Produção Didática
Luiz Carlos Pais e Maria Massae Sakate
Luiz Carlos Pais e Maria Massae Sakate
Resumo: Este artigo analisa a produção de professores da educação básica referentes a práticas de utilização de recursos tecnológicos em sala de aula, tomando como referência a experiência de formação conduzida por uma equipe da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (MS). A intenção consiste em focalizar os desafios e as possibilidades dos atuais ambientes virtuais de aprendizagem, diante da inserção dos recursos tecnológicos digitais nas práticas educativas escolares. As práticas analisadas têm dois níveis interligados que devem ser considerados. Um deles são as ações conduzidas pela equipe de formadores e o outro se refere à efetiva produção em sala de aula dos professores que receberam a formação. O referencial adotado é constituído pelo conceito de apropriação, proposto por Roger Chartier, no sentido de valorizar a produção docente resultante de sua interpretação da orientação textualizada pela equipe de formadores. As noções associadas de estratégia, táticas, invenção do cotidiano, propostas por Michel De Certeau, são também usadas proposta por Pierre Lévy, Hugo Assman. Foi possível constatar que a expansão crescente de utilização escolar dos recursos digitais passa pelo reconhecimento da produção docente. Qualquer possibilidade de mudanças significativas nas práticas escolares através do uso das tecnologias digitais se potencializa na medida em que o professor vivencia novas conquistas em sua própria formação pessoal e coletiva.
Palavras-chave: Formação de professores. Tecnologias na Educação. Métodos de ensino. Tecnologias digitais na Escola
Considerações iniciais
O problema focalizado neste artigo está inserido no atual movimento de inserção dos recursos tecnológicos nas práticas escolares, tomando como referência a produção de professores que atuam na Educação Básica, estimulados a participar de projetos de formação continuada ministrados por uma equipe da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (MS) (SEMED). O principal objetivo desses projetos é contribuir no processo de ampliação das condições pedagógicas para que os professores vivenciem novas experiências de ensino, usando recursos tecnológicos digitais. As práticas que foram objeto de nossa análise têm dois níveis interligados e merecem um destaque no sentido de compartilhar a experiência da equipe de formadores. O primeiro diz respeito às práticas conduzidas pela própria equipe e o outro diz respeito à produção dos professores participantes de projetos de formação. O destaque dessas práticas relacionadas permite focalizar de modo mais específico os desafios e as possibilidades dos atuais ambientes virtuais de aprendizagem, diante da inserção dos recursos tecnológicos digitais nas práticas educativas escolares.
A dinâmica usada pela equipe de formadores procurou seguir as linhas básicas que fundamentam a pesquisa-ação, por envolver o cotidiano vivenciado pela equipe de formadores e das relações estabelecidas com os professores que atuam em sala de aula. Nesse sentido, um dos procedimentos iniciais consistiu em estimular os professores a compartilhar suas experiências e dificuldades relacionadas à inserção do uso das tecnologias digitais em suas aulas. Essa iniciativa teve o propósito de delinear um problema significativo para a maioria dos professores participantes, no sentido de sua viabilidade de condução. Logo nas primeiras reuniões realizadas com esse objetivo foi possível destacar certa preocupação dos professores quanto às possíveis alterações no plano da cognição, decorrente do uso dos recursos informatizados em sala de aula.
De forma geral, a preparação do trabalho de orientação aos professores partiu do princípio de que a transição para uma prática pedagógica mais inovadora, com base em informações digitais, requer estratégias educacionais mais audaciosas do que as dos métodos clássicos de ensino. Porém, a equipe tinha consciência que não seria possível inovar procedimentos metodológicos sem que houvesse certo embasamento conceitual que fosse compatível com as novas interfaces computacionais. Por esta razão, analisamos noções cujas características são compatíveis com este cenário pedagógico. Trata-se da interatividade e da simulação, conceitos considerados apropriados à pesquisa de estratégias metodológicas, contando com o uso de recursos da informática. A importância dessas noções resulta de uma proximidade entre elas e a concepção usual de aprendizagem, pois o conhecimento envolve a existência de uma relação entre dois elementos que são o sujeito e o objeto.
Os resultados obtidos pela equipe de formadores têm permitido identificar alguns pontos essenciais que devem ser incorporados em novos projetos, visando reinventar a educação comprometida com o nosso tempo de atuação na instituição escolar. Nesse sentido, foi possível constatar, até o atual momento, uma expansão positiva e crescente da consciência geral dos professores quanto à necessidade de avançar na produção de métodos compatíveis com a sua formação e também com a potencialidade proporcionada pelos instrumentos tecnológicos. Entretanto, ao que tudo indica o tempo necessário para ocorrer mudanças não tem a mesma natureza da rapidez dos cronômetros digitais da era tecnológica. A inserção de recursos tecnológicos no ensino é um processo lento e gradual, passando pela incorporação da cultura tecnológica nem sempre presente na formação clássica.
Foi possível constatar igualmente sinais de uma inserção gradual, mas efetiva, na prática pedagógica, de recursos disponíveis na rede da Internet. Essa conquista passa pela apropriação efetiva do professor que, após as primeiras experiências em sala de aula, consegue inventar seu cotidiano pedagógico, com base em sua própria realidade de trabalho e com sua formação. Quando o professor consegue os primeiros avanços e sente segurança na manipulação dos recursos tecnológicos, normalmente, esse novo instrumento passa a fazer parte da sua rotina de trabalho. Finalmente, as estratégias desenvolvidas pela equipe revelaram a necessidade constante de envolver a participação direta dos próprios professores na produção e análise de recursos didáticos compatíveis com as novas tecnologias da informática e da comunicação.
A equipe de formadores cuja experiência está sendo relatada neste artigo vivencia o desafio de contribuir na formação continuada de professores vinculados è rede municipal de educação da cidade de Campo Grande - MS. Os projetos realizados nos últimos anos consistiram basicamente em potencializar e proporcionar formação continuada aos professores que atuam nas escolas municipais para que estes se apropriem da potencialidade didática dos novos recursos digitais. Mais especificamente, a experiência acumulada pela equipe mostra que um dos desafios se refere à produção de estratégias metodológicas em sintonia com a inserção gradual de recursos tecnológicos digitais em sala de aula.
Existe nessa experiência de formação coletiva e compartilhada um duplo desafio de natureza metodológica, sendo um deles relativo aos procedimentos produzidos pelos professores e que resultam nas atividades escolares, e o outro pertinente ao método de trabalho da equipe para ministrar os cursos de capacitação ou orientar os projetos de práticas realizados pelos professores. Após alguns anos de atuação, a equipe constatou ser este um aspecto crucial que passou a ser objeto de maior atenção. Trata-se do desafio de partir da formação clássica, valorizando saberes e práticas dominadas pelo professor, e reinvestir essa produção em novas possibilidades com a inserção das tecnologias digitais nas atividades escolares. Qualquer mudança possível passa pelo reconhecimento do professor como protagonista central de um processo de produção educacional voltada para os desafios contemporâneos.
Com a tecnologia da Internet à disposição da sociedade temos visto que a forma de obter conhecimentos e, portanto, de aprender tem se modificado exigindo assim que o professor repense a sua forma de ensinar. Mas, para que haja mudanças significativas tanto na produção docente como também nas implicações sociais mais amplas é preciso que o professor conheça, experimente e vivencie situações que propiciem a transformação de sua prática pedagógica. Nesse contexto, a SEMED, por meio da Divisão de Tecnologia Educacional e em parceria com a Coordenadoria do Ensino Fundamental, preparou um curso de formação continuada para os professores de duas escolas da Rede Municipal de Ensino. Esse curso ainda estava em andamento no ano 2013; sendo oferecido por meio do ambiente virtual de aprendizagem Moodle, mesclando momentos de presença física e virtual.
O motivo destacado leva a entender que um dos desafios atuais da sociedade envolve uma expansão qualitativa na apropriação de informações disponíveis nas atuais redes sociais de comunicação. A elaboração do conhecimento sempre passa por uma seleção das informações disponíveis nas referidas redes. Nesse sentido, compartilhamos do pressuposto que os novos recursos tecnológicos podem ampliar, significativamente, as tradicionais alternativas de busca de informação para a elaboração do conhecimento. Não há dúvida que na sociedade atual a presença de “novas” tecnologias é marcante em diferentes setores, inclusive na educação escolar.
Ambientes virtuais de aprendizagem
Os ambientes virtuais de aprendizagem resultam da integração de vários dispositivos tecnológicos com potencialidade educacional para permitir vivências por parte de usuários cujas ações nem sempre são coordenadas por relações docentes clássicos. Essa concepção não depende exclusivamente do instrumento tecnológico em si mesmo. Embora o recurso seja necessário, somente a sua disponibilidade física não é suficiente para desencadear uma experiência cognitiva, pois esta é essencialmente uma atividade humana. Por esse motivo, as possibilidades de interação com recursos dessa natureza passam por constantes fluxos de alteração com a mesma intensidade com que as tecnologias se atualizam a cada dia. Por mais moderna que seja uma plataforma digital, permitindo múltiplas possibilidades de obter informações potenciais para o conhecimento, sempre haverá uma nova versão tecnológica para substituir e ampliar a anterior. Desse modo, os referidos ambientes trazem embutido no próprio conceito pedagógico a ideia de movimento constante e a necessidade de adaptação para vivenciar as mudanças. Assim, não há muito mais espaço para uma estabilidade tão duradoura como existia no tempo natural da vida.
O ritmo de mudança tecnológica requer uma disponibilidade para interagir com a nova plataforma. Mas essa interação com os dispositivos tecnológicos não dispensa o compromisso de vivenciar experiências interativas com outros protagonistas e coletivos que participam do mesmo gênero de atividade de formação. As experiências acumuladas pela equipe da SEMED mostram que esse constante estado de mudança gerou expectativas quanto à possibilidade de participação dos professores que atuam em sala de aula. De que modo o uso das tecnologias poderia contribuir para superar situações de isolamento, sobretudo de comunicação, e enriquecer as condições de aprendizagem dos próprios professores e membros da equipe de formadores?
Neste espaço, os professores planejam as atividades pedagógicas com antecedencia, para que os alunos, num espaço reservado da Web, desenvolvam as suas atividades e também interaja com os seus pares. Estes espaços pode ter duas vertentes, a primeira baseada em uma concepção mais tradicional, concebida ainda na lógica da transmissão de conteúdos, na qual a metodologia é baseada mais na leitura e o ambiente de aprendizagem tem um caráter mais informativo, centralizador e com pouca interação com os seus pares.
O segundo é aquele que promove a aprendizagem colaborativa e envolve múltiplos recursos para prover uma aprendizagem potencialmente mais contextualizada e significativa. Os resultados dependem, por certo, das concepções predominantes na instituição e nas apropriações vivenciadas pela equipe. É preciso ter um entrosamento razoável entre informação e gestão. É preciso que os alunos estejam atualizados em relação aos dados de sua formação. Em seguida, é preciso que o espaço seja favorável ao processo de comunicação, entre professores e alunos, entre os próprios alunos, com a família dos alunos e com os serviços de secretaria. Finalmente, é preciso ter um espaço para as produções dos participantes do curso, incluindo das atividades e a oportunidade de compartilhar o aprendizado.
As características dos ambientes virtuais são apoiados pelas tecnologias digitais, criados para promover a aprendizagem, permitir metodologias para aprendizagem colaborativa, oferecer conteúdos por meio de diferentes representações e permitir formação de grupos para a aprendizagem comum de um determinado assunto. E os elementos envolvidos nestes ambientes são as pessoas, os objetos de aprendizagem e as tecnologias para acessar estes ambientes.
Os ambientes, em geral, estão organizados em diferentes espaços que estão associados a determinadas funções como alguns aspectos merecem ser destacados no sentido de valorizar avanços produzidos pela equipe em sintonia com muitos professores que participaram da formação. Foi possível constatar que alguns recursos, por vezes aparentemente simples, permitem estratégias funcionais e marcantes no sentido de explorar os ambientes virtuais trabalhados. Em primeiro lugar, cumpre lembrar a importância dos quadros de avisos, cuja finalidade consiste em informar os principais acontecimentos aos que participam da dinâmica de estudo. Em seguida, uma atenção especial deve ser dada à biblioteca ou galeria do estudante e do professor, como um espaço para disponibilizar arquivos de estudos e receber os arquivos dos estudantes. As atividades e tarefas também merecem um espaço especial tendo em vista a importânia didática dessa cateforia fundamental a atividade escolar.
O professor é levado a disponibilizar nesse espaço as atividadades propostas aos estudantes. De importância análoga é o fórum de discussão, espaço de troca de informações, contribuições e esclarecimento de dúvidas, contemplando um espaço reservado de comunicação individual entre aluno e professor. Finalmente, não tanto próximo das questões pedagógicas, mas de grande importância para a funcionalidade do sistema como um todo, a secretaria permite um espaço para atualização consante de informações, avisos, solicitações, registros, declarações e outros documentos pertinentes à vida escolar. Desse modo, na continuidade é oportuno tratar de um recurso capaz de funcionar como ambiente virtual de aprendizagem. Trata-se do Moodle, uma plataforma que foi objeto de uma análise mais detalhada de nossa parte.
Destaque de um suporte tecnológico
O projeto do Moodle foi coordenado por Martin Dougiamas, no início da década de 1990, com o propósito de fornecer ao mercado um instrumento que pudesse ser usado por usuários que pretendem desenvolver atividades significativas de aprendizagem, por meio da Internet, para intermediar a Educação. Assim foi tratada numa concepção do construtivismo social, que segundo Nakamura (2009 p. 24), destacando a importância da participação do aluno na aprendizagem, o que é sensivelmente proporcionado pelo aplicativo Moodle.
Esta plataforma de aprendizagem é um espaço de produção de cursos, que dão as possibilidades de aprendizagens virtuais. Com os diversos recursos disponibilizados, os professores, ao planejar as suas aulas, poderão utilizar-se destes para o enriquecimento das aulas ou cursos com a presença física e virtual. Segundo Nakamura (2009), do ponto de vista mercadológico, o Moodle tem sido considerado uma boa ferramenta de gerenciamento de conteúdos curriculares. Um levantamento estatístico realizado em 2008 mostrou que este produto tecnológico estava presente em quase duas centenas de países, abrangendo a expressiva quantidade de mais de 43 mil sites. No Brasil, havia naquele ano mais de dois mil endereços nos quais a plataforma era utilizada, principalmente, para gerenciar cursos ministrados à distância, de nível superior, bem como de formação técnica, de nível médio ou ainda cursos de treinamento profissional oferecido por empresas especializadas. Outro ponto interessante, segundo nosso entendimento, é que esse dispositivo é uma plataforma gratuita, modular, e aberta para os diversos recursos construídos, por meio, da linguagem da internet. Estes podem ser incorporados no ambiente virtual.
A maioria desses recursos pode ser configurada de modo que os alunos possam explorar a potencialidade do ambiente virtual de aprendizagem. Entre os recursos disponíveis para realizar atividades, destacamos os seguintes: Fóruns, Salas de chat, Tarefas, Glossários, Calendários, Bases de dados, Diretórios, Envio de mensagens, Questionários, Webquest, Páginas de texto simples, Páginas de web, Link para sites ou arquivos, entre vários outros. Embora todos estes recursos sejam potencialmente importantes para expandir das condições de acesso à informação e as conseqüentes aprendizagens, a experiência da equipe levou a destacar o caso do fórum, que de forma geral, é muito importante para incrementar a interatividade do processo.
Mas no Moodle os destaques para esse dispositivo tecnológico são ainda maiores no sentido de permitir interação entre os próprios cursistas, além da relação coordenada pelo professor e direcionados aos cursistas. Na realidade, é preciso destacar a existência de diferentes tipos de fóruns. Alguns deles são usados para reuniões mais rápidas realizadas para distribuir as tarefas ou resolver uma questão mais pontual. Os chamados fóruns gerais são aqueles destinados à realização de reuniões abertas para todos os participantes, permitindo levantar diferentes tópicos de discussão. Modelos mais simples, porém, não menos importantes do ponto de vista educacional, são aqueles destinados a uma dinâmica de perguntas e respostas.
Todos os fóruns podem receber e inserir anexos, permitindo explorar diferentes tipos de interação e a entrega de tarefas, que são disponibilizados por todos e para todos os participantes do curso. As atividades realizadas com esse dispositivo, de forma geral, têm espaços específicos para os retornos de avaliações, abrindo espaço para uma espécie de ajustamento entre as diferenças individuais, sobretudo, quanto ao tempo de estudo necessário para as pessoas participantes.
Outros pontos importantes são os relatórios desenvolvidos por meio do ambiente, onde apontam as atividades visualizadas, desenvolvidas e entregues e o último acesso de cada aluno e das notas de uma forma geral dos alunos que participam dos cursos. Ainda estão inseridos nessa linha os trabalhos de pesquisas que estão publicados na Web em formato de artigo, tutoriais, orientações das diversas instituições. Todos estes suportes funcionam como fonte de dados para a análise das apropriações. No caso dos projetos da equipe da SEMED, essas apropriações dizem respeito ao trabalho dos professores que vivenciam o desafio de reinventar suas práticas e ampliar seus saberes. Em suma, merece registro a iniciativa fomentada pela Secretaria de Municipal de Educação de Campo Grande, no sentido de implantar uma experiência inovadora e proporcionar cursos de formação continuada sob a modalidade de educação à distância. Nesse sentido, um dos objetivos deste trabalho consiste em compartilhar os resultados obtidos com a utilização da plataforma Moodle, com destaque para as potencialidades educacionais desse recurso tecnológico da atualidade.
As constantes articulações ocorridas entre as políticas públicas e as potencialidades proporcionadas pelas novas tecnologias digitais têm proporcionado iniciativas diversas para a discussão, formação e integração das tecnologias da informação e comunicação para os diversos setores educacionais, isto é, atua como agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, fomentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação e das técnicas da educação a distância aos métodos didático-pedagógicos. Nessa vertente, as técnicas da modalidade Educação à distância, podem ser apropriadas para todas as ofertas de ensino para a forma do ensinar e do aprender, por meio das tecnologias da informação e comunicação, como é proposto pelo MEC e também sugere Belloni:
Numa ótica da busca de qualidade, parece, pois, essencial deslocar a discussão da “modalidade” para o “método”, isto é, do modo de organizar a oferta de ensino para as formas de ensinar e aprender usando esses novos artefatos, que o progresso técnico coloca à disposição da sociedade como meio de assegurar um ensino de qualidade. (Belloni, 2009)
Ampliar os métodos didático-pedagógicos, buscar projetos e ações para que atenda essas necessidades da formação das crianças e adultos que necessitam do aprendizado dos saberes sistematizados da educação básica é de responsabilidade das instituições educacionais. Nesse modelo, atividades diferenciadas podem ser vivenciadas, como o estudo de caso, pesquisas e diferentes formas de comunicações por meio das tecnologias da informação. Esses diferentes tipos de atividades podem ser disseminados, com uma vivência teórica e prática por meio de ambientes virtuais de aprendizagem. Para este desenvolvimento podemos citar autores que tem a vivência e pesquisa, das quais compartilho do pensamento. Valente (2010, p.09):
A mudança que todos almejam é a passagem de uma educação baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambientes de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento. Essa mudança acaba repercutindo em alterações na escola como um todo: sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento.
Os cursos de formação de professores precisam também passar por uma mudança significativa. As características da escola contemporânea precisam ser contempladas nos cursos de formação inicial e para os demais profissionais da educação.
Outra discussão proposta por Valente (2005 p. 23) é um diálogo e reflexão que todos que vivenciamos a formação de professores, nos questionamos: sem o conhecimento técnico será possível implantar soluções pedagógicas inovadoras e vice-versa; sem o pedagógico os recursos técnicos disponíveis serão adequadamente utilizados? Neste diálogo: O domínio das técnicas acontece por necessidades e exigências do pedagógico e as novas possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico, constituindo uma verdadeira espiral de aprendizagem ascendente na sua complexidade técnica e pedagógica (APUD Valente, 2002a p. 23). Nessa mesma linha de pensamento e ainda no que se refere ao fazer pedagógico para o processo de ensino devemos refletir e ampliar o conhecimento que temos de alguns conceitos como: informação versus conhecimento e ensino versus aprendizagem. Da informação versus o conhecimento, Valente faz as seguintes considerações:
A informação será tratada aqui como os fatos, os dados que encontramos nas publicações, na Internet ou mesmo aquilo que as pessoas trocam entre si. Assim, passamos e trocamos informação. O conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, próprio e impossível de ser passado.(Valente p. 24)
A aprendizagem, por meio dos ambientes virtuais, pode decorrer em termos de ações, que tanto o aprendiz quanto o computador executam, as quais auxiliam a compreensão de como o aprendiz adquire novos conhecimentos: como o aprendiz, durante o processo de resolução de uma tarefa, passa de um nível inicial de conhecimento para outros mais elaborados.
Análise de produções docentes
Uma das intenções deste artigo consiste em compartilhar as produções de professores do ensino fundamental que vivenciaram o desafio de utilizar recursos tecnológicos em suas salas de aula. A análise da experiência é enriquecedora no sentido de envolver a questão metodológica, categoria pedagógica fundamental para construir um caminho de significação das atividades escolares compatíveis com os recursos tecnológicos da informática. Assim, observamos que a análise da produção docente revela apenas uma parte da experiência, sintetizada em determinado momento que está inserido numa trajetória mais ampla de mudança e desafios.
Um dos compromissos mantidos pela equipe foi sempre procurar manter a motivação dos professores participantes dos projetos de capacitação. Esta foi uma dinâmica metodológica adotada no sentido de proporcionar um ambiente de valorização e respeito profissional à produção docente, que se aproxima de uma abordagem típica da pesquisa-ação. A equipe de formadores compartilha dos problemas vivenciados pelos professores, sobretudo, pela consciência dos desafios metodológicos que interligam as realidades das salas de aula aos espaços institucionais do órgão gerenciador da educação municipal. O trabalho de desenvolver e disseminar o uso das tecnologias digitais, destacando as questões mais próximas do viés metodológico, constitui o campo de atuação comum de formadores e professores. Diante desses pressupostos, a experiência aqui compartilhada consiste em apresentar estratégias desenvolvidas para o uso das tecnologias que possibilitam mais a autoria e aprendizagem por meio da construção colaborativa de textos e outras atividades.
Para esboçar o panorama mais amplo das ações envolvidas nos projetos mencionados neste artigo entendemos ser proveitoso destacar alguns aspectos históricos relativos à inserção das tecnologias digitais nas escolas municipais de Campo Grande (MS). Um registro inicial deve ser feito sobre o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), do Ministério da Educação, implantado em 9 de abril de 1997, por meio da portaria nº 522/MEC. A ideia principal contida nesse programa era delinear uma política pública, interligando questões de formação de professores e a inserção dos recursos tecnológicos na educação nacional. Alguns anos depois, por força do decreto 6300, de 12 de dezembro de 2007, esse programa a ser chamado de Programa Nacional de Tecnologia Educacional, com objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica. A implantação desse programa na rede de escolas municipais de Campo Grande – MS ocorreu ainda no ano de 1997, com a participação inicial de cinco escolas que atendiam os critérios estabelecidos pela Comissão Estadual de Informática.
O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação passou a articular várias formas de armazenamento, tratamento e difusão da informação que possibilitam uma primeira ampliação das condições de estudo. Ainda que modesta, em termos de abrangência, esta experiência foi muito significativa no sentido de proporcionar e despertar um novo olhar do professor para questões educacionais associadas aos novos dispositivos de acesso à informação. Na continuidade dessa experiência, houve uma expansão expressiva quando foram implantadas salas de informática em todas as escolas municipais, inclusive naquelas situadas na zona rural. Para coordenar essa expansão foi instituído o Núcleo Municipal de Tecnologia Educacional, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação. A função deste núcleo foi implantar as salas de informática nas escolas bem como a condução dos trabalhos desenvolvidos pelos professores que atuam na sala de informática.
A rede municipal de ensino de Campo Grande possuía, em 2010, 93 escolas com um total de 114 salas de informática, sendo 106 na zona urbana e 8 na zona rural. Na grande maioria é equipada, em média, com vinte computadores de forma a atender no máximo dois alunos por máquina, com acesso à Internet, com exceção para algumas escolas da zona rural. O uso desse recurso é uma ferramenta poderosa de acesso às informações com as quais se pode vivenciar experiências cognitivas relevantes, com destaque para os primeiros ensaios de trabalhos colaborativos.
Os projetos realizados contemplam a formação continuada, como foi destacado, na política da educação a distância, outros que são de entrega de equipamentos tecnológicos, e citaremos agora os de nossa vivência: Projeto Proinfo, integrando os primeiros computadores em sala de aula; Projeto UCA (Um computador por aluno), projeto piloto que está em implementação na Escola Agrícola do Municipal de Campo Grande; Aluno Integrado, curso oferecido aos alunos, da escola pública, com formação técnica para o uso das tecnologias da informação e comunicação, visando a qualificação e a socialização do jovem e o Portal do Professor, ambiente virtual para disseminar as possibilidades pedagógicas por meio das mencionadas tecnologias, onde profissionais da área de educação possam contribuir , trocar experiências e dinamizar o trabalho pedagógico. Estas atividades coordenadas pela esfera federal estão ligadas aos 10 anos de experiências acumuladas nas salas de informática das escolas municipais vinculadas a SEMED.
A instituição entendeu que dado a demanda de aprendizagem por meio dos recursos tecnológicos contemporâneo, era o momento de implantar o uso do próprio ambiente virtual de aprendizagem para vivenciar o desenvolvimento da autoria e dos trabalhos colaborativos nos fazeres pedagógicos. Implanta-se então a educação a distância na nossa Secretaria. De início humilde, respeitando as limitações e entraves, superando-as uma a uma. Instalou-se o Moodle em um Servidor Web para que pudéssemos iniciar o trabalho. A preparação do Projeto de Educação a Distância da SEMED e do curso de Tutoria em Educação a Distância , que foi criado em inúmeros encontros com os diversos setores da Equipe SEMED e de responsabilidade do NUTED.
A escolha do ambiente Moodle se deu pelos seguintes motivos: programa aberto, desenvolvido por meio da colaboração e com gratuidade; possui muitos módulos de atividades proporcionando ao professor a integração deste, conforme o planejamento pedagógico; possibilita a inserção de códigos como o Java Script e outras linguagens da Internet; possui Fórum da Comunidade Moodle para contribuir e disponibilizar recursos, dúvidas, experiências e aprendizagens; é uma ferramenta utilizada por grandes instituições educacionais; contém materiais instrucionais disponibilizados na Internet, possibilita experiências de formação continuada; possibilita aos estudantes desenvolvimento de atividades em locais que permite o acesso à Internet; é um recurso que pode ser utilizado para a formação do professor.
A apresentação do projeto ocorreu no dia 18 de agosto de 2009, com a participação da professora Mirtes Alonso, cujas ideias serviram de referência inicial e motivação a todos os professores que tiveram a oportunidade de ouvir sua conferência. Foi uma espécie de despertar coletivo quanto às possibilidades de visualizar novos caminhos de ação pedagógica sem o imperativo das determinações burocráticas. São registros necessários para entender o que passaria a ser, posteriormente, a implantação do Projeto de Educação a Distância da SEMED. O oferecimento do primeiro curso iniciou com a adesão de 83 formadores, sendo professores e técnicos da secretaria.
Porém, nem tudo acontece como planejado, o primeiro tutor do curso, receberá uma proposta de trabalho, cujo valor financeiro era irrecusável, assim fora embora e mais ainda, as condições técnicas começaram dar problemas para o acesso do ambiente. Alguns dias não tinha acesso e o outro também não. Nosso trabalho de divulgação e disseminação do curso estava ruindo. O retorno da assessoria prestada pelo professor Pedro Demo à SEMED foi providencial, porque potencializou a equipe a continuar superando os desafios.
No andamento dos cursos e projetos ministrados, nas leituras e reflexões foi possível perceber alguns conceitos, que não fazia antes parte das nossas referências anteriores, como é o caso da aprendizagem virtual. (Demo, 2009). Que posteriormente já fora transformados em curso oferecido aos professores que atuam nas duas Escolas de Tempo Integral. Estas tem uma peculiaridade diferenciada das demais escolas, cada aluno tem o seu notebook. Assim esta proposta do curso, foi elaborada juntamente com a equipe dos setores responsáveis e que veio em boa hora. O Curso Aprendizagem Virtual é composto de dois módulos, com a carga horária de 40 horas, distribuída em presença física e presença virtual. Onde os assuntos foram as ferramentas de interatividades Wiki e Webquest, com a discussão de teoria e a vivência pedagógica dessas ferramentas
A vivência da implantação do Projeto de Educação a Distância foi uma experiência significativa para a equipe de formadores e para os professores participantes dos cursos ministrados. A experiência relatada pelos participantes foi única no sentido de permitir a elaboração de um trabalho colaborativo, onde não havia um suposto centro difusor dos saberes ou soluções para as questões da sala de aula. Nesse sentido, fica evidente e reforçada a necessidade de valorizar a dimensão coletiva desse tipo de projeto motivado pela inserção crescente dos recursos tecnológicos nas práticas educativas escolares. Um dos domínios desafiador pertence à esfera dos métodos de ensino mais adequados à utilização pedagógica das redes digitais de informações. Por esse motivo, consideramos pertinente tratar da questão a partir de noções propostas por Lèvy (1998), principalmente quanto às produções possíveis de uma inteligência coletiva, bem como da noção do aprender bem, como coloca Demo (2009) e a noção de aprendência na linha proposta por Assmann (1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A finalização deste artigo proporciona uma oportunidade para reforçar a necessidade contemporânea de disponibilizar experiências ao professor. A inserção dos recursos tecnológicos na prática educativa confirma, em vista o dinamismo de suas alterações, que a formação é sempre um processo contínuo. De modo geral, todos têm muito a estudar e a aprender. Estar em estado de aprendência. Conforme muitos membros da equipe relataram, a participação na experiência de forma colaborativa foi extremamente positiva no sentido de descortinar nossas possibilidades de aprendizagem. Novos caminhos surgem a cada experiência e a parceria com os professores atuantes em sala de aula é também motivadora, mais ainda quando os primeiros resultados começam a surgir. Um aprendizado maior merece ser destacado nessa finalização, sempre se deve partir da realidade efetiva na qual o professor exerce e produz sua prática. Essa revelação se deu pelo entusiasmo, seriedade nas discussões e estudos e na participação engajada nos cursos. Ao oferecer recursos disponibilizados na Internet, para que se obtenha a aprendizagem do assunto de seu curso, os cursistas vivenciaram este momento, de forma reflexiva e crítica para melhor compreender este fazer pedagógico de modo a transpor este conceito na sua prática. Possibilitando assim visualizar e constatar igualmente sinais de uma inserção gradual, na prática pedagógica, de recursos disponíveis na rede da Internet. A equipe relataram a experiência de vivenciar as atividades de forma colaborativa, onde todos contribuíam para ampliar os conhecimentos de todos, abrindo espaço para uma nova reflexão sobre a noção de ambientes virtuais de aprendizagem, que certamente transcende os limites ditados pelos suportes materiais da tecnologia. Em síntese, as estratégias desenvolvidas pela equipe revelaram a necessidade constante de envolver a participação direta dos próprios professores na produção e análise de recursos didáticos compatíveis com as novas tecnologias da informática e da comunicação. Esta proposição nos leva a refletir sobre nas competências necessárias para a sociedade contemporânea.
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Palavras-chave: Formação de professores. Tecnologias na Educação. Métodos de ensino. Tecnologias digitais na Escola
Considerações iniciais
O problema focalizado neste artigo está inserido no atual movimento de inserção dos recursos tecnológicos nas práticas escolares, tomando como referência a produção de professores que atuam na Educação Básica, estimulados a participar de projetos de formação continuada ministrados por uma equipe da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (MS) (SEMED). O principal objetivo desses projetos é contribuir no processo de ampliação das condições pedagógicas para que os professores vivenciem novas experiências de ensino, usando recursos tecnológicos digitais. As práticas que foram objeto de nossa análise têm dois níveis interligados e merecem um destaque no sentido de compartilhar a experiência da equipe de formadores. O primeiro diz respeito às práticas conduzidas pela própria equipe e o outro diz respeito à produção dos professores participantes de projetos de formação. O destaque dessas práticas relacionadas permite focalizar de modo mais específico os desafios e as possibilidades dos atuais ambientes virtuais de aprendizagem, diante da inserção dos recursos tecnológicos digitais nas práticas educativas escolares.
A dinâmica usada pela equipe de formadores procurou seguir as linhas básicas que fundamentam a pesquisa-ação, por envolver o cotidiano vivenciado pela equipe de formadores e das relações estabelecidas com os professores que atuam em sala de aula. Nesse sentido, um dos procedimentos iniciais consistiu em estimular os professores a compartilhar suas experiências e dificuldades relacionadas à inserção do uso das tecnologias digitais em suas aulas. Essa iniciativa teve o propósito de delinear um problema significativo para a maioria dos professores participantes, no sentido de sua viabilidade de condução. Logo nas primeiras reuniões realizadas com esse objetivo foi possível destacar certa preocupação dos professores quanto às possíveis alterações no plano da cognição, decorrente do uso dos recursos informatizados em sala de aula.
De forma geral, a preparação do trabalho de orientação aos professores partiu do princípio de que a transição para uma prática pedagógica mais inovadora, com base em informações digitais, requer estratégias educacionais mais audaciosas do que as dos métodos clássicos de ensino. Porém, a equipe tinha consciência que não seria possível inovar procedimentos metodológicos sem que houvesse certo embasamento conceitual que fosse compatível com as novas interfaces computacionais. Por esta razão, analisamos noções cujas características são compatíveis com este cenário pedagógico. Trata-se da interatividade e da simulação, conceitos considerados apropriados à pesquisa de estratégias metodológicas, contando com o uso de recursos da informática. A importância dessas noções resulta de uma proximidade entre elas e a concepção usual de aprendizagem, pois o conhecimento envolve a existência de uma relação entre dois elementos que são o sujeito e o objeto.
Os resultados obtidos pela equipe de formadores têm permitido identificar alguns pontos essenciais que devem ser incorporados em novos projetos, visando reinventar a educação comprometida com o nosso tempo de atuação na instituição escolar. Nesse sentido, foi possível constatar, até o atual momento, uma expansão positiva e crescente da consciência geral dos professores quanto à necessidade de avançar na produção de métodos compatíveis com a sua formação e também com a potencialidade proporcionada pelos instrumentos tecnológicos. Entretanto, ao que tudo indica o tempo necessário para ocorrer mudanças não tem a mesma natureza da rapidez dos cronômetros digitais da era tecnológica. A inserção de recursos tecnológicos no ensino é um processo lento e gradual, passando pela incorporação da cultura tecnológica nem sempre presente na formação clássica.
Foi possível constatar igualmente sinais de uma inserção gradual, mas efetiva, na prática pedagógica, de recursos disponíveis na rede da Internet. Essa conquista passa pela apropriação efetiva do professor que, após as primeiras experiências em sala de aula, consegue inventar seu cotidiano pedagógico, com base em sua própria realidade de trabalho e com sua formação. Quando o professor consegue os primeiros avanços e sente segurança na manipulação dos recursos tecnológicos, normalmente, esse novo instrumento passa a fazer parte da sua rotina de trabalho. Finalmente, as estratégias desenvolvidas pela equipe revelaram a necessidade constante de envolver a participação direta dos próprios professores na produção e análise de recursos didáticos compatíveis com as novas tecnologias da informática e da comunicação.
A equipe de formadores cuja experiência está sendo relatada neste artigo vivencia o desafio de contribuir na formação continuada de professores vinculados è rede municipal de educação da cidade de Campo Grande - MS. Os projetos realizados nos últimos anos consistiram basicamente em potencializar e proporcionar formação continuada aos professores que atuam nas escolas municipais para que estes se apropriem da potencialidade didática dos novos recursos digitais. Mais especificamente, a experiência acumulada pela equipe mostra que um dos desafios se refere à produção de estratégias metodológicas em sintonia com a inserção gradual de recursos tecnológicos digitais em sala de aula.
Existe nessa experiência de formação coletiva e compartilhada um duplo desafio de natureza metodológica, sendo um deles relativo aos procedimentos produzidos pelos professores e que resultam nas atividades escolares, e o outro pertinente ao método de trabalho da equipe para ministrar os cursos de capacitação ou orientar os projetos de práticas realizados pelos professores. Após alguns anos de atuação, a equipe constatou ser este um aspecto crucial que passou a ser objeto de maior atenção. Trata-se do desafio de partir da formação clássica, valorizando saberes e práticas dominadas pelo professor, e reinvestir essa produção em novas possibilidades com a inserção das tecnologias digitais nas atividades escolares. Qualquer mudança possível passa pelo reconhecimento do professor como protagonista central de um processo de produção educacional voltada para os desafios contemporâneos.
Com a tecnologia da Internet à disposição da sociedade temos visto que a forma de obter conhecimentos e, portanto, de aprender tem se modificado exigindo assim que o professor repense a sua forma de ensinar. Mas, para que haja mudanças significativas tanto na produção docente como também nas implicações sociais mais amplas é preciso que o professor conheça, experimente e vivencie situações que propiciem a transformação de sua prática pedagógica. Nesse contexto, a SEMED, por meio da Divisão de Tecnologia Educacional e em parceria com a Coordenadoria do Ensino Fundamental, preparou um curso de formação continuada para os professores de duas escolas da Rede Municipal de Ensino. Esse curso ainda estava em andamento no ano 2013; sendo oferecido por meio do ambiente virtual de aprendizagem Moodle, mesclando momentos de presença física e virtual.
O motivo destacado leva a entender que um dos desafios atuais da sociedade envolve uma expansão qualitativa na apropriação de informações disponíveis nas atuais redes sociais de comunicação. A elaboração do conhecimento sempre passa por uma seleção das informações disponíveis nas referidas redes. Nesse sentido, compartilhamos do pressuposto que os novos recursos tecnológicos podem ampliar, significativamente, as tradicionais alternativas de busca de informação para a elaboração do conhecimento. Não há dúvida que na sociedade atual a presença de “novas” tecnologias é marcante em diferentes setores, inclusive na educação escolar.
Ambientes virtuais de aprendizagem
Os ambientes virtuais de aprendizagem resultam da integração de vários dispositivos tecnológicos com potencialidade educacional para permitir vivências por parte de usuários cujas ações nem sempre são coordenadas por relações docentes clássicos. Essa concepção não depende exclusivamente do instrumento tecnológico em si mesmo. Embora o recurso seja necessário, somente a sua disponibilidade física não é suficiente para desencadear uma experiência cognitiva, pois esta é essencialmente uma atividade humana. Por esse motivo, as possibilidades de interação com recursos dessa natureza passam por constantes fluxos de alteração com a mesma intensidade com que as tecnologias se atualizam a cada dia. Por mais moderna que seja uma plataforma digital, permitindo múltiplas possibilidades de obter informações potenciais para o conhecimento, sempre haverá uma nova versão tecnológica para substituir e ampliar a anterior. Desse modo, os referidos ambientes trazem embutido no próprio conceito pedagógico a ideia de movimento constante e a necessidade de adaptação para vivenciar as mudanças. Assim, não há muito mais espaço para uma estabilidade tão duradoura como existia no tempo natural da vida.
O ritmo de mudança tecnológica requer uma disponibilidade para interagir com a nova plataforma. Mas essa interação com os dispositivos tecnológicos não dispensa o compromisso de vivenciar experiências interativas com outros protagonistas e coletivos que participam do mesmo gênero de atividade de formação. As experiências acumuladas pela equipe da SEMED mostram que esse constante estado de mudança gerou expectativas quanto à possibilidade de participação dos professores que atuam em sala de aula. De que modo o uso das tecnologias poderia contribuir para superar situações de isolamento, sobretudo de comunicação, e enriquecer as condições de aprendizagem dos próprios professores e membros da equipe de formadores?
Neste espaço, os professores planejam as atividades pedagógicas com antecedencia, para que os alunos, num espaço reservado da Web, desenvolvam as suas atividades e também interaja com os seus pares. Estes espaços pode ter duas vertentes, a primeira baseada em uma concepção mais tradicional, concebida ainda na lógica da transmissão de conteúdos, na qual a metodologia é baseada mais na leitura e o ambiente de aprendizagem tem um caráter mais informativo, centralizador e com pouca interação com os seus pares.
O segundo é aquele que promove a aprendizagem colaborativa e envolve múltiplos recursos para prover uma aprendizagem potencialmente mais contextualizada e significativa. Os resultados dependem, por certo, das concepções predominantes na instituição e nas apropriações vivenciadas pela equipe. É preciso ter um entrosamento razoável entre informação e gestão. É preciso que os alunos estejam atualizados em relação aos dados de sua formação. Em seguida, é preciso que o espaço seja favorável ao processo de comunicação, entre professores e alunos, entre os próprios alunos, com a família dos alunos e com os serviços de secretaria. Finalmente, é preciso ter um espaço para as produções dos participantes do curso, incluindo das atividades e a oportunidade de compartilhar o aprendizado.
As características dos ambientes virtuais são apoiados pelas tecnologias digitais, criados para promover a aprendizagem, permitir metodologias para aprendizagem colaborativa, oferecer conteúdos por meio de diferentes representações e permitir formação de grupos para a aprendizagem comum de um determinado assunto. E os elementos envolvidos nestes ambientes são as pessoas, os objetos de aprendizagem e as tecnologias para acessar estes ambientes.
Os ambientes, em geral, estão organizados em diferentes espaços que estão associados a determinadas funções como alguns aspectos merecem ser destacados no sentido de valorizar avanços produzidos pela equipe em sintonia com muitos professores que participaram da formação. Foi possível constatar que alguns recursos, por vezes aparentemente simples, permitem estratégias funcionais e marcantes no sentido de explorar os ambientes virtuais trabalhados. Em primeiro lugar, cumpre lembrar a importância dos quadros de avisos, cuja finalidade consiste em informar os principais acontecimentos aos que participam da dinâmica de estudo. Em seguida, uma atenção especial deve ser dada à biblioteca ou galeria do estudante e do professor, como um espaço para disponibilizar arquivos de estudos e receber os arquivos dos estudantes. As atividades e tarefas também merecem um espaço especial tendo em vista a importânia didática dessa cateforia fundamental a atividade escolar.
O professor é levado a disponibilizar nesse espaço as atividadades propostas aos estudantes. De importância análoga é o fórum de discussão, espaço de troca de informações, contribuições e esclarecimento de dúvidas, contemplando um espaço reservado de comunicação individual entre aluno e professor. Finalmente, não tanto próximo das questões pedagógicas, mas de grande importância para a funcionalidade do sistema como um todo, a secretaria permite um espaço para atualização consante de informações, avisos, solicitações, registros, declarações e outros documentos pertinentes à vida escolar. Desse modo, na continuidade é oportuno tratar de um recurso capaz de funcionar como ambiente virtual de aprendizagem. Trata-se do Moodle, uma plataforma que foi objeto de uma análise mais detalhada de nossa parte.
Destaque de um suporte tecnológico
O projeto do Moodle foi coordenado por Martin Dougiamas, no início da década de 1990, com o propósito de fornecer ao mercado um instrumento que pudesse ser usado por usuários que pretendem desenvolver atividades significativas de aprendizagem, por meio da Internet, para intermediar a Educação. Assim foi tratada numa concepção do construtivismo social, que segundo Nakamura (2009 p. 24), destacando a importância da participação do aluno na aprendizagem, o que é sensivelmente proporcionado pelo aplicativo Moodle.
Esta plataforma de aprendizagem é um espaço de produção de cursos, que dão as possibilidades de aprendizagens virtuais. Com os diversos recursos disponibilizados, os professores, ao planejar as suas aulas, poderão utilizar-se destes para o enriquecimento das aulas ou cursos com a presença física e virtual. Segundo Nakamura (2009), do ponto de vista mercadológico, o Moodle tem sido considerado uma boa ferramenta de gerenciamento de conteúdos curriculares. Um levantamento estatístico realizado em 2008 mostrou que este produto tecnológico estava presente em quase duas centenas de países, abrangendo a expressiva quantidade de mais de 43 mil sites. No Brasil, havia naquele ano mais de dois mil endereços nos quais a plataforma era utilizada, principalmente, para gerenciar cursos ministrados à distância, de nível superior, bem como de formação técnica, de nível médio ou ainda cursos de treinamento profissional oferecido por empresas especializadas. Outro ponto interessante, segundo nosso entendimento, é que esse dispositivo é uma plataforma gratuita, modular, e aberta para os diversos recursos construídos, por meio, da linguagem da internet. Estes podem ser incorporados no ambiente virtual.
A maioria desses recursos pode ser configurada de modo que os alunos possam explorar a potencialidade do ambiente virtual de aprendizagem. Entre os recursos disponíveis para realizar atividades, destacamos os seguintes: Fóruns, Salas de chat, Tarefas, Glossários, Calendários, Bases de dados, Diretórios, Envio de mensagens, Questionários, Webquest, Páginas de texto simples, Páginas de web, Link para sites ou arquivos, entre vários outros. Embora todos estes recursos sejam potencialmente importantes para expandir das condições de acesso à informação e as conseqüentes aprendizagens, a experiência da equipe levou a destacar o caso do fórum, que de forma geral, é muito importante para incrementar a interatividade do processo.
Mas no Moodle os destaques para esse dispositivo tecnológico são ainda maiores no sentido de permitir interação entre os próprios cursistas, além da relação coordenada pelo professor e direcionados aos cursistas. Na realidade, é preciso destacar a existência de diferentes tipos de fóruns. Alguns deles são usados para reuniões mais rápidas realizadas para distribuir as tarefas ou resolver uma questão mais pontual. Os chamados fóruns gerais são aqueles destinados à realização de reuniões abertas para todos os participantes, permitindo levantar diferentes tópicos de discussão. Modelos mais simples, porém, não menos importantes do ponto de vista educacional, são aqueles destinados a uma dinâmica de perguntas e respostas.
Todos os fóruns podem receber e inserir anexos, permitindo explorar diferentes tipos de interação e a entrega de tarefas, que são disponibilizados por todos e para todos os participantes do curso. As atividades realizadas com esse dispositivo, de forma geral, têm espaços específicos para os retornos de avaliações, abrindo espaço para uma espécie de ajustamento entre as diferenças individuais, sobretudo, quanto ao tempo de estudo necessário para as pessoas participantes.
Outros pontos importantes são os relatórios desenvolvidos por meio do ambiente, onde apontam as atividades visualizadas, desenvolvidas e entregues e o último acesso de cada aluno e das notas de uma forma geral dos alunos que participam dos cursos. Ainda estão inseridos nessa linha os trabalhos de pesquisas que estão publicados na Web em formato de artigo, tutoriais, orientações das diversas instituições. Todos estes suportes funcionam como fonte de dados para a análise das apropriações. No caso dos projetos da equipe da SEMED, essas apropriações dizem respeito ao trabalho dos professores que vivenciam o desafio de reinventar suas práticas e ampliar seus saberes. Em suma, merece registro a iniciativa fomentada pela Secretaria de Municipal de Educação de Campo Grande, no sentido de implantar uma experiência inovadora e proporcionar cursos de formação continuada sob a modalidade de educação à distância. Nesse sentido, um dos objetivos deste trabalho consiste em compartilhar os resultados obtidos com a utilização da plataforma Moodle, com destaque para as potencialidades educacionais desse recurso tecnológico da atualidade.
As constantes articulações ocorridas entre as políticas públicas e as potencialidades proporcionadas pelas novas tecnologias digitais têm proporcionado iniciativas diversas para a discussão, formação e integração das tecnologias da informação e comunicação para os diversos setores educacionais, isto é, atua como agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, fomentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação e das técnicas da educação a distância aos métodos didático-pedagógicos. Nessa vertente, as técnicas da modalidade Educação à distância, podem ser apropriadas para todas as ofertas de ensino para a forma do ensinar e do aprender, por meio das tecnologias da informação e comunicação, como é proposto pelo MEC e também sugere Belloni:
Numa ótica da busca de qualidade, parece, pois, essencial deslocar a discussão da “modalidade” para o “método”, isto é, do modo de organizar a oferta de ensino para as formas de ensinar e aprender usando esses novos artefatos, que o progresso técnico coloca à disposição da sociedade como meio de assegurar um ensino de qualidade. (Belloni, 2009)
Ampliar os métodos didático-pedagógicos, buscar projetos e ações para que atenda essas necessidades da formação das crianças e adultos que necessitam do aprendizado dos saberes sistematizados da educação básica é de responsabilidade das instituições educacionais. Nesse modelo, atividades diferenciadas podem ser vivenciadas, como o estudo de caso, pesquisas e diferentes formas de comunicações por meio das tecnologias da informação. Esses diferentes tipos de atividades podem ser disseminados, com uma vivência teórica e prática por meio de ambientes virtuais de aprendizagem. Para este desenvolvimento podemos citar autores que tem a vivência e pesquisa, das quais compartilho do pensamento. Valente (2010, p.09):
A mudança que todos almejam é a passagem de uma educação baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambientes de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento. Essa mudança acaba repercutindo em alterações na escola como um todo: sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento.
Os cursos de formação de professores precisam também passar por uma mudança significativa. As características da escola contemporânea precisam ser contempladas nos cursos de formação inicial e para os demais profissionais da educação.
Outra discussão proposta por Valente (2005 p. 23) é um diálogo e reflexão que todos que vivenciamos a formação de professores, nos questionamos: sem o conhecimento técnico será possível implantar soluções pedagógicas inovadoras e vice-versa; sem o pedagógico os recursos técnicos disponíveis serão adequadamente utilizados? Neste diálogo: O domínio das técnicas acontece por necessidades e exigências do pedagógico e as novas possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico, constituindo uma verdadeira espiral de aprendizagem ascendente na sua complexidade técnica e pedagógica (APUD Valente, 2002a p. 23). Nessa mesma linha de pensamento e ainda no que se refere ao fazer pedagógico para o processo de ensino devemos refletir e ampliar o conhecimento que temos de alguns conceitos como: informação versus conhecimento e ensino versus aprendizagem. Da informação versus o conhecimento, Valente faz as seguintes considerações:
A informação será tratada aqui como os fatos, os dados que encontramos nas publicações, na Internet ou mesmo aquilo que as pessoas trocam entre si. Assim, passamos e trocamos informação. O conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, próprio e impossível de ser passado.(Valente p. 24)
A aprendizagem, por meio dos ambientes virtuais, pode decorrer em termos de ações, que tanto o aprendiz quanto o computador executam, as quais auxiliam a compreensão de como o aprendiz adquire novos conhecimentos: como o aprendiz, durante o processo de resolução de uma tarefa, passa de um nível inicial de conhecimento para outros mais elaborados.
Análise de produções docentes
Uma das intenções deste artigo consiste em compartilhar as produções de professores do ensino fundamental que vivenciaram o desafio de utilizar recursos tecnológicos em suas salas de aula. A análise da experiência é enriquecedora no sentido de envolver a questão metodológica, categoria pedagógica fundamental para construir um caminho de significação das atividades escolares compatíveis com os recursos tecnológicos da informática. Assim, observamos que a análise da produção docente revela apenas uma parte da experiência, sintetizada em determinado momento que está inserido numa trajetória mais ampla de mudança e desafios.
Um dos compromissos mantidos pela equipe foi sempre procurar manter a motivação dos professores participantes dos projetos de capacitação. Esta foi uma dinâmica metodológica adotada no sentido de proporcionar um ambiente de valorização e respeito profissional à produção docente, que se aproxima de uma abordagem típica da pesquisa-ação. A equipe de formadores compartilha dos problemas vivenciados pelos professores, sobretudo, pela consciência dos desafios metodológicos que interligam as realidades das salas de aula aos espaços institucionais do órgão gerenciador da educação municipal. O trabalho de desenvolver e disseminar o uso das tecnologias digitais, destacando as questões mais próximas do viés metodológico, constitui o campo de atuação comum de formadores e professores. Diante desses pressupostos, a experiência aqui compartilhada consiste em apresentar estratégias desenvolvidas para o uso das tecnologias que possibilitam mais a autoria e aprendizagem por meio da construção colaborativa de textos e outras atividades.
Para esboçar o panorama mais amplo das ações envolvidas nos projetos mencionados neste artigo entendemos ser proveitoso destacar alguns aspectos históricos relativos à inserção das tecnologias digitais nas escolas municipais de Campo Grande (MS). Um registro inicial deve ser feito sobre o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), do Ministério da Educação, implantado em 9 de abril de 1997, por meio da portaria nº 522/MEC. A ideia principal contida nesse programa era delinear uma política pública, interligando questões de formação de professores e a inserção dos recursos tecnológicos na educação nacional. Alguns anos depois, por força do decreto 6300, de 12 de dezembro de 2007, esse programa a ser chamado de Programa Nacional de Tecnologia Educacional, com objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica. A implantação desse programa na rede de escolas municipais de Campo Grande – MS ocorreu ainda no ano de 1997, com a participação inicial de cinco escolas que atendiam os critérios estabelecidos pela Comissão Estadual de Informática.
O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação passou a articular várias formas de armazenamento, tratamento e difusão da informação que possibilitam uma primeira ampliação das condições de estudo. Ainda que modesta, em termos de abrangência, esta experiência foi muito significativa no sentido de proporcionar e despertar um novo olhar do professor para questões educacionais associadas aos novos dispositivos de acesso à informação. Na continuidade dessa experiência, houve uma expansão expressiva quando foram implantadas salas de informática em todas as escolas municipais, inclusive naquelas situadas na zona rural. Para coordenar essa expansão foi instituído o Núcleo Municipal de Tecnologia Educacional, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação. A função deste núcleo foi implantar as salas de informática nas escolas bem como a condução dos trabalhos desenvolvidos pelos professores que atuam na sala de informática.
A rede municipal de ensino de Campo Grande possuía, em 2010, 93 escolas com um total de 114 salas de informática, sendo 106 na zona urbana e 8 na zona rural. Na grande maioria é equipada, em média, com vinte computadores de forma a atender no máximo dois alunos por máquina, com acesso à Internet, com exceção para algumas escolas da zona rural. O uso desse recurso é uma ferramenta poderosa de acesso às informações com as quais se pode vivenciar experiências cognitivas relevantes, com destaque para os primeiros ensaios de trabalhos colaborativos.
Os projetos realizados contemplam a formação continuada, como foi destacado, na política da educação a distância, outros que são de entrega de equipamentos tecnológicos, e citaremos agora os de nossa vivência: Projeto Proinfo, integrando os primeiros computadores em sala de aula; Projeto UCA (Um computador por aluno), projeto piloto que está em implementação na Escola Agrícola do Municipal de Campo Grande; Aluno Integrado, curso oferecido aos alunos, da escola pública, com formação técnica para o uso das tecnologias da informação e comunicação, visando a qualificação e a socialização do jovem e o Portal do Professor, ambiente virtual para disseminar as possibilidades pedagógicas por meio das mencionadas tecnologias, onde profissionais da área de educação possam contribuir , trocar experiências e dinamizar o trabalho pedagógico. Estas atividades coordenadas pela esfera federal estão ligadas aos 10 anos de experiências acumuladas nas salas de informática das escolas municipais vinculadas a SEMED.
A instituição entendeu que dado a demanda de aprendizagem por meio dos recursos tecnológicos contemporâneo, era o momento de implantar o uso do próprio ambiente virtual de aprendizagem para vivenciar o desenvolvimento da autoria e dos trabalhos colaborativos nos fazeres pedagógicos. Implanta-se então a educação a distância na nossa Secretaria. De início humilde, respeitando as limitações e entraves, superando-as uma a uma. Instalou-se o Moodle em um Servidor Web para que pudéssemos iniciar o trabalho. A preparação do Projeto de Educação a Distância da SEMED e do curso de Tutoria em Educação a Distância , que foi criado em inúmeros encontros com os diversos setores da Equipe SEMED e de responsabilidade do NUTED.
A escolha do ambiente Moodle se deu pelos seguintes motivos: programa aberto, desenvolvido por meio da colaboração e com gratuidade; possui muitos módulos de atividades proporcionando ao professor a integração deste, conforme o planejamento pedagógico; possibilita a inserção de códigos como o Java Script e outras linguagens da Internet; possui Fórum da Comunidade Moodle para contribuir e disponibilizar recursos, dúvidas, experiências e aprendizagens; é uma ferramenta utilizada por grandes instituições educacionais; contém materiais instrucionais disponibilizados na Internet, possibilita experiências de formação continuada; possibilita aos estudantes desenvolvimento de atividades em locais que permite o acesso à Internet; é um recurso que pode ser utilizado para a formação do professor.
A apresentação do projeto ocorreu no dia 18 de agosto de 2009, com a participação da professora Mirtes Alonso, cujas ideias serviram de referência inicial e motivação a todos os professores que tiveram a oportunidade de ouvir sua conferência. Foi uma espécie de despertar coletivo quanto às possibilidades de visualizar novos caminhos de ação pedagógica sem o imperativo das determinações burocráticas. São registros necessários para entender o que passaria a ser, posteriormente, a implantação do Projeto de Educação a Distância da SEMED. O oferecimento do primeiro curso iniciou com a adesão de 83 formadores, sendo professores e técnicos da secretaria.
Porém, nem tudo acontece como planejado, o primeiro tutor do curso, receberá uma proposta de trabalho, cujo valor financeiro era irrecusável, assim fora embora e mais ainda, as condições técnicas começaram dar problemas para o acesso do ambiente. Alguns dias não tinha acesso e o outro também não. Nosso trabalho de divulgação e disseminação do curso estava ruindo. O retorno da assessoria prestada pelo professor Pedro Demo à SEMED foi providencial, porque potencializou a equipe a continuar superando os desafios.
No andamento dos cursos e projetos ministrados, nas leituras e reflexões foi possível perceber alguns conceitos, que não fazia antes parte das nossas referências anteriores, como é o caso da aprendizagem virtual. (Demo, 2009). Que posteriormente já fora transformados em curso oferecido aos professores que atuam nas duas Escolas de Tempo Integral. Estas tem uma peculiaridade diferenciada das demais escolas, cada aluno tem o seu notebook. Assim esta proposta do curso, foi elaborada juntamente com a equipe dos setores responsáveis e que veio em boa hora. O Curso Aprendizagem Virtual é composto de dois módulos, com a carga horária de 40 horas, distribuída em presença física e presença virtual. Onde os assuntos foram as ferramentas de interatividades Wiki e Webquest, com a discussão de teoria e a vivência pedagógica dessas ferramentas
A vivência da implantação do Projeto de Educação a Distância foi uma experiência significativa para a equipe de formadores e para os professores participantes dos cursos ministrados. A experiência relatada pelos participantes foi única no sentido de permitir a elaboração de um trabalho colaborativo, onde não havia um suposto centro difusor dos saberes ou soluções para as questões da sala de aula. Nesse sentido, fica evidente e reforçada a necessidade de valorizar a dimensão coletiva desse tipo de projeto motivado pela inserção crescente dos recursos tecnológicos nas práticas educativas escolares. Um dos domínios desafiador pertence à esfera dos métodos de ensino mais adequados à utilização pedagógica das redes digitais de informações. Por esse motivo, consideramos pertinente tratar da questão a partir de noções propostas por Lèvy (1998), principalmente quanto às produções possíveis de uma inteligência coletiva, bem como da noção do aprender bem, como coloca Demo (2009) e a noção de aprendência na linha proposta por Assmann (1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A finalização deste artigo proporciona uma oportunidade para reforçar a necessidade contemporânea de disponibilizar experiências ao professor. A inserção dos recursos tecnológicos na prática educativa confirma, em vista o dinamismo de suas alterações, que a formação é sempre um processo contínuo. De modo geral, todos têm muito a estudar e a aprender. Estar em estado de aprendência. Conforme muitos membros da equipe relataram, a participação na experiência de forma colaborativa foi extremamente positiva no sentido de descortinar nossas possibilidades de aprendizagem. Novos caminhos surgem a cada experiência e a parceria com os professores atuantes em sala de aula é também motivadora, mais ainda quando os primeiros resultados começam a surgir. Um aprendizado maior merece ser destacado nessa finalização, sempre se deve partir da realidade efetiva na qual o professor exerce e produz sua prática. Essa revelação se deu pelo entusiasmo, seriedade nas discussões e estudos e na participação engajada nos cursos. Ao oferecer recursos disponibilizados na Internet, para que se obtenha a aprendizagem do assunto de seu curso, os cursistas vivenciaram este momento, de forma reflexiva e crítica para melhor compreender este fazer pedagógico de modo a transpor este conceito na sua prática. Possibilitando assim visualizar e constatar igualmente sinais de uma inserção gradual, na prática pedagógica, de recursos disponíveis na rede da Internet. A equipe relataram a experiência de vivenciar as atividades de forma colaborativa, onde todos contribuíam para ampliar os conhecimentos de todos, abrindo espaço para uma nova reflexão sobre a noção de ambientes virtuais de aprendizagem, que certamente transcende os limites ditados pelos suportes materiais da tecnologia. Em síntese, as estratégias desenvolvidas pela equipe revelaram a necessidade constante de envolver a participação direta dos próprios professores na produção e análise de recursos didáticos compatíveis com as novas tecnologias da informática e da comunicação. Esta proposição nos leva a refletir sobre nas competências necessárias para a sociedade contemporânea.
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