
"Mas, tenho que pular linha para responder?" Não, não precisa. Quero que vocês façam perguntas para as quais vocês não tenham resposta, coisas que vocês não saibam, que tenham curiosidade de saber ou aprender.
"Professora, pode ver se minha pergunta está certa?" Quase caí para trás! Como assim eu ia ver se a pergunta estava certa? Desde quando começamos a validar as perguntas das crianças?
E eles sofreram para fazer umas dez perguntas que saísse do superficial. Mas, depois de um tempo, parece que a ferrugem começou a sair e surgiram perguntas interessantes. Até eles mesmos se surpreendiam e voltavam animados para seus lugares após entregar suas perguntas.
E eu me pergunto: por que não perguntamos mais também. Por que nós, professores, não perguntamos o que eles querem aprender, o que eles querem que saibamos deles, o que sugerem de atividade, o que pensam, sobre o que sonham, como é a sua vida, de que maneira nos veem... São tantas as perguntas que podemos fazer em sala...
Hoje, finalizo apenas com mais uma: Por que não estimulamos mais perguntas em sala?
Publicado em: https://www.linkedin.com/pulse/quando-paramos-de-perguntar-solimar-silva