Cegueira Moral
Mesmo já me enquadrando na condição de reivindicar espaços preferenciais, quase sempre dispenso esse direito, agradecendo à mãe natureza pela minha saudável disposição física. Entretanto, gosto de observar o comportamento dos jovens em determinados ambientes, onde há avisos sobre o uso exclusivo de idosos, gestantes e deficientes. Noutros lugares, a cessão se dá por uma questão de educação e não por obrigação. Mas, onde há os avisos específicos, acho até que é uma questão de respeito.
Recentemente, em visita a uma importante cidade brasileira, num grupo de quatro idosos e um casal com crianças, entramos no metrô, exatamente no espaço específico, mas somente jovens ocupavam os assentos. Fiquei em pé ao lado de uma jovem que nem se deu conta de nossa presença, mesmo mirando-nos frontalmente. O que mais me chamou a atenção para a sua atitude foi o título do livro que ela portava: “Cegueira Moral”.
Eis ali um grande paradoxo. Lá no meu sertão, distante do mundo civilizado, recorreríamos ao provérbio popular: “Casa de ferreiro, espeto de pau”. Aquela jovem, além do ambiente civilizado, naturalmente culta pelo livro que conduzia, não demonstrou que põe em prática o seu aprendizado. Na minha condição de nordestino, devo frisar que o fato ocorreu não no Nordeste nem no Norte ou Centro-Oeste. Assim, por dedução, numa das regiões civilizadas do Brasil.