A QUESTÃO DA MENTE BRILHANTE
Cientistas fizeram uma experiência com jovens e crianças, por algum tempo. A experiência tratou-se de retirar estes jovens da sala de aula e da convivência com a família e amigos (por algum tempo), e coloca-las em contato permanente com profissionais brilhantes em algumas áreas do conhecimento, ou seja indivíduos PHD.
Para resumir, depois de algum tempo de convivência e de experimentos junto aos profissionais brilhantes, os jovens demonstraram uma aptidão mental também brilhante e bastante evoluída. Quando os jovens voltaram à sua antiga vivência, na escola e na família, em princípio, pareciam também superdotados. Porém, com o passar do tempo, foram novamente assumindo uma curiosidade limitada, como a de seus colegas, professores e familiares.
Particularmente, entendi que o experimento quis confirmar o fato de que, depende com quem convivemos, e como o fazemos, somos mais ou menos inteligentes.
Creio que, se fosse dado a todos os jovens oportunidades iguais, de convivência com brilhantes profissionais, e fazendo sempre coisas consideradas grandiosas, todos se sobressairiam como superdotados, pois teriam sempre à sua disposição tudo o que precisariam para suas experiências científicas, além de conviver com indivíduos com PHD em alguma área do conhecimento.
Sou da opinião, que essa experiência é relevante, é quase humilhante, pois, nas escolas e na família, como na sociedade, não temos uma estrutura econômica e humana pronta para receber nossos jovens, quando sua mente está em condição de curiosidade, tanto científica quanto em relação a algum conhecimento que pretendem adquirir e confirmar a sua veracidade, ou não.
Nas nossas famílias, o PHD dos pais, se relaciona com o pagamento das contas em dia, pois o salário não oferece uma vida digna, onde se pode ir além e aquém, nos estudos mais evoluídos.
Nas nossas escolas, o PHD dos professores não consegue evoluir além de querer e tentar atender a todos os alunos tanto individualmente, ou em grupos, pois falta tempo, falta material, falta estrutura para que haja um excelente atendimento às verdadeiras necessidades dos alunos. A mente brilhante dos professores, se esgota e tropeça na má vontade dos alunos, na indisciplina, na impossibilidade de oferecer-lhes o que há de última novidade em tecnologia ou mesmo em descobertas científicas, para que eles, por sua vez, produzam uma mente mais bem dotada.
Não se pode, simplesmente, jogar pais e professores em uma vala comum, dizendo que não possuem mentes brilhantes.
Nota-se que a experiência foi feita em total retiro dos alunos de suas famílias e escolas – onde estão problemas de toda ordem – e tiveram plena convivência com mentes PHD, com experiências PHD, e tiveram todo o material necessário à sua disposição para um aprendizado de alta qualidade, todo o tempo do mundo à sua disposição, para poder pensar, raciocinar junto com seus professores PHD, onde, enfim, provaram que a mente humana, na sua totalidade, é bastante dotada, quando tudo está ao seu favor.
Por isso, quando falam em mentes brilhantes, eu me arrepio, de dor e de revolta, porque, como professora, no decorrer do caminho, sinto-me empobrecer daquilo que me considerava perto do brilhantismo, inserida em um sistema que desvaloriza completamente a educação e os educadores, e, desta forma, joga a mente brilhante dos nossos jovens e crianças, no caminho da quase ignorância dos melhores valores e das melhores oportunidades de conhecimento que a vida oferece, a cada instante.
Estamos vendo, dia-a-dia, a mente brilhante dos nossos alunos ir se apequenando diante da insensatez de governos, instituições e indivíduos, que massificam-nos a todos, porque colocam a ambição, o poder e o lucro acima de qualquer ação que traga um benefício real à educação (e, quando digo educação, incluo saúde, infraestrutura, salários, honestidade, etc.)
Não façam mais tantas experiências envolvendo o que os jovens poderiam vir a ser. Deem-lhes condições reais e concretas para que eles desenvolvam a mente brilhante e superdotada que está adormecida dentro de cada um.
Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga e Poeta
Cândido Godói-RS