A Inovação e Mudança na Educação

É óbvio que nossas escolas, com os atuais métodos de educar, núcleo de testes, muitas matérias e impraticabilidade, está preparando nossos jovens para o seu futuro como adultos: esforço inútil e confusão.

A inovação na educação começa com um desejo de mudar o que existe, a fim de acompanhar o ritmo evolutivo da sociedade, pois uma das questões mais relevantes dos principais problemas que temos no Brasil é a qualidade do ensino.

A excelência educacional não é mais um objetivo fixo. Enquanto as competências básicas tais como a leitura, escrita e matemática mantêm-se no núcleo do currículo, as habilidades desenvolvidas sobre essa fundação acompanham as mudanças na nossa sociedade.

À proporção que as pessoas procuram adaptar-se a estas mudanças neste contexto evolutivo, busca na educação sua afirmação no futuro. Com o ingresso no mercado de trabalho a necessidade de educação se torna e resulta no aumento das expectativas do nosso sistema educativo.

Para flexibilizar e aumentar sua eficácia num contexto de mudanças global que está transformando toda a nossa sociedade, o Estado e as instituições educativas (as instituições do comércio, da indústria e das finanças começam a se conscientizar sobre a educação) busca maneiras de reestruturação, onde a educação é o setor que vai nos preparar para garantir nosso sucesso neste novo mundo.

Mudanças nas políticas públicas, na economia e na sociedade de nações ao redor do mundo estão ocorrendo. No Brasil, vemos um aumento da demanda nas pessoas e nas instituições do nosso país, incluindo a educação.

Torna-se necessário pensar numa mudança sistêmica na educação que envolva políticas públicas, sistemas de ensino, assistência social, ações sociais, sistemas de tecnologia, sistemas de comunicação e informação indo além do pensamento de problemas únicos e soluções simples.

Um dos mecanismos para auxiliar nesta mudança é democratizar o ensino e a escola, estendendo a tomada de decisões ao professor cuja participação mais ampla pode acarretar na melhoria do ensino abrindo espaço para a introdução e novos conceitos, métodos de ensino e renovar a relação de autoridade. Ao mesmo tempo, é preciso interagir com a comunidade.

Um vasto segmento de professores no Brasil, que em muitos casos não têm diploma ou lecionam disciplinas incompatíveis com a formação, traz para a sala de aula seus sentimentos, mentalidade, desmotivação, despreparo e insatisfação quanto a sua remuneração. Nestas condições, que tipo de participação esperar dele? Quanto ao aluno, em grande parte pertencente a camadas mais pobres, onde a fome, a incidência de disfunção familiar e outros elementos negativos são comuns ao ponto da própria criança banalizar quando se refere ao seu lar, aos seus pais, a sua família. Depois, temos a pobreza e a inadequação física e funcional da escola. A soma da pobreza da criança em conjunto com a pobreza da escola desmotivam-na a frequentar as aulas, impele-a ao trabalho para complementar o orçamento familiar ou ficar nas ruas. Daí o problema de como garantir que a criança frequente a escola. E se esta permanece na escola, que nível de aproveitamento, quanto ao aprendizado básico da leitura, da escrita, da matemática podemos antecipar na criança, no aluno? E quanto aos efeitos na sua personalidade e no seu ajustamento social?

Recentemente visitei uma escola na minha cidade, e na minha avaliação e analise observei alguns fatores nesta escola que cobriram alguns pontos importantes como a infraestrutura física no que diz respeito a sua integralidade, a existência de banheiros, condições de higiene, o nível de manutenção visível, a disponibilidade de material de ensino, a qualidade da educação ministrada, a qualidade dos professores, a classificação que as crianças estão recebendo, a qualidade da diretora da escola, a maneira do envolvimento desta na rotina da operação escolar e sua eficácia como gestora. Também, observei o envolvimento desta escola na dinâmica da comunidade. A partir dessa avaliação pude diagnosticar os problemas nessa escola, e conhecendo outras escolas, cheguei à conclusão que cada escola é diferente e precisa de um conjunto de soluções diferentes.

Como sabemos, o currículo ministrado é determinado pelo sistema educacional e o professor observa essas diretrizes para ensinar aos alunos. Ao professor não é dado o espaço para introduzir inovações que tragam informações e competências que auxiliem as crianças a pensar de forma critica e de tomar decisões independentes. Essencialmente, o professor é um produtor de capital humano, um condutor de inteligência e sonhos. Ele precisa ser liberado das delimitações que o predeterminado currículo escolar lhe impõem e ter o espaço para inovar e dinamizar o ensino.

Estamos na era digital, onde um volume massivo de informação de múltiplas fontes influencia a criança e o estudante. Este indivíduo vai à escola e naturalmente cria um comparativo entre a dinâmica escolar, seus agentes, e as informações que percebe fora do âmbito escolar. Podemos esperar que este pupilo assista as aulas sem inquietude?

A criança e o estudante aprendem mais fora da classe do que apenas inserido neste contexto de mesmice. Se não for dada a atenção devida para ajudar o aluno a lembrar o que é aprendido, as lições em sala de aula podem ser desperdiçadas. A alfabetização básica impressa é uma vantagem educativa, mas a escola primária é o tempo para uma fundação de conhecimento com uma estrutura histórica de tempo e espaço. E a procura do conhecimento muitas vezes é uma simples coleta de informações fragmentadas. O aprendizado deve conter criatividade, imaginação, filosofia, o pensamento crítico e construtivo, e estes atributos não vêm apenas de livros nem de informações em sala de aula, como também das experiências na vida real e habilidades práticas.

A função da escola é auxiliar o aluno a se tornar num adulto completo, com pensamento independente, crítico e auto-suficiente, com projeto de vida e visão do futuro. O ensino deve abrir espaço para reações naturais e espontâneas, o questionamento, para a imaginação livre, e o verdadeiro aprendizado se inicia quando não existe o medo de perguntar e inquirir do professor, de sugerir alternativas no fazer, daí ele começa a entender sua cidadania.

Porque não levar o estudante a visitar, outras escolas, o campo, a praia, o comércio, a indústria, as instituições e instalações do serviço público tais como a cadeia, os bombeiros, o hospital, o depósito de lixo e outros?

Porque não dinamizar o currículo tornando prática a experiência escolar de uma maneira que provoque interações genuínas com o mundo real, e assim vincular causas e efeitos para a criança criar o senso de progressão dos fatos e acontecimentos no seu ambiente? A educação é um investimento no saber, e o professor é um produtor de capital humano. A educação deve trazer em si criatividade e inovação para aumentar crescimento e produtividade no aprendizado. Portanto, a fim de ter êxito deve-se repensar e reformar o “fazer” na educação.

Porque não incentivar a interação entre o empresário e outros agentes da comunidade com a escola, numa parceria prática e sustentável que inclua, a critério de cada um, a interferência em um aspecto, ou nos vários problemas de cada escola?

Porque não trazer o profissional liberal, o técnico, os agentes comunitários, os agentes dos serviços preventivos e emergenciais como o policial, o bombeiro, o operador da ambulância, e o comerciante à sala de aula para transmitir a sua experiência e estreitar a relação entre “fazer” suas funções e “ser” o que ele representa na comunidade, na sociedade, e assim desmistificar a sua trajetória e condição, tornando acessível aos alunos a sua experiência como algo tangível e concreto? Nesta interação da comunidade, a criança pode aprender a reconhecer e valorizar as suas primeiras diferenças individuais, entendendo a diversidade social tão essencial quanto a biodiversidade.

Porque em vez do encontro constrangedor entre pais e mestres, não incentivar uma relação mais próxima entre professores e pais e dividir o desafio de ensinar com estes, e usar desta oportunidade uma aproximação oportuna com a casa da criança para conhecer em primeira mão a realidade do aluno, e juntos, professores e pais criar um conhecimento mútuo e solidário onde o compartilhamento de informações e ideias se torne num acessório na educação do estudante?

Atualmente é comum ouvirmos falar sobre a necessidade de mudanças na educação. Alguns defendem que precisamos voltar ao básico, pois a leitura, escrita e aritmética sempre foi o fundamento da educação e assim permanecem.

Outros visualizam diversos métodos de ensino que flexibilizem e tornem a aprendizagem mais colaborativa e experimental.

A humanidade em sua coevolução trabalho/educação atravessou a época da agricultura, da revolução industrial e estamos na era da informação. Com as novas disciplinas e os novos conhecimentos, à medida que o tempo passa a sociedade se move para a era da comunicação, onde o processo de mudança a partir de um modelo de escolaridade para outra, que é ainda desconhecido, causará caos e confusão, bem como novas oportunidades e novas possibilidades. Precisamos entender o processo por meio do qual os novos sistemas e formas acontecem, para podermos preparar a criança atual para este futuro próximo.

Atualmente, o sistema educacional é baseado em um conjunto de ideias básicas sobre como ensinar que se fundamenta em princípios que atribuem e validam a criação do conhecimento somente ao acadêmico e aos peritos, onde o professor é apenas um depositário que transmite conhecimento sob a forma de informação, e o aluno é avaliado e classificado proporcionalmente ao volume de informações que armazena.

O sistema educacional atual criou princípios nos quais só os acadêmicos e os peritos criam conhecimento, que o professor repassa estes conhecimentos, e o aluno é classificado pela quantidade de informações que assimila em pressupostos fixos, imutáveis, perdendo a visão que o professor, o administrador e outros estão revestidos da responsabilidade de um cargo de transmissor de conhecimento e como levar o saber a criança. O momento é chegado para os professores e os educadores refletirem criticamente sobre suas próprias suposições e crenças para entenderem que os pressupostos que fundamentam e legitimam o atual sistema educacional é falho.

Considerando a estreita relação entre o cérebro humano e a informação, porque não dinamizar o ensino em lugar de apenas transmitir o conhecimento superficial? Não se pode controlar o conhecimento, pois a era da informação disponibiliza conhecimentos amplamente e de múltiplas fontes para crianças e estudantes. Porém, nem todo o estudante tem acesso a estas informações, o que já lhes causa prejuízos e continuará a interferir com o seu progresso escolar.

Não existe uma resposta exata, e o mundo que vivenciamos nos traz respostas várias e possibilidades múltiplas. Precisamos tentar, errar e aprender com as lições do passado. E tomemos como premissa para qualquer mudança na educação, o fato de que a criança não tem voz ativa, não tem escolha. Os educadores precisam estudar e constantemente se atualizar para manter uma noção clara de como as pessoas aprendem e como funcionam os sistemas. E dentro desta realidade de novas formas de educação para a criança serem efetuadas com sucesso, a comunidade como um todo precisa adotar um conjunto de princípios sobre a natureza fundamental da aprendizagem em si, pois os novos sistemas educacionais que surgirão serão a suma destes pressupostos que continuarão a guiar-nos neste novo século.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 15/11/2015
Reeditado em 23/08/2016
Código do texto: T5449239
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.