INDISCIPLINA NA ESCOLA

Neste semestre estou realizando o estágio supervisionado, no qual os futuros professores têm a oportunidade de articular teoria e prática, em contextos reais de ensino. O estágio consta da grade curricular do curso de licenciatura em Letras/Espanhol, da Universidade Federal do Ceará.

Há algum tempo eu sequer me imaginava professora. Não passava pela minha cabeça encarar grupos de alunos e conduzir uma aula. Mas, diferente do que pensei, hoje estou na rede municipal de ensino, com meus 37 alunos no 7º ano A e 35 no B.

Essa nova experiência me trouxe muitos questionamentos, além de preocupação e insegurança diante do que encontrei na escola. Embora não seja novidade para mim, a indisciplina dos alunos me assustou. A atitude de alguns é desrespeitosa, tratam o que deveria ser levado a sério com deboche; conversam enquanto tento explicar uma atividade; tumultuam a aula; impedem a comunicação e não se importam com as propostas apresentadas. Há alunos que sequer abrem o livro para acompanhar as atividades.

E de repente eu me vejo numa situação desconfortável de impotência, sem saber qual estratégia utilizar, qual o melhor método ou, melhor dizendo, qual a mágica a fazer para mudar essa realidade. Até busquei alguns artigos que tratam do assunto, mas é tudo muito subjetivo. E me pergunto se de fato eu posso contribuir de alguma forma para transformar esse cenário; se eu tenho talento para isso mesmo, ou se eu conseguiria conquistar pelo menos alguns deles e convencê-los de que o conhecimento pode mudar suas vidas.

Está claro para mim que eles não alcançam a importância que tem o espaço escolar para a sua formação, tampouco acreditam na escola como um meio de crescimento pessoal e profissional. Igualmente está claro para mim que o diploma que me garantirá a licença para dar aulas não me dará as habilidades necessárias para lidar com o contexto real da escola. Eu sei que preciso conciliar a minha prática com a pesquisa e me dedicar a entender, a partir das vivências, por que tanto desgaste.

O comportamento dos alunos é preocupante, mesmo assim sigo mais interessada nos motivos que estão por trás do quase total desinteresse deles. Será que a escola, no modelo que se apresenta, com aulas repetitivas, tradicionais, apoiadas no livro como o principal recurso didático, com o professor copiando na lousa, e todo o ritual de sempre, pode, algum dia, atrair a atenção dos estudantes? Ou seria a hora de atentarmos, todos, para as exigências dos tempos atuais?

A minha preocupação não é com os meus alunos do 7º ano, mas com a sociedade, que pode piorar ainda mais, se eu não for capaz de formá-los cidadãos, como preconiza a lei brasileira.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 02/06/2016
Reeditado em 02/06/2016
Código do texto: T5655018
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.