O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA: IMPORTÂNCIA E DESAFIOS
Resumo
Este trabalho mostra os novos desafios impostos à escola e ao professor do século 21, exigindo-lhes uma tomada de atitude rápida em relação às novas tecnologias e aos novos recursos da comunicação. É fato que tais meios fazem parte da realidade atual, no entanto, apesar de estarem presentem também em sala de aula por intermédio dos alunos quando usam um celular, um tablet, um iPhone, etc, nem sempre a própria escola está preparada para trabalhar esses meios, seja por falta de infraestrutura ou por ausência de material humano capacitado. O presente trabalho também aborda a importância desses recursos do dia a dia do professor em sala de aula como também na formação continuada deles, além da necessidade de orientar os alunos para viverem com responsabilidade no mundo virtual. A metodologia usada foi a pesquisa em livros e sites, além de pesquisa quantitativa com professores da rede municipal de ensino de Reriutaba. No entanto, para que essas mudanças sejam feitas de forma positiva, é preciso mais investimento por parte dos administradores municipais, como também dos gestores e professores atuantes nas escolas, pois a escola e seus profissionais precisam dar uma resposta rápida a esses estudantes que se indagam por que ir à escola se tudo pode ser encontrado na internet com um simples toque numa tecla. Assim, as práticas pedagógicas e administrativas precisam ser renovadas, ou pelo menos abertas, para que os novos meios de comunicação sejam inseridos em seu cotidiano.
Palavras-chave: educação, comunicação, internet, mídias.
 
1. Introdução
Muitos são os desafios do professor em sala de aula para se ter uma turma produtiva e comportada. A indisciplina por parte dos alunos, a falta de motivação, o baixo rendimento escolar, o despreparo por parte do professor são os principais vilões que perseguem o educador diariamente.
E como se já não bastassem os tradicionais problemas, para os despreparados, o século 21 trouxe mais outro: a tecnologia. Graças a ela, as informações chegam até nós instantaneamente, o que nos coloca em um mundo em que saber apenas os conteúdos estudados na escola não é mais o suficiente, uma vez que o mundo globalizado exige que nos mantenhamos informados o tempo todo. Para isso, é preciso que sejamos informatizados.
Numa era em que as crianças parecem nascer plugadas, livros, cadernos e lápis tornaram-se obsoletos e já não mais as atraem tanto. Nem mesmo o cheirinho de material novo chama tanta atenção quanto um tablet, um videogame ou até mesmo um celular, aparatos que fazem parte do cotidiano delas.
Se por um lado as novas tecnologias são uma fonte de aprendizado para os discentes, por outro causam arrepios em muitos educadores que não conseguiram acompanhar a evolução tecnológica. E o pior, nem mesmo tentam acompanhá-la, e vão ficando cada vez mais para trás na corrida tecnológica.
A verdade é que o mundo tecnológico está à porta e não há mais como ignorá-lo. No entanto, integrar essas tecnologias à sala de aula ainda é pouco frequente, além de ser um enorme desafio para os docentes. Outra dura realidade é que quase sempre as formações continuadas se voltam para o teórico, fazendo com que os professores muitas vezes busquem informações em outros espaços, aleatoriamente, o que não os capacita para a realidade que lhes espera em sala.
Quando usadas em sala, essas tecnologias geralmente aproximam professores e alunos, fazendo com que falem a mesma língua, já que os conteúdos passam a ser apresentados de forma mais interativa, o que facilita e muito o convívio entre ambos. Dessa forma, os alunos deixam de ser meros receptores das mensagens enviadas pelos professores e passam a interagir, a recriar, a avaliar e a ver o aprendizado de uma forma mais atraente. Contudo, apesar de tantas vantagens, muitos docentes ainda se esquivam dessas novas ferramentas e continuam trabalhando os métodos antigos – pode-se dizer assim –, tornando suas aulas sem atrativos e, consequentemente, sem bons resultados.
Vale salientar, no entanto, que muitas escolas ainda não estão preparadas para receberem tais tecnologias, seja por falta de espaço físico ou por outras razões, como ausência de sinal de antena, impossibilitando, assim, o uso da internet.
É verdade que em muitos rincões a internet ainda não chegou, ou, se chegou, ainda é muito lenta, quase inoperante, o que torna impossível o uso desses recursos por partes dos professores. Todavia, mesmo sob essas condições, os docentes não têm razões para se esconderem atrás desses problemas e evitarem conhecer tais tecnologias, pois é possível que no ano seguinte eles tenham mudado de escola e possam atuar em outra que fazem uso desses recursos.
No entanto, segundo Edvaldo Couto, professor da Universidade Federal da Bahia, “A mera presença dos objetos técnicos em sala de aula não significa necessariamente inovação. Pode até ser um grande retrocesso. O computador sozinho não faz nada”. Defensor do “uso de toda e qualquer tecnologia em sala de aula”, ele afirma que a falta de estrutura nas escolas e a má formação tecnológica dos professores contribuem para o insucesso do ingresso dessas ferramentas em sala de aula.
1. 1. Os novos recursos da comunicação: uma nova janela
Apesar de a tecnologia ser uma excelente ferramenta em sala de aula, que conecta a escola ao mundo, fazendo com que o mundo venha até a escola ao apertar de uma tecla, é bem verdade que ela sozinha não resolve nada. Afinal, para que qualquer ferramenta seja útil, é preciso alguém que saiba manuseá-la adequadamente, caso contrário, será tão inútil quanto um caderno rasgado.
Num mundo informatizado, onde as informações estão em todos os lugares, instantaneamente, é necessário estarmos atentos ao acesso e seleção desses dados. Afinal, o conhecimento é uma forma de poder, e saber o que acontece, e como acontece, é ter esse poder.
Foi-se o tempo em que apenas o que o professor falava era a certeza absoluta, a incontestável verdade do mestre que sabia de tudo, e qualquer dúvida em relação a determinado assunto poderia ser tirada consultando o livro didático, o dicionário ou uma enciclopédia. Livros consultados, dúvidas tiradas. Após isso, os livros retornavam às prateleiras, e quando fossem consultados novamente, estavam lá o mesmo assunto, as mesmas imagens, os mesmos autores.
Em relação a determinadas disciplinas, como história, ciência, geografia – áreas em que há constantes transformações –, se houvesse alguma mudança ou novas descobertas, ter-se-ia que esperar anos a fio para que tais assuntos fossem atualizados nos livros didáticos. Quando chegavam às salas de aula, as informações já estavam quase obsoletas, e o aluno continuava sempre muito atrás dos acontecimentos.
Hoje, com a tecnologia ao alcance de todos – ou de quase todos –, os rumos das informações mudaram. O computador, por exemplo, são os olhos do mundo, janelas abertas em todas as direções, que a todo momento informa, mostra e atualiza, trazendo as mais diversas informações de todos os cantos do Planeta. Com isso, a sala de aula está mais dinâmica, atualizada, informada e informatizada. Mas será essa mesma a realidade de nossas escolas? É verdade que a tecnologia e os novos recursos da comunicação estão aí, e em grande parte das escolas eles se fazem presentes. No entanto, a pergunta a ser feita é: eles são usados de fato como ferramenta parceira em sala de aula?
O termo “inovação” é bastante conhecido nas secretarias escolares, que cobram de seus professores que inovem em suas práticas pedagógicas, em busca de uma sala de aula mais atrativa, para que tenham, assim, alunos mais interessados e, consequentemente, resultados positivos. Segundo Moran (2003), “as escolas, para se tornarem inovadoras, precisam incluir as novas tecnologias e utilizá-las nas atividades pedagógicas e administrativas, garantindo o acesso à informação a toda a comunidade escolar”.
No entanto, é comum vermos computadores em escolas, mas restritos aos gestores escolares, usando-os como bancos de dados, sem que os alunos tenham acesso. Isso quando funcionam. Muitas vezes eles estão lá, estocados, empoeirados num canto do depósito, à espera de alguém que venha instalá-los. Como exemplo, temos o Proinfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional), que é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de 1997 e regulamentado pelo Decreto 6.300, de 12 de dezembro de 2007, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. O município se inscreve no programa para receberem os computadores. O MEC/FNDE compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolas públicas de educação básica. Em contrapartida, os governadores locais ou estaduais se responsabilizam por providenciarem as estruturas necessárias para que os computadores sejam instalados.
No entanto, devido ao desinteresse por parte de alguns administradores públicos em cuidar das escolas, que não investem na infraestrutura das escolas do município, muitas vezes esse material fica jogado num canto qualquer, sem uso, causando grande desperdício do dinheiro público.
Portanto, não basta tê-los, é preciso usá-los, e mais importante ainda, saber usá-los, pois não adianta abrirmos uma janela na parede se ela fica todo o tempo fechada.
2. O professor e o uso da tecnologia em sala de aula: o grande desafio
As novas tecnologias na sala de aula já não são mais novidades, uma vez que muitas escolas dispõem de vários recursos tecnológicos como televisão, DVD, data-show, caixas de som e até mesmo laptops. A questão é: e os professores, como estão fazendo uso dessas ferramentas? Eles estão, de fato, fazendo o correto uso desses instrumentos? Sabem usá-los? De que forma os estão usando?
A tecnologia, em especial a informática, ainda é algo recente em muitos lugares do Brasil, principalmente nos interiores. Há poucos anos, nem mesmo a luz elétrica havia chegado a todos os lugares do país. As escolas públicas eram simples prédios com uma infraestrutura precária, muitas delas com apenas duas salas de aula, ou três, e os professores limitavam-se ao quadro e giz, quando muito conseguiam algum livro extra ou uma ou outra revista doada por alguém vindo dos grandes centros. Praticamente todos os que estavam em sala não tinham formação acadêmica, e seus conhecimentos limitavam-se à disciplina que lecionavam.
Nos tempos modernos, quando a grande maioria dos professores é formada, e muitos deles atuam na área na qual se capacitaram, a escola tem outra cara. Mas como o tempo não para e o mundo está em constantes mudanças, outro desafio bateu às portas das escolas: a tecnologia. Com isso, a chance de uma aula mais dinâmica e proveitosa surgiu, pois alunos e professores têm em mãos novas ferramentas que proporcionam um aprendizado de maneira mais agradável, deixando de lado a velha caneta, o caderno e o livro didático para mergulhar no mundo da imagem viva, imagem em movimento, a cores, oportunizada pelo uso do vídeo e do computador. Mas
“O importante é que os novos recursos como o computador, a televisão, o cinema, os vídeos, CDs, DVDs não sejam meros instrumentos, mas venham a desencadear transformações estruturais na velha escola. Só assim [...] a função do professor pode ser revitalizada, libertando-o da aula de saliva e giz, e estimulando o aluno a uma posição menos passiva e mais dinâmica” (ARANHA, 2006, p. 362).
Com esses recursos em mãos, o professor está munido para ministrar uma aula que fuja da mesmice, de um simples repassador de conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida acadêmica para um mediador versátil, capaz de transformar sua aula num laboratório, onde seus alunos farão experimentos com eles próprios, testando sua capacidade de compreensão e sua informação, uma vez que essas ferramentas proporcionam aos alunos uma maneira de exporem suas opiniões sobre o que viram e entenderam, ou não. É um leque que se abre em forma de discussão, quando todos têm a chance de participar, de dialogar, de refletir. No entanto, cabe ao professor mediar o debate, para que ele não se transforme num monólogo ou não se estenda demais. É ele quem vai dar as coordenadas, colocar os alunos no trilho da discussão, abrindo caminhos e indicando que rumo o debate deve seguir.
Por sua vez, a aula deixa de ser entediante, chata, desinteressante. E o aluno, que antes cochilava em sala e torcia para que o tempo passasse logo, agora nem vê as horas passar, ligado no conteúdo diferente, na aula que nem parece ser aula, mas um momento de descontração e entretenimento.
No entanto, tudo tem dois polos. Enquanto o computador e as demais mídias são incontestavelmente relevantes para auxiliar o educador em sala e para que ele possa de fato dar uma boa aula,
“o outro lado da moeda é que o acesso ao computador tem criado um novo tipo de exclusão, qual seja, a do analfabeto digital. Mas, para que haja verdadeira ‘democracia eletrônica’, diz o filósofo Pierre Lévy: ‘não se deve entender por isso um acesso ao equipamento (grifo nosso), a simples conexão técnica [...]” (ARANHA, 2006, p. 362).
Portanto, para que o uso dessas mídias seja válido, é preciso que o condutor dessas tecnologias – neste caso, o professor – tenha pelo menos um conhecimento razoável sobre o que tem em mãos.
2. 1. Tecnologia e educação, uma parceria perfeita, mas nem sempre fácil de fazer
Ter uma escola equipada com o melhor e mais atual dos aparelhos tecnológicos parece ser o sonho da grande maioria dos gestores escolares, pois se acredita que os recursos midiáticos podem trazer grandes benefícios em relação ao aprendizado dos alunos, uma vez que essas tecnologias já fazem parte do cotidiano dos alunos. Contudo, fazer com que essas ferramentas sejam de fato úteis em sala de aula é outra conversa.
De acordo com Guilherme Canela Godoi, coordenador de comunicação e informação no Brasil da Unesco, braço da ONU dedicado à ciência e à educação, não parece ser tão simples assim, uma vez que “Ainda não conseguimos desenvolver de forma massiva metodologias para que os professores possam fazer uso dessa ampla gama de tecnologias da informação e comunicação, que poderiam ser úteis no ambiente educacional”. Em uma entrevista concedida à Veja, Godoi fala sobre os desafios que professores e pais têm pela frente para tirar proveito da tecnologia em prol da educação.
Ao ser indagado sobre a extensão do uso das novas tecnologias nas escolas brasileiras, o entrevistado afirmou que “infelizmente, não existem dados confiáveis que permitam afirmar se as tecnologias são muito ou pouco utilizadas nas escolas brasileiras”, mas que de acordo com “censos educacionais realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que a maioria das escolas públicas já tem à sua disposição uma série de tecnologias”. No entanto, “a presença dessas ferramentas não significa necessariamente uso adequado delas”, afirmou.
A educação tem tudo para melhorar com a chegada da tecnologia em sala, mas se não há profissionais capacitados para fazer uso adequado dela, não se pode esperar grandes avanços. Esta é uma realidade bastante comum nas escolas públicas municipais de Reriutaba, cidade a noroeste do Ceará.
Das 22 escolas municipais existentes, todas têm computadores, porém apenas 10 disponibilizam de laboratório com internet para os alunos. As demais não têm espaço adequado, o que acaba por ficar aparelhos sem serem usados. Mesmo nas escolas que disponibilizam de internet, nem todo dia funciona ou é lenta demais, porém o maior problema é com o material humano: muitos professores não sabem usar o computador de maneira adequada.
Em uma pesquisa realizada para este trabalho com 10 professores das escolas públicas municipais de Reriutaba, 4 deles afirmaram não saber usar adequadamente um computador, apesar de terem o aparelho em casa. Destes, 3 disseram não saber anexar um documento nem usar o Power Point, aplicativo bastante utilizado em sala de aula para a apresentação de trabalhos. Além disso, 1 afirmou não gostar de usar computador, e só o usa em caso de extrema necessidade.
Diante dessa realidade, a ligação entre a tecnologia e a educação nem sempre é fácil de acontecer devido ao despreparo de professores em relação aos recursos midiáticos.
3. O uso da mídia na formação continuada de professores
A formação continuada é uma realidade na vida de professores, seja da rede municipal, estadual ou privada. Além dos tradicionais recursos usados nas formações como cartazes, papel, canetas, material para dinâmica, a tecnologia também é um recurso completamente indispensável nessas formações.
O formador, geralmente um professor treinado para executar tal função, tem o domínio necessário para apresentar os conteúdos em Power Point, tabelas do Excel, fazer uso de vídeos e músicas, além de saber conectar um data-show ao laptop e à caixa de som. Entretanto, o que parece ser tão simples, para a maioria dos professores presentes à formação essa parafernália toda ainda é um bicho de sete cabeças. Sem dúvida, acham interessante a apresentação, o banco de dado informatizado, a música e todos os recursos, mas boa parte deles não faz a mínima ideia de como aquilo funciona.
De acordo com Libâneo,
Também fazem parte das práticas de formação continuada aquelas ações de acompanhamento das equipes das escolas promovidas pelas Secretarias de Educação, visando apresentar diretrizes gerais de trabalho, oferecer assistência técnica especializada ou programas de atualização e aprimoramento profissional. Todavia, cabe um papel decisivo às equipes técnica das escolas (especialmente os coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais) que prestam assistência pedagógico-didática aos professores, coordenam reuniões e grupos de estudo, supervisionam e dinamizam o projeto pedagógico, auxiliam na avaliação da organização escolar e do rendimento escolar dos alunos, trazem materiais e propostas inovadoras, acompanham as aulas, prestam assistência na atualização de novos recursos tecnológicos como o computador, a Internet (LIBÂNEO, 2008, p. 229.)
De acordo com Aranha (2006, p. 362), “o outro lado da moeda é que o acesso ao computador tem criado um novo tipo de exclusão, qual seja, a do analfabeto digital”, e muitos professores estão do outro lado da moeda, pois foram excluídos, ou excluíram-se, gradativamente. Alguns afirmam não “terem cabeça” para lidar com tantos botões, e não procuram fazer um esforço para aprender a usá-los; outros se dizem desinteressados devido à idade, e que celulares e tablets são coisas de jovens.
Em sua entrevista concedida à Veja, ao ser indagado se as novas tecnologias fazem parte da formação dos professores, Godoi afirma que “Com relação à formação continuada, ou seja, à atualização daqueles profissionais que já estão em serviço, aparentemente nós temos avanços um pouco mais concretos. [...]. Mas ainda precisa avançar muito”.
É indiscutível que este avanço precisa acontecer, porém é preciso reconhecer que “os professores não nasceram digitalizados, enquanto seus alunos, sim”, é o chamado “gap geracional”. Portanto, é preciso que algo seja feito, e deve começar pela própria Secretaria de Educação, que é o setor responsável pela formação continuada do professor.
3.1. O professor e a atualização: um grande avanço para uma aula de qualidade
Atualização, reciclagem, treinamento, formação continuada são terminologias bastante conhecidas na Educação, por ser essa ideia de fato bastante difundida nesse meio, uma vez que as mudanças acontecem a todo instante e o professor precisa ficar por dentro do que está acontecendo. Caso contrário, corre o risco de ficar para trás.
Um professor que não se recicla (alguns não gostam do termo “reciclar-se”), ou não se atualiza, que não estuda nem pesquisa, que não faz questão de interagir com o mundo virtual e tecnológico é um professor do passado. Hoje, as informações se espalham como fogo em capim seco. O que acabou de acontecer do outro lado do mundo pode-se presenciar no Brasil ao vivo, seja pela televisão ou pela internet. Portanto, um educador que não sabe usar a internet, está bastante atrasado em relação aos seus alunos, pois eles já obtiveram essa informação por meio de seus celulares. Assim, o professor, que antes era quem detinha todo o conhecimento e informação, agora é que passa a ser informado.
Se o educador não se atualizar, se não procurar aprender a usar os novos recursos, sua aula ficará ultrapassada, sem graça, e os alunos vão sentir isso, e, aos poucos, a sala pode virar um ambiente chato e sem atrativo. O professor acabará perdendo o controle da turma, e a turma, por sua vez, passará a se ausentar dessa aula cada vez mais. É preciso que o educador interaja com os alunos em todos os sentidos de aprendizados; a aula monótona de “saliva e giz” não atrai mais os alunos de hoje. É necessário que os estudantes se envolvam na aprendizagem, que eles se sintam dentro da realidade. Não adianta mais ficar falando da Independência do Brasil apenas com o texto do livro didático e aquela pintura (quadro) em que D. Pedro levanta o chapéu. É preciso muito mais. Para isso, existem vídeos, depoimentos e muitos outros suportes para auxiliar o professor e os alunos. Pois,
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar os instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível. Essa aprendizagem exige uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos, de maneira totalmente diferente da aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e superficiais (PCNs, 1997, p. 64).
Ensinar é muito mais que o simples repassar de conhecimentos, é buscar novos desafios, novas informações, interagir, fazer os alunos pensar e refletir, e refletir junto com eles. O professor precisa ser ousado, estar sempre em busca de novas formas de aprendizado, questionando sua própria metodologia, variar os recursos usados em sala, inovar, inserir o novo ao tradicional, fazer diferente. Assim são os jovens, ousados, aventureiros, sempre em busca de novidades e se atualizando. Dessa forma, jamais se prenderão a uma aula que acontece sempre da mesma forma.
Há muitas formas de o educador se atualizar. Como o conteúdo é algo que ele aprende durante seu período acadêmico e vai se familiarizando a ele com o passar do tempo (pois à medida que ensina, mais aprende), e ele está sempre lá no livro didático, o professor tem que se voltar mais para outras práticas de ensino. Para isso, é preciso que ele também aprenda essas outras práticas; práticas essas que devem ser buscadas no dia a dia, observando o interesse e a necessidade dos alunos, do que eles gostam, se gostam de música, de filmes, de vídeos. É necessário observá-los, pesquisá-los, compreendê-los. Isso também é uma forma de atualização.
Quanto à tecnologia no dia a dia da escola, é de fundamental importância. No entanto, como afirmou Godoi, “não se deve achar que a simples distribuição de equipamentos resolve o problema”. O professor deve se alfabetizar tecnologicamente, navegar na internet, visitar sites, blogs, baixar vídeos, músicas, enfim, ele deve ser um verdadeiro aventureiro cibernético se quiser dar uma boa aula para essa nova geração de alunos.
4. A seleção de um bom material – eis a questão
Cada professor tem autonomia para usar a metodologia que melhor achar adequada, que facilite seu trabalho no dia a dia em sala de aula e consiga, de fato, fazer com que os alunos tenham um bom rendimento na aprendizagem e, consequentemente, obter os resultados desejados. Para isso ele tem seu momento de planejamento, quando faz uso do livro didático para organizar sua aula, de acordo com a necessidade de sua turma.
Segundo os PCNs,
O livro didático é um material de forte influência na prática de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. Além disso, é importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a ser utilizado, pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma visão ampla do conhecimento (PCNs, 1997, p. 67).
Portanto, uma boa escolha de material não se restringe apenas ao livro didático, é preciso de outros materiais de apoio como jornais, revistas, livros paradidáticos, jogos e a tecnologia. Pois “Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser utilizado com exclusividade. É importante haver diversidade de materiais para que os conteúdos possam ser tratados da maneira mais ampla possível” (PCNs, 1997, p. 67).
O professor deve escolher o material pensando não apenas em como essa escolha pode facilitar o seu trabalho, mas também em como os alunos vão recebê-lo, se vai ter aceitação ou rejeição. Por isso a importância de se ter um leque abrangente de material, nos mais diferentes formatos e gêneros, uma vez que os gostos dos alunos são variados.
Portanto, ao selecionar o material a ser trabalhado em sala ou o que será usado como apoio, deve-se fazer uma filtragem minuciosa, cuidadosa, para que não corra o risco de perder tempo com banalidades ou assuntos que nada têm a ver com o tema a ser estudado. É necessário também que o educador analise o material e o leia, para que não seja pego de surpresa pelos alunos com perguntas capciosas ou que não esteja consciente da resposta.
Se o material a ser estudado em determinado dia for eletrônico, Vítor Monteiro, redator do artigo A importância de utilizar as mídias na educação, sugere como interessante as seguintes ferramentas:
• Correio eletrônico (e-mail);
• Espaço de interação e discussão (fóruns);
• Locais de conversa – “bate-papo” (chats);
• Blogs;
• Navegação livre na internet.
É evidente que todas essas opções devem ser acompanhadas atentamente pelo professor para que não haja mau funcionamento dessas ferramentas, uma vez que a internet é um mundo aberto e de fácil acesso ao apertar de uma tecla.
Ainda segundo Vítor Monteiro, “com o suporte dessas ferramentas, o professor terá condição para desenvolver diversas formas de aprimorar a sua didática e consequentemente a aprendizagem dos alunos”. Por exemplo:
• Auxílio à pesquisa e ao desenvolvimento profissional dos professores;
• Recurso educacional para uma aprendizagem mais motivadora e abrangente;
• Realização de projetos em atividades compartilhadas;
• Transmissão de conteúdos (apresentação de conteúdos e estímulo à interação).
Com as ferramentas adequadas em mãos, o professor tem um excelente apoio para aperfeiçoar a sua metodologia de ensino. Posta em prática, ele tem tudo para dar uma aula dinâmica e proveitosa, pois todo esse material faz parte do contexto dos alunos, e eles vão poder interagir com o professor e com a própria aula de uma forma mais segura, uma vez que eles vão se sentir dentro de sua realidade, de sua “tribo” ou até mesmo no conforto de seu próprio quarto.
Por outro lado, o próprio professor passa a se sentir mais seguro, já que conseguiu prender a atenção da turma. Além disso, ele também aprende a trabalhar essas ferramentas com mais eficiência, uma vez que a prática leva à perfeição. Como prêmio, os alunos passam a interagir mais com ele, professor, pois sentem que agora ambos, professor e alunos, frequentam o mesmo universo e falam a mesma língua, algo importantíssimo para quem precisa conquistar uma turma e executar seu trabalho de maneira atraente e produtiva.
Assim, o educador está contribuindo para a formação do material mais importante a ser usado em sala de aula: o material humano, ou seja, o próprio professor.
Portanto, além de ser de extrema importância a seleção de materiais diversos como as mídias digital e impressa,
“É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e futura” (PCNs, 1997, p. 67).
4.1. O aluno e o uso consciente da internet
Não basta o professor sair por aí à procura de ferramentas digitais para serem usadas em sala de aula. É necessário que ele tenha conhecimento sobre elas e saiba muito bem como usá-las, para que não haja risco de os alunos terem acesso a sites inapropriados ou fazerem uso indevido deles, uma vez que eles acessam livremente sites de relacionamento, onde deixam suas mensagens de amor, de amizade, mas também de desrespeito. Como, por exemplo, o cyberbullying, um tema bastante atual e que tem causado sérios problemas dentro e fora da escola.
Como o mundo virtual é ilimitado, alunos que fazem uso indevido desse universo com fim de prejudicar, agredir psicologicamente e até mesmo de perseguir outros, dificilmente são identificados com facilidade. Portanto, na escola, cabe à Gestão e professores vigiarem esse espaço, principalmente se o computador pertencer à escola. No entanto, sabemos que a internet também está nos celulares, por isso fica praticamente impossível evitar tais problemas.
Sendo assim, é muito importante que seja trabalhado em sala o lado bom do computador, da internet, enfim, conscientizar os alunos de que a tecnologia deve ser usada como forma de aprendizado e de entretenimento também, mas com responsabilidade. Informá-los de que tudo tem causa e consequência, e que podemos navegar por esse fantástico mundo de forma consciente e prazerosa é muito importante.
Segundo Catarina Iavelberg, especialista em Psicologia da Educação e que escreve sobre orientação educacional, “toda escola deveria assumir o compromisso ético de proporcionar aos alunos o uso adequado dessas ferramentas, dando, assim, subsídios para que sejam capazes de filtrar as informações disponíveis, produzir conteúdos e conseguir articulá-los de forma reflexiva”. Dessa forma, as agressões virtuais seriam consideravelmente reduzidas, ou até mesmo anuladas, uma vez que conscientizar é a melhor forma de prevenção.
Mas não existem apenas mazelas neste vasto universo virtual. Graças à internet, temos o mundo na palma da mão, as informações necessárias para sairmos de casa (em relação ao tempo ou ao trânsito) e para trabalharmos (elaborar uma aula dinâmica ou preparar um trabalho escolar); e é este “lado bom” que deve ser trabalhado, explorado e aproveitado.
Ainda segundo Catarina Iavelberg, “realizar uma pesquisa sobre o uso da internet pelos estudantes pode fornecer pistas interessantes. Investigar, por exemplo, qual o tempo destinado às tecnologias, quais os sites e as redes sociais mais frequentados, a natureza dos jogos preferidos etc.” Portanto, há uma série de atividades a ser feitas, das mais variadas maneiras, dinâmicas e interessantes, atividades estas das quais os alunos podem participar ativamente, e em que eles próprios podem ser objetos de seus estudos, uma vez que são eles que fazem parte do universo a ser estudado.
5. Conclusão
Foi possível compreender neste estudo que os recursos midiáticos devem fazer parte continuamente do trabalho do professor em sala de aula, não apenas por serem excelentes suportes, mas por serem também facilitadores da interação do professor com o aluno e do aluno com o mundo, uma vez que os jovens estão inseridos neste ilimitado universo da tecnologia e da comunicação.
Compreendeu-se, também, que não basta equipar as escolas com o que de mais moderno há no mundo tecnológico, é preciso que os professores sejam treinados e capacitados para enfrentarem esse desafio de educar no século 21. Assim sendo, atualizar-se informaticamente é mais do que uma questão de querer, é uma necessidade. É preciso que os professores busquem conhecer as tecnologias o mais rápido possível, a usarem-na em sala de aula, a fim de tornar sua aula mais agradável ou correrá o risco de tornar-se um mero transmissor de mensagens desatualizadas, uma vez que seus alunos se atualizam a cada minuto.
Como disse Fernando Pessoa: “De minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer”. Parafraseando o poeta, “De meu computador vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso meu mundo é tão grande como outra terra qualquer”. E este é o mundo de nossos jovens. Portanto, cabe a nós, que fazemos a Educação, preparar este terreno fértil, mas também minado, para que nossos jovens possam trilhar com segurança e sucesso.
 
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Ver. e ampl. Goiânia, MF Livros, 2008.
MORAN, José M. Gestão inovadora da escola com tecnologias. In: Desafios do Gestor escolar para a mudança organizacional da escola. TRES, Janialy Alves Araújo. Recife: UFPE. p. 9.
CENTRAL DE NOTÍCIAS DO DIREITOS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – CIRANDA. O uso das novas tecnologias em sala de aula. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-e-midia/uso-das-novas-tecnologias-em-sala-de-aula/>. Acesso em: 21 set. 2013.
IAVELBERG, Catarina. É preciso ensinar os alunos a usar a tecnologia com consciência. Disponível em: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/preciso-ensinar-alunos-usar-tecnologia-consciencia-615029.shtml. Acesso em: 22 set. 2013.
MONTEIRO, Victor. A importância de utilizar as mídias na educação. Disponível em: http://www.cpt.com.br/cursos-metodologia-de-ensino/artigos/a-importancia-de-utilizar-as-midias-na-educacao2. Acesso em: 22 set. 2013.
Desafio aos professores: aliar tecnologia e educação. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/desafio-aos-professores-aliar-tecnologia-educacao>. Acesso em: 21 set. 2013.
FNDE. Perguntas e respostas. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/programa-nacional-de-tecnologia-educacional-proinfo/proinfo-perguntas-frequentes>. Acesso em: 20 set. 2013.
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