Igreja e Escola Pedem Socorro!
Alguns voluntários saem de casa e vão à igreja para ministrar catequese aos filhos de religiosos que, de religiosos, nada têm. Estes catequistas fazem reuniões e pedem socorro aos pais para que os ajude a ensinar os seu filhos, preparando-os para a vida que é tão cruel com a maioria de nós. Entretanto, estes pais não aparecem para as reuniões, não participam com seus filhos, não os enviam aos encontros e não verificam sua participação, o que pode ser feito de diversas formas, entre elas, verificando se estão indo aos encontros, se estão levando a Bíblia e material de anotação, a saber, caneta e papel. Mandá-los, pra não dizer levá-los, aos encontros e participar com eles das celebrações. Enfim, a igreja se propõe a auxiliar na formação de seu filhos e não recebem o apoio, nem mesmo dos pais, maiores beneficiários da educação oferecida. No mesmo contexto, estão os professores e professoras de nosso país, que passam pela mesma situação, sem nenhum reconhecimento real e participativo.
Os catequistas e os professores pedem socorro à população de pais e mães, daqueles que se propuseram a sê-lo, adotando ou gestando uma pessoa em fase de aprendizagem e crescimento para a vida.
Os catequistas e professores são como uma pessoa que tenta pular de um lado para o outro, com um só pé no chão. Eles vão indo bem por algum tempo até que, de repente, se veem obrigados a colocar o outro pé no chão, pra evitar a queda em função do desequilíbrio, caracterizado pelas crianças difíceis, devido à falta de interesse participativo. Se têm o outro pé para apoiar, ótimo! Mas se não têm, esborracham-se no chão, em forma de entrega ou desistência, uma doença que se manifesta ou até uma aposentadoria precoce, no caso dos professores. Aqueles que não têm o outro pé, representado aqui, pelas famílias, abrem os braços e se escoram como podem, seja na entidade, na fé, na sua força de vontade ou, até mesmo, nos colegas, tornando-se, ainda que atinja os seus objetivos, pessoas amargas e enfraquecidas, desmotivadas de suas funções educacionais.
O que os professores e catequistas fazem é pedir socorro aos pais, demonstrando a necessidade da sua participação na educação dos filhos e, em resposta, ouvem que os pais estão cansados de ajudar, enviando seus filhos à escola e à igreja. Afinal, “quem leva seu filho à igreja não o busca na cadeia!”
Ora! Vamoss imaginar uma situação: Festa de família em casa, carne de segunda na brasa, cerveja por todos os lados, todos bebendo, comendo e contando piadinhas, risadas e brincadeiras por todos os lados e todos participando ativamente daquela confraternização que, raramente, acontece. Apenas uma vez ou outra, ou que seja, todo final de semana. O pai olha no relógio e, apontando sem deixar o copo, ou seja, mostrando o copo de cerveja para o filho, diz: - “Filhão! Ora de ir para igreja! Vá tomar um banho e se arrumar pra ir à missa!” - Pode ser também à catequese ou à escola, independe porque, por mais obediente que seja seu filho, ele não vai. Poderá até ir de corpo, mas, vai atrapalhar a participação dos demais, porque sua mente está no local onde ele queria estar, “Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.”. (Mt 12,34)
A situação pode ser a mais diversa possível, uma novela, uma discussão, um momento de bobeira, uma sombra ou uma rede à sombra, um trabalho, um plantão, um filme, um jogo de futebol... não importa, seja o que for, é algo que, para este pai, esta mãe ou este familiar, neste momento, tem mais valor que a formação de seu filho, pois é colocado antes disso. A confraternizaçao foi colocada por ser a mais nobre das hipóteses elencadas.
Vamos agora, realizar a mesma situação, com desfecho diferente, onde a festa acontece da mesma forma, mas, no momento certo, o pai ou a mãe ou a avó ou o avô ou o irmão, enfim, tomando o pai como exemplo; ele interrompe o que está fazendo e diz: - “Filhão hora de ir pra igreja. Vá tomar um banho e se arrumar que sairemos em dez minutos pra missa!” - Pode ser também pra catequese ou pra escola. – “Vamos conferir seu material e sair juntos.” – Ele se desculpa com a família e sai em direção à missa, ou catequese ou escola, levando seu filho ou filha, no caso, “o filhão”.
Certamente que “o filhão” vai estar pensando na festa, mas estará sob seus cuidados e não o desafiará para atrapalhar a reunião, seja da escola, da igreja ou catequese. Ele poderá estar emburrado também da segunda vez que o pai fizer isso. Também estará ausente na terceira, na quarta, na quinta, na sexta, na sétima, na oitava, na nona, na décima e na décima primeira vez. Mas o pai não desiste e participa com o filho.
Na décima segunda vez que fizer isso, o filho vai espanar e querer desafiar o pai que, se tiver pulso, será vencedor na batalha, porque tem autoridade sobre o filho, uma vez que manda que faça, o mesmo que ele faz, não algo que ele não pratica.
Assim o filho fará, contra a vontade, nas demais vezes que isso acontecer, mas, na vigésima vez, esteja fazendo o que for, o filho terá a certeza de que, naquela hora, independentemente do que estiver fazendo, ele terá de parar para ir com seu pai à missa. Quando o pai faltar, ou seja, quando o filho não tiver mais o pai, ele continuará a fazer aquilo que o pai sempre fez, ainda que seja por amor e respeito.
Não é preciso que os pais façam mais do que isso, porque, uma vez lá, e controlada “a revolta” de quem lá está, a igreja fará todo o resto. Isso também serve para a catequese e para a escola. Neste caso, torna-se real o ditado acima mencionado, “quem leva seu filho à igreja não o busca na cadeia.”.
E aquele que manda, aponta e faz o filho obedecer, indo à lugares que o próprio mandante não suporta ou não participa? O pai que manda o filho pra escola porque precisa do bolsa família, que manda seu filho pra catequese porque precisa do apoio da igreja, que manda seu filho à missa porque é necessário que se tenha Deus na vida, mas não faz, ele próprio, nada do manda? O que este pai está ensinando, na verdade, é que seu filho deve obedecer. Deve obedecer sem questionar e, quando percebe, seu filho é o mais obediente de todo o bairro. Ele obedece e não questiona. Faz o que aprendeu a fazer: “obedecer”.
Esse mesmo pai não consegue entender depois, quando as drogas, o crime e toda espécie de vícios, atingirem o seu filho, tão obediente e tão bom! Não percebe, este pai que, tudo o que ensinou a seu filho foi obedecer incondicionalmente e, tudo o que o crime, os vícios e o mundo precisou fazer, foi mandar, na certeza de que seu filho obedeceria cegamente, sem questionar. Afinal, foi o que ele aprendera daquele que tudo lhe ensinara; seu pai...