O PORTUGUÊS MALTRATADO (Um artigo de Luíz Garcia)

O português maltratado

Um artigo de Luiz Garcia postado na revista diálogo médico 01/10 a 30/11.2011

Os erros mais comuns de uma língua difícil para muitos

O idioma é um instrumento para comunicação entre as pessoas. É também um mecanismo dinâmico e, por que não, com rodas dentadas que trituram, misturam ou criam palavras. Dependendo do grau de instrução que se tenha ou da atenção e do cuidado com que se fale, pode-se usar a língua correta ou incorretamente.

Quando usada corretamente, estimula a prática de bons hábitos que consagram a norma culta. Mas usada incorretamente, dá origem aos chamados “vícios de linguagem” que, em longo prazo, desfiguram o idioma e causam uma série de dúvidas.

Em alguns casos, esses vícios são incorporados ao idioma e repetidos não só pela população em geral, mas por personalidades públicas que trabalham com a língua, como jornalistas, apresentadores de rádio e televisão, políticos e atores. E, sem que se dêem conta, muitas pessoas acabam contribuindo para difundir os erros e até mesmo incorporá-los à língua portuguesa.

Na avaliação de Luiz Garcia, Editor de Opinião do Jornal O Globo e autor do manual de redação deste jornal, há várias razões que ajudam a explicar a origem de muitos erros. A escassez de vocabulário e um deles (erros) – Consequência da pouca leitura também.

O mesmo termo usado com numerosos significados, o que empobrece a comunicação. Desconfio que antigamente a gíria enriquecia; hoje, porém, tem efeito oposto – observa Garcia.

Na linguagem escrita, Garcia aponta como erros comuns o de regência. Os lugares-comuns são na opinião do editor, “erros de estilo que tornam o texto monótono. Exemplos? Resgatar, descontraído, visual. O Pernosticismo* é freqüente em nosso português do dia a dia.

Quanto a este, Garcia não poupa críticas. Diz que está presente principalmente em documentos na área do Judiciário e nos textos de cientistas sociais.

A falta de concisão é um problema comum também. É o chamado estilo derramado que dá voltas e voltas e deixa o leitor adormecido no meio do caminho.

O editor de opinião de O Globo cita também, a importação indiscriminada de palavras estrangeiras. Importar não é proibido. Já imaginou dizer iceberg em português? Mas importar o que já temos é apenas burrice. Sou contra a importação indiscriminada de palavras do jargão de certas profissões – principalmente da área de ciências sociais.

Se um estrangeirismo encontra terreno numa língua e floresce é porque merece estar ali. Há expressões ou palavras que conseguem adaptar-se em línguas estrangeiras, mais cedo ou mais tarde serão banidas, mas, cedo ou tarde serão banidas, a exemplo de muitos galicismos que, ontem eram usados em profusão para demonstrar cultura e hoje, são pernósticos e até ridículos.

Chauffeur só durou até que a palavra motorista se formasse, e isso levou tempo.

Futebol, aportuguesamento de football, veio e ficou, driblando o ludopédio e balípodo , e com ele vieram os gols (de goal),e o verbo golear.

Recentemente,foi aprovado o projeto que proíbe o uso de palavras ou expressões estrangeiras por empresas brasileiras – aprovado pela comissão de educação da Câmara.

Luíz Garcia
Enviado por Pacomolina em 14/11/2015
Código do texto: T5448241
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