Os governos de Lobo D' Almada e Eduardo Gonçalves Ribeiro
Manuel da Gama Lobo D' Almada e Eduardo Gonçalves Ribeiro, dois importantes personagens da História do nosso estado. De épocas diferentes, o primeiro do final do século 18 e o outro do alvorecer da República Velha, esses dois homens empreenderam governos que ficaram eternizados por sua eficiência em modernizar e dotar Manaus das condições necessárias para o seu crescimento.
Ao assumir a Capitania de São José do Rio Negro, em 1788, Manuel da Gama Lobo D' Almada, Brigadeiro e engenheiro militar português, deu início a uma série de mudanças na estrutura política e econômica da região. Transferiu, em 1791, a capital de Mariuá (Barcelos) para o Lugar da Barra (Manaus), que possuía localização geográfica privilegiada, na confluência dos rios Negro e Amazonas, o que acabava facilitando a defesa e o comércio da Capitania. Prédios públicos são erguidos: No lugar da antiga Igreja de N. S. da Conceição, erguida em 1695, manda construir um novo templo; construiu um Palácio dos Governadores, Quartel e Cadeia Pública.
No campo econômico, deu destaque para a indústria e expandiu o setor primário. Introduziu gado no Vale do Rio Branco, atual estado de Roraima. Foram construídas uma fábrica de panos de algodão, uma de tecidos e redes; um depósito de pólvora; uma terracena para construir embarcações [...]; uma padaria de pão de arroz; uma fábrica de panos de algodão em rolos, com 18 teares e 10 rolos de fiar com 24 fusos cada uma; cordoaria para fabricação de cordas e amarras de piaçaba e calabres; uma fábrica de fécula de anil, uma nora para distribuir água; uma horta; olaria fábrica de velas de cera, um açougue; e um engenho para moer cana e fabricar cachaça e mel (1).
Além de aumentar consideravelmente o “parque industrial” do Lugar da Barra, também construiu uma escola de música e aumentou o número de soldados para a proteção da capital. Temeroso pelo rápido crescimento do Lugar da Barra e o prestígio de Lobo D' Almada, que acreditava poder tomar seu posto de governador, o Capitão-general Francisco de Sousa Coutinho, do Grão-Pará, com o auxílio de seu irmão Rodrigo, Ministro de Portugal, corta as verbas para a Capitania do Rio Negro e persegue Almada, conseguindo fazer a capital retornar para Barcelos, em 1799. Pobre e abandonado, Lobo D' Almada morre em Barcelos, em 27 de outubro de 1799.
A 27 de fevereiro de 1892 tem início o governo de mais um militar, que ficou marcado como um dos mais bem executados do Amazonas. Era o governo do engenheiro militar maranhense Eduardo Gonçalves Ribeiro, que já havia estado no cargo entre 2 de novembro de 1890 e 5 de maio de 1891.
Nos quatro anos em que governou o Amazonas, de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896, Eduardo Ribeiro soube aproveitar perfeitamente o aumento da arrecadação dos cofres públicos, em ascensão graças à exportação da borracha, e realizou obras de embelezamento, saúde e educação.
Em sua administração, nivelou e criou bairros; pavimentou ruas; construiu o Instituto Benjamin Constant para jovens órfãs; foram entregues seis escolas públicas primárias em Manacapuru, Humaitá e Lábrea; Criou um hospício; abriu a estrada Manaus – Rio Branco; construiu as Pontes Romanas, Ponte Benjamin Constant e Ponte da Cachoeira Grande; Teatro Amazonas; Iluminação elétrica a arco voltaico; contratou o serviço de navegação com escalas para o Mediterrâneo; implantou o telégrafo subfluvial; e inaugurou o serviço de locomotivas de tração a vapor (2).
Em tempos de disputas violentas como os da República Velha, Eduardo Ribeiro sofreu perseguições políticas. Seu mais célebre adversário foi a oligarquia da família Nery, que desejava assumir o governo. O “Pensador”, como era conhecido por ter sido um dos editores do jornal republicano Pensador, no Maranhão, faleceu em Manaus em 14 de outubro de 1900, aos 38 anos.
Manuel da Gama Lobo D' Almada e Eduardo Gonçalves Ribeiro, administradores visionários, perseguidos e caluniados por aqueles que procuraram no Estado um apoio para seus interesses pessoais. Os dois, cada um em seu tempo, utilizando os recursos disponíveis, garantiram o progresso da capital amazonense e o bom funcionamento da máquina pública, coisas que se esperam de um digno representante do povo.
NOTAS E FONTES:
(1) MONTEIRO, Mário Ypiranga. Fundação de Manaus. Manaus, Editora Metro Cúbico, 4° edição, 1994. Pág. 51 (adaptado).
(2) MONTEIRO, Mário Ypiranga. Negritude e Modernidade: A trajetória de Eduardo Gonçalves Ribeiro. Manaus, Governo do Estado do Amazonas, 1990. Pág. 96 - 97 (adaptado).
REIS, Arthur Cézar Ferreira. Lobo D' Almada – Um estadista colonial. Manaus, Editora Valer, 3° edição, 2006.