Troque o smart pelo SEU herdeiro
Muitas pessoas, em relação ao TEMPO, confundem “perder” com “investir”.
Dentre estes, muitos pais e avós de guris abaixo de 6 anos, gastam por exemplo, R$ 200,00 para adquirir: dois bonecos, duas bolas de borracha, dois carros de plástico, um celular de plástico, um balde plástico, uma colher de plástico e um chocalho. Sendo este à pilha, sempre repetindo sons programados pelo toque em 4 ou 6 botões coloridos. Não exigem que as mãos do guri se movam. Apenas os dedos. A semente do L.E.R.
Depois da aquisição deste material, largam o guri num local “seguro” (nada é 100% seguro quando tem criança por perto) e o deixam isolado explorando a imaginação para manipular os objetos disponíveis enquanto o adulto escreve um artigo, lava louça, recolhe o lixo, corta cebola ou consulta mensagens.
Esquecem que crianças a partir de 1 ano já ficam entediadas depois de repetirem 15 vezes as mesmas ações concedidas. Claro que a partir daí, elas projetam rabiscar paredes, trepar no parapeito da janela, amarrar o rabo do papagaio, desmontar o celular, abrir o forno e outras aventuras no universo do lar.
Outro enorme grupo - pais chegam em casa aborrecidos por centenas de fatos: fechada de carro, pneu furado, chefe exigente, cliente que deu cheque sem fundos, colega opositor do projeto no escritório, perda da chave da caixa de correio, fila na lotérica, pisada que levou dentro do coletivo lotado e banheiro ocupado pelo cunhado justo quando imaginou tomar banho. E algumas vezes descarregam a ira no guri que agora imagina que com a chegada dos pais, terá parceiros para aprender novas peripécias e exibir suas habilidades com as do dia anterior.
Este seria o momento ideal (o herdeiro sonhou com ele ao longo do dia) para se desligar do mundo real cruel que não figura nas propagandas de TV. Desfrutar de 45 minutos relaxantes com o guri (estes momentos não voltarão) elaborando novas atividades (até a mudança de posição de um objeto ao guri parece ser algo novo) que podem ser construídas em parceria sem exigir do adulto nenhum curso de mestrado para desenvolver estas ações relaxantes. Aproveitando o ensejo para transmissão das mensagens éticas, morais e familiares que neste ambiente são fáceis de implantar nas jovens mentes.
Desliguem o smart e coloquem a cabeça para funcionar e provocar a mente de seu herdeiro/parceiro. Com duas satisfações garantidas.
1 – Gasto quase zero (vá juntando grana para o material escolar do próximo ano).
2 – Valorização (guardada no coração com carinho por muitos anos) que a criança dá ao “brinquedo” criado com seus “heróis”. O brinquedo comprado por R$ 250,00, cheio de funções mirabolantes (consulte manual para saber usa-las) perde o interesse em menos de um mês. Até um adulto fica enjoado de seu carro adquirido há seis meses. Já não o lava semanalmente na garagem do prédio. Só volta a examinar os pneus quando está perto de fazer a vistoria obrigatória anual.
Atividades lúdicas até 3 anos são apenas mecânicas, para desenvolvimento da coordenação motora e esgotamento de energia para que eles durmam por 9 horas seguidas. A partir do momento em que começam a soletrar e efetuar as 4 operações, estas atividades podem passar a conceder pontos (tornam-se competições onde o raciocínio e a disciplina devem ser exaltadas com ênfase).
No início de janeiro de 2015 fiquei chocado com uma cena leviana. Uma avó (quase 70 anos) empurrando o carrinho pela calçada com o neto de 15 meses no interior deste. Na barra horizontal frontal do veículo, uma “prancheta” de LCD amarrada com velcro exibindo um desenho animado qualquer. Cada vez que as rodas subiam ou desciam os buracos de nossas “primorosas” passagens, os olhos do guri subiam e desciam repentinamente. Quando eu a alertei para o malefício futuro ao rebento, ela respondeu: - “É a única maneira para ele ficar quieto até a hora do almoço”. Calculei que faltavam umas 3 horas para a referida refeição.
Creio que aos 4 anos ele já estará de óculos. Menos mal. Será?
Para não transformar este pretenso alerta numa tese de mestrado, encerro por aqui. Tentarei regularmente editar na minha página do face algumas peripécias fáceis e baratas de elaborar sob o rótulo “LAPIDANDO UMA JÓIA”.
Vai que no seu prédio aparecem mais 4 ou 5 casais lúcidos e vocês formam uma “oficina” semanal no sábado para juntar estas crianças no play e criar um vínculo real de amizade entre elas.
No face você pode encontrar “amigos”. Inclusive um pedófilo disfarçado que marca encontro com seu herdeiro (seu maior tesouro) para fazer-lhe mal.
Atenção pediatras: orientem seus clientes com medicamentos químicos e atitudes saudáveis para elaborar a matriz de bons cidadãos.
A escola informa. A família forma. Os pais guiam.
Você abre mão de ser o maior Mestre de seu herdeiro?
Vai permitir que ele aprenda em grupos de esquina?
Haroldo P. Barboza – out/2015