Cibercultura

ARTIGO:TECNOLOGIAS NA ESCOLA

DANILSON JORGE COELHO CORDOVIL

JOSIANE NAZARÉ SANTOS DE OLIVEIRA

EDIVALDO DE NORÕES SANTIAGO

RESUMO:

O presente artigo aborda as questões do uso das TIC-Tecnologias de Informação e Comunicação na educação .Para tal analisa questões como a utilização das tecnologias como exigência da CIBERCULTURA e suas aplicações no processo de aprendizagem ultrapassando paradigmas da produção e reprodução do conhecimento, fomentando o desenvolvimento da autonomia baseada na pesquisa e interação de entre todos os envolvidos no processo de construção e reconstrução de hipertextos.

Palavras-chave:CIBERCULTURA-APRENDIZAGEM-TECNOLOGIA DA INTERAÇÃO E COMUNICAÇÃO.

INTRODUÇÃO:

A cibercultura é o processo pelo qual se passa a exigir o uso da informática no processo de aprendizagem, onde o uso da internet com suas interfaces geram redes de conhecimento facilitando a interação e a inclusão.

No entanto há o desfio de superar paradigmas como o professor detentor e produtor de conhecimento e o aluno como mero receptor. Na nova fase da sociedade da informação os indivíduos são autônomos e produtores em conjunto de conhecimento, provocados pelo docente que ao mesmo tempo que ensina, aprende. Outro desfio é gerar a integração de pessoas com necessidades especiais, gerando uma interação

1.INTERNET NA ESCOLA ,INCLUSÃO E AS REDES DE CONHECIMENTO:

Antes de entrarmos na discursão sobre o processo de inclusão se faz necessário expormos o conceito de cibercultura que SILVA, citando “quer dizer modos de vida e de comportamentos assimilados e transmitidos na vivência histórica e cotidiana marcada pelas tecnologias informáticas. mediando a comunicação e a informação via internet.”(Lemos,2002;Levy,1999).

O uso da internet é uma exigência da cibercultura propondo uma novo ambiente de interação, chamado comunicacional-cultural. Um exemplo disso é a educação on-line que a cada dia ganha mais abrangência em nossa sociedade. Imaginemos cursar uma graduação nos anos 1990 no Brasil sem necessariamente ir regularmente as tradicionais salas de aula. Hoje podemos facilmente encontrar universidades que oferecem cursos on-line, com maior flexibilidade apoiada pelo uso da internet.

Para usar a internet no processo de inclusão, se faz necessário alguns caminhos como os que o professor tem: que saber lidar com a transição da mídia clássica(impressa) para a mídia on-line(virtual),dar conta do hipertexto como a múltipla escrita, dar conta da interatividade na comunicação e que pode potencializar a comunicação e a aprendizagem usando as interfaces da internet, compreendendo essa como “dispositivo para encontro de duas ou mais faces em atitude comunicacional, dialógica ou polifônica.”(SILVA,p.65)

O fato é que a cibercultura muda a lógica da comunicação antes do tipo transmissão para a interação. O professor já não carrega mais o papel de transmitir conhecimento, mas sim de ser um formulador de problemas, coordenador de experiências. Ao assumir esse novo papel o professor passa a ampliar o espaço e as possibilidades de investigações, usando sites,chats,blog e outras interfaces.

No entanto não basta apenas visitar as interfaces, a cibercultura não terá função se não criar formas de interatividade na construção dos saberes. Tudo isso dependerá ainda da criatividade dos envolvidos no processo, ainda mais do professor mediador, provocador.

Para Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida a tecnologia nas escolas deve levar a criação de redes de conhecimentos, mas a autora reconhece uma contradição entre o uso da TIC(Tecnologia de Informação e comunicação) nas escolas e a sociedade atual ao citar dados do IBGE de 1999 apontando a existência de 13% de analfabetos com idade de 15 anos ou mais e o alto índice de analfabetos funcionais. A contradição reside no fato de estarmos na chamada “era digital da cibercultura” e ainda termos uma grande quantidade de analfabetos e analfabetos funcionais. A tabela seguinte é do censo de 2010 do IBGE e não temos grandes modificações. Acompanhemos:

CENSO IBGE-2010 DADOS (2000-2010) ANALFABETISMO

FAIXA ETÁRIA PORCENTAGEM

ATÉ 10 ANOS 13,6-9,6

ENTRE 15-24 ANOS 5,8-2,5

ENTRE 25-59 ANOS 13-8,5

MAIS DE 60 ANOS 35,2-26,5

Podemos chegar a conclusão que houve uma certa diminuição dos índices de analfabetismo, no entanto na faixa etária de até 10 anos a diminuição foi pequena, houve uma acentuada redução na faixa de 15-24 anos ,redução mediana entre os 25-59 e os índices para pessoas com mais de 60 anos, os quais em muitos casos frequentam as escolas-EJA são bastante elevadas ainda que tenha havido uma redução.

Embora haja essa contradição, o uso da TCI é uma forma de criar a “aprendizagem significativa”(ALMEIDA,p.72),onde o professor que utiliza a tecnologia passa a ser o organizador, criador de ambientes de aprendizagem no qual o aluno passa a ser o construtor de sua aprendizagem.

Os alunos constroem o conhecimento por meio da exploração,da navegação,da comunicação,da troca,da representação,da criação/recriação,organização/reorganização,ligação/religação,transformação e elaboração/reelaboração.(ALMEIDA:P.73)

2.TECNOLOGIA INTERATIVA E A TECNOLOGIA NA ESCOLA INCLUSIVA:

Para BEHRENS a sociedade atual ainda carrega uma visão dual originária dos pressupostos newtoniano-cartesiano, com uma visão mecanicista e reducionista. No entanto ,com a Revolução Industrial, provocadora de uma revolução tecnológica e de uma “geração da rede informatizada”(BEHRENS,p-75),a integração da comunicação facilitou o movimento de globalização, esse passa a exigir conexões integradas, ultrapassando a fragmentação das áreas do conhecimento.

Nesse novo contexto a formação acadêmica tende a se modificar no sentido de quebrar o paradigma da produção do conhecimento. O professor passa a ser um articulador, devendo dedicar-se a aprender a aprender. O aluno passa a ser peça integrante desse aprendizado, criando autonomia e integração, na chamada “aprendizagem solidária” (BEHRENS,p-76)

A inovação docente fica por conta da utilização de tecnologias entre elas a informática e a internet no processo dialógico de aprender, onde “ ao ensinar ,aprendem.”(FREIRE,1997).Assim a tecnologia utilizada dialogicamente possibilita a aprendizagem colaborativa.

A aprendizagem solidária leva a superação do paradigma produção e reprodução. Tal objetivo pode ser atingido quando o ensino está intimamente ligado a pesquisa. O que atualmente foi facilitado pelo uso das tecnologias como computador e internet:

“Uma prática pedagógica competente,que acompanhe os desafios da sociedade moderna,exige uma interrelação dessas abordagens e o uso de tecnologia inovadora.Servindo como instrumento,o computador e a rede de informações aparecem como suportes relevantes na proposição de uma ação docente inovadora.” (BEHRENS,p-77)

O uso das TIC no processo de aprendizagem é sem dúvida um importante e indispensável recurso nos dias atuais, principalmente quando se fala com crianças, jovens e muitos adultos habituados com meios de comunicação de alta interação como Facebook, whatsApp. Gerações já condicionadas com hipertextos híbridos(misturas de textos escritos, imagens, falados).

A tecnologia, ou melhor, as tecnologias ainda contribuem para uma inclusão de discentes com necessidades especiais. Em uma experiência com alunos portadores de deficiência visual, os mesmos passaram a ter acesso a aplicativos de celulares que transformam textos escritos em áudio, facilitando até mesmo na autonomia dos mesmos em realizar pesquisas ,no uso diário e na interação.

Quanto a inclusão ,a tecnologia como fora visto, possibilita a interação, no entanto quando analisamos o uso das TCI nas escolas ,principalmente públicas -e aqui faço questão de sinalizar a realidade vivida no Estado do Pará- As dificuldades são bem complexas, pois há escolas que possuem equipamentos tecnológicos ,mas para serem utilizados tem que ter profissionais lotados na área, o que é escasso e muitas das vezes os instrumentos estragam pela falta de uso. Outra dificuldade é que outra parte de escolas não dispõem de instrumentos de tecnologia e mesmo espaço físico para acomodar tal uso.

As TIC como instrumentos de inclusão são primordiais frente as necessidades de alunos com necessidades especiais ou não. São formas de interação com o meio social para a melhoria do aprender com autonomia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Considerando que as TIC como meios de criação e recriação de novas formas de aprendizados ,pode-se dizer que o computador e a internet são meios de interação que passam a ser exigências no atual contexto de desenvolvimento da sociedade da informação.

A internet utilizada como meio de interação passou a criar ambientes físicos e virtuais de interação para a construção do conhecimento e aprendizagem. Assim surge o hipertexto que é criado e recriado na interação.

Utilizar a internet não é sinônimo de interação e superação do paradigma da produção e reprodução. Ela tem que ser utilizada como forma de criar o novo. Não basta pedir a um aluno uma pesquisa na rede mundial de computadores e receber uma cópia da mesma. É necessário criar/recriar meios de produção de hipertextos.

O uso das TIC ainda é um desafio e ser superado quando temos uma quantidade elevada de analfabetos e analfabetos funcionais.Além disso a distribuição de recursos tecnológicos principalmente nas escolas públicas ainda é deficitário, não só pela quantidade, mas também pela utilização dos mesmos.

No entanto, os recursos tecnológicos aparecem como mais uma forma de incluir pessoas com necessidades especiais como é o caso de aplicativos para deficientes visuais ou mesmo de cursos on-line mais flexíveis quanto ao tempo e o deslocamento de pessoas, principalmente para quem possui dificuldade de locomoção. A interação é a marca fundamental que une pessoas em espaços físicos ou virtuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE,Paulo.Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa.Rio de Janeiro:Paz e Terra,1997.

IBGE-Censo Demográfico 2000/2010.Tab,28.Taxa de analfabetismo.

Portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/2sf/pdf. TECNOLOGIAS NA ESCOLA,Cap.2.SILVA,Marco;ALMEIDA,Maria Elizabeth Bianconcini de;BEHRENS,Maria Aparecida.