ASPIRANTE A PROFESSORA
O posicionamento aqui exposto é baseado no que conheço do cenário da educação, enquanto estudante, e no que tenho observado durante o estágio. Somado a isso, está o que tem sido pauta de discussão na universidade desde o início do curso.
Pelas observações pude constatar que as teorias vistas na universidade pouco são aplicadas na prática docente. Vi, sim, um modelo de escola que se repete desde que me alfabetizei, há mais de três décadas, sendo o professor um mero transmissor de informações. E esse modelo não agrada aos estudantes, que necessitam, na verdade, de um professor capaz de pensar estratégias pedagógicas para superar os desafios, motivando-os a buscar o aprendizado.
Atribui-se o fracasso da educação principalmente à desvalorização do professor, o que fortalece cada dia mais a imagem que temos desse profissional como uma vítima, que não tem o devido reconhecimento por seu papel educador. Há um fundo de verdade nessa constatação, é óbvio, mas é importante ponderarmos se o maior problema é esse mesmo. Temo que haja outros, de mais difícil solução.
O que é difícil para meu entendimento é: por que se fala tanto no professor como um coitado (“sofressor”, como me disseram um dia... ridículo!) e se opta pela profissão, se o panorama é o mesmo, desde que me entendo por gente?
Há colegas professores que insistem em supervalorizar os problemas: “turmas com 50 alunos”, “50 minutos de aula por semana”, “provas para corrigir nos finais de semana”, etc. Um discurso que generaliza o quadro. Nem todas as turmas são tão numerosas assim. E o tempo da aula, curto mesmo, acaba sendo mal utilizado. Mas, ao invés de reclamar, o professor deveria otimizar esse tempo. No entanto, o que ocorre (falo isso porque eu vi) é que alguns professores “efetivamente” só utilizam 30 minutos. E se justificam das piores maneiras possíveis.
E por enquanto eu só observo, mas estou decidida a encarar o desafio. E justamente pra vivenciar a prática, conhecer a realidade de uma escola, conviver com alunos (corrigir provas no fim de semana, por que não?), participar de formações, estudar e buscar atualização. A propósito, parece-me que em toda e qualquer profissão, se o objetivo é ser um profissional qualificado, o sujeito deve, sim, dedicar tempo extra-trabalho para aperfeiçoar-se. Ou seja, isso não é uma penalidade imposta aos educadores, como pintam por aí.
Eu quero ser professora! E não para somar mais uma “vítima”. Na verdade almejo aprendizado. E eu sei que a escola me renderá uma infinidade de experiências e, a partir destas, poderei tirar minhas próprias conclusões de todo o debate em torno da educação e decidir se quero ou não seguir como educadora. Se for pra lamentar e sofrer como tantos, já sei que vai durar só o tempo de eu constatar isso.