A VISÃO DOS PAIS SOBRE A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA REGULAR

A VISÃO DOS PAIS SOBRE A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA REGULAR

Rosane da Cás Fetter¹

RESUMO

Este artigo tem como tema a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular, cujo objetivo foi descrever o olhar dos pais em relação ao Projeto de Apoio Pedagógico que ocorre em Sobral - CE. A família é um grupo primário e nesse espaço desempenhamos nosso papel, seguindo nossa história e as marcas que trazemos conosco, o que pode estimular um relacionamento com respeito e amor, diante do fato, é necessário que haja um trabalho com a família, para que a convivência familiar seja unida, sem culpas ou acusações, percebendo as dificuldades e trabalhando a inclusão tanto na escola como na sociedade. A metodologia empregada foi a pesquisa descritiva e qualitativa, utilizando-se da observação e da entrevista como parâmetros em alunos que estudam na escola Raul Monte. Como resultado obtido, percebeu-se que a inclusão na escola ocorre de forma inibida e com certo preconceito, mas faz com que as crianças participem da sociedade, interagindo com os colegas e como conclusão observou-se que as instituições de ensino não estão totalmente preparadas para tornarem-se inclusivas, pois falta a acessibilidade em diversos setores e as escolas necessitam conceberem métodos apropriados à inclusão.

Palavras-chave: Família. Escola. Preconceito. Discriminação.

1 INTRODUÇÃO

O ser humano cria, recria, aperfeiçoa, amplia, supera barreiras, possui seus ideais e cada vez mais busca novos meios de consolidar paradigmas feitos a partir de uma nova amplitude, é assim que podemos conceituar a inclusão, tanto no âmbito escolar como no social. Essa possibilidade de mudanças, experimentações, modificando assim sua vida, experimentando e acreditando que o que se realiza hoje é semente para o dia de amanhã e o que é feito em relação às mudanças de valores não é em vão, é para a melhoria da qualidade de vida de todos nós.

Dessa forma, a inclusão é fruto de uma cultura carregada de simbolismos, de preconceitos e de fatos históricos nem sempre favoráveis a ela. Essa visão excludente se caracterizou por muito tempo através de um processo tendencioso de discriminação e de comparação que fez com que o ser com necessidade especial tivesse pouca ou nenhuma representatividade social, pois esteve sempre à margem da sociedade, fato que ainda hoje é presenciado em certas culturas.

No decorrer dos anos, podemos notar uma mudança em relação ao ser com necessidade especial, existem fatores que traçam um novo papel para a sociedade onde busca melhoria de vida em qualquer setor, sem discriminação, perceber que todos nós somos iguais e precisamos de oportunidades iguais para ser nós mesmos dentro da sociedade em que estamos inseridos.

Conforme nos diz Vital (2002,p.166), a própria família, que é o meio social em que a criança está inserida e onde ela encontra os elementos essenciais para a formação de valores e condutas morais, possui um papel fundamental no sentido de incluir de fato e buscar os direitos constituídos por lei para que não aconteça a discriminação, sem com isso super proteger ou discriminar também.

De acordo com Freire (1997, p.105), reinventando o ser humano na aprendizagem de sua autonomia e o desenvolvimento global da criança depende das experiências vividas primeiramente na família, que dá o caráter moral, religioso, afetivo e social, num processo lento e gradativo. A criança aprende que é mais um sujeito importante no contexto social, porque colabora, desenvolve e interage com os outros na construção de sua autonomia.

A família exerce um papel de suma importância, segundo Freire (1996,p.61), a família é um grupo primário e nesse espaço desempenhamos nosso papel, seguindo nossa história e as marcas que trazemos conosco, o que pode estimular um relacionamento com respeito e amor, principalmente quando há uma criança com necessidade especial, pois, após o nascimento, a família sofre um choque, ninguém espera uma criança com problemas, mas diante do fato, é necessário que haja um trabalho com a família, para que a convivência familiar seja unida, sem culpas ou acusações, percebendo as dificuldades e trabalhando a inclusão, isto é, incluí-lo primeiramente no meio familiar para depois incluí-lo na sociedade.

O objetivo geral deste artigo foi descrever o olhar dos pais em relação ao Projeto de Apoio Pedagógico para crianças com necessidades especiais e como objetivos específicos foram abordar os conceitos primordiais da educação inclusiva e identificar a família no sentido sócio-educativa na perspectiva de autores como: Maria T. Mantoan, Rosa Meneghetti, Iara Vital, Romeu Sassaki, Rosa Guijarro e Paulo Freire.

Na trajetória metodológica a pesquisa é descritiva e qualitativa, com a observação de detalhes de situações diversas, diretamente ligada às questões inclusivas na realidade em que estamos inseridos. Os métodos utilizados foram: observação direta e entrevista semi-estruturada através da diretora, dos professores e dos pais de alunos especiais e com os documentos e leis que vigoram no país.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Trajetória da Inclusão

A inclusão envolve principalmente o aluno em si, seu comportamento, nosso comportamento em relação a ele, o convívio com seus colegas e a totalidade no processo educativo e a inclusão escolar envolve, uma mudança de atitude face ao Outro: que não é mais um, com o qual topamos simplesmente na nossa existência e com o qual convivemos certo tempo, maior ou menor, de nossas vidas. “O Outro é alguém que é essencial para a nossa constituição como Pessoa.” (MANTOAN, 2004, p.81)

Isto significa que estamos interligados, unidos pela razão do existir e devemos deixar de lado os preconceitos existentes percebendo que não podemos viver só, seguirmos nossas vidas porque possuímos pessoas ao nosso redor e que sem elas o mundo não teria sentido. A inclusão escolar envolve todas as pessoas da comunidade, pais, professores, colegas, amigos e alunos numa rede interligada e contínua, num novo olhar para a inclusão, que envolve o jeito de ser das pessoas.

A história nos mostra que o ser com necessidade especial sofreu, ao longo dos anos, num processo de evolução, tanto na forma preconceituosa como na de alguns tratamentos médicos ligados às doenças que vão sendo descobertas e solucionadas.

A educação inclusiva sendo discutida e acentuada num processo de redefinição de conceitos iniciou na década de 90 e tornou-se uma problemática governamental com leis, decretos, portarias e resoluções que estão vigentes na Legislação atual (anexo nº1).

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem se preocupado com a educação inclusiva através de ações como a Conferência de Jontiem, feito na Tailândia e a Declaração de Salamanca - Espanha, em 1994, se tornou um marco, onde os países se comprometeram a implantarem programas e projetos destinados à educação inclusiva.

No Brasil, através da Secretaria de Educação Especial (SEESP) existe um programa intitulado "Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade" no qual assumiu o compromisso de fomentar a política de construção de sistemas educacionais inclusivos apoiando os municípios brasileiros (BRASIL, 2007) num conjunto de ações e participações, com materiais pedagógicos para as concepções de salas especiais que possam atender a um grande número de crianças com necessidade especiais.

Para percebermos a diversidade dentro da sala de aula, podemos buscar no cotidiano e nas pessoas que ali estão, cada uma aprendendo de forma singular, a sala é o lugar onde as pessoas se mostram, com seus defeitos e qualidades e nós como professores podemos nos perguntar, se há mesmo um gesto de acolhimento ao outro, mesmo que este seja diferente? Prostituído? Pobre? Portador de alguma deficiência? Alcoólatra? Negro? Qual é o nível de suportabilidade? (MENEGHETTI, 2004, p.101)

São perguntas que ficam enraizadas em nosso ser pela discriminação em que presenciamos diariamente numa cultura de ver o outro como um ser distante de sua realidade, com os problemas que enfrentam diariamente as pessoas com necessidade especial, precisam da ajuda do outro.

Para tanto é preciso refletir sobre as perguntas feitas pela Rosa, incorporando-as nas nossas atitudes, desfazendo as mazelas carregadas de preconceitos e assim transmitir aos nossos alunos conceitos de aceitação e cooperação.

A família da criança com deficiência pode desempenhar um papel importante no sentido de negar ou minimizar a deficiência como também no sentido oposto, ou seja, maximizando a mesma. (VITAL,2002,p.166)

Com isso, os pais que possuam algum filho com necessidade especial precisam dar amor, carinho, compreensão e assistência, não no sentido da super proteção, mas no sentido de compreender e sintonizar com os outros filhos a melhor maneira de dar uma qualidade de vida na qual ele possa desenvolver sua personalidade e sua auto-estima.

Já na escola é preciso de mudanças significativas para que ocorra efetivamente a inclusão e isto demonstra Guijarro que atua junto ao escritório regional de Educação para a América Latina e Caribe chamado ORELAC, o conceito de escola inclusiva é transformar a escola comum em escola inclusiva é não selecionar alunos, é ter uma escola que não precise de requisitos para a integração do aluno na escola, é implicar na escola comum a qualidade para todos. (GUIJARRO,2007).

Dar condições para que essa mudança ocorra e trabalhar num processo de diversidade é dar a oportunidade para idéias inclusivas num comprometimento de professores e pais para a realização da inclusão.

2.2. Direitos Humanos e Inclusão

A educação no qual a Declaração de Salamanca se refere é a educação que incorpora os princípios de uma pedagogia onde todas as crianças se beneficiem dela, é a pedagogia centrada na criança, que está em sintonia com as diferenças humanas, onde a aprendizagem possa ser adaptada às necessidades de cada escola.

Uma mudança nesta perspectiva vai contribuir no quesito da inclusão, pois assim, conhecendo por inteiro a escola, podemos conhecer seus alunos e buscar soluções para torná-la inclusiva, participativa e solidária, respeitando as diferenças.

Apesar dos avanços tecnológicos, das inúmeras campanhas esclarecedoras e da mídia envolvida, desde muito tempo as pessoas portadoras de alguma deficiência eram vítimas de inúmeros preconceitos, eram discriminadas e ainda o são, este fato interfere no convívio dessas pessoas junto à sociedade.

A idéia central da inclusão é uma mudança na forma de entender a pessoa portadora de necessidades especiais, propiciando uma "sociedade para todos". ( Sassaki, 1999) Com base na nova Lei de Diretrizes e Bases (9394/96), o apoio a PPNEE ( Pessoa Portadora de Necessidades Educativas Especiais) no ensino regular e sua inserção na sociedade, visa uma revolução de valores que exigem mudanças e adaptações na estrutura da sociedade e na educação.

Mudança essas que se referem ao aspecto arquitetônico e ao aspecto humano pode ver em alguns lugares pessoas que se destacam em contribuir para o avanço da inclusão no quesito educacional, não apenas como uma tarefa escolar, mas um aumento de participação social efetiva.

2.3. Iniciativas que privilegiam a inclusão

 

Em Sobral - CE acontece inclusão escolar através do Projeto de Apoio aos Alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais que se iniciou em 2003 nas escolas da rede municipal com a coordenação de Cristiane Coelho e Aldenir Lopes, no qual transformaram o planejamento curricular através da conscientização dos professores feito em palestras, cursos e seminários realizados internamente e também com o processo do programa implantado nacionalmente, Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade, sendo Sobral.

Este programa vem proporcionando condições para a escolarização e para a permanência dos alunos nas salas de ensino regular que conforme o censo escolar (INEP) registrou o crescimento da matrícula de alunos com necessidades educativas especiais passando de 337.326 alunos para 640.317 em 2005 chegando a 41% das matrículas em educação especial.(BRASIL, 2004)

No campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades. (MITTLER, 2003,p.25).

Isto inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros e os relatórios de aquisição acadêmica dos alunos, as decisões que estão sendo tomadas sobre o agrupamento dos alunos nas salas de aula, a pedagogia e as práticas da sala de aula, bem como as oportunidades de esporte, lazer e recreação.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 40% das crianças e adolescentes que estão fora das escolas são portadores de deficiência. Segundo a secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC), Cláudia Dutra, hoje, 34% dos portadores de deficiência está matriculada em classes comuns do ensino regular e 66% em escolas e classes especiais. A secretária aponta que essa integração beneficia os alunos, pois a escola deve refletir a realidade.

A inclusão tem sido muito discutida pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais, no entanto, inserir alunos com limitações de origem física ou mental, permanentes ou temporários, no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação, como dita a Constituição.

A escola deve se adaptar para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com sua especificidade, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão. (MANTOAN, 2004, p.95).

E só se consegue atingir esse sucesso, quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada.

A inclusão, citando Mantoan (2005,p.24), é:

A nossa capacidade de entender e reconhecer o outro, e a educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção, (...) Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. Porém as instituições de ensino não estão preparadas e ainda concebem modelos retroativos e discriminatórios. Para evitar os modelos que, na maioria das vezes é sem volta, é preciso remar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios da inclusão numa atitude de modificação e inovação.

Se hoje já podemos contar com uma Lei que propõe e viabiliza novas alternativas para melhoria do ensino nas escolas, podemos contar também com os professores de apoio pedagógico específicos.

Mas o que existe hoje são professores que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam comparados e marginalizados sendo taxados de incompetentes e assim discriminados.

Em ambos os casos e conforme as circunstâncias, o que fica evidenciado é a necessidade de se estruturar a escola num sentido de fazer os alunos entenderem que as diferenças são sintomas de uma sociedade vigente e atual e quando o colega mostra um determinado tipo de problema, a turma inteira sabe que todos possuem problemas, quer seja de um determinado tipo, quer seja de outro.

2.4. A Relação entre os pais de crianças com necessidades de aprendizagem e a escola

A família é o primeiro meio de educação da criança, pois é ali que ela encontra o princípio de todo seu ser, seu desenvolvimento vai depender de todas as circunstâncias ali determinadas, de toda a ajuda que possa vir a ter e de seu pleno crescimento, através da predisposição genética, através das características hereditárias e também do meio social em que vive.

O processo de reestruturação familiar passa por um tempo de afirmação e requer muitos cuidados, a tarefa de educar os filhos é extremamente complexa, mas, é reforçado pelo amor e pelo interesse de perpetuar nossos costumes e ideais, como nos diz Buscaglia apud Santos e Furtado (1993) disciplinar crianças deficientes, de forma sensata e dentro de seus próprios limites especiais, não é cruel, mas ao contrário, pode representar uma atitude de maior generosidade. Dessa forma não é maltratá-los, mas sim dar oportunidades iguais aos outros de formarem sua identidade pessoal no sentido do respeito individual e no respeito mútuo com muito amor.

Para tanto, é necessário que a família conheça seus direitos e assim contribua para a busca de meios de sustentação que amplie os horizontes de seu filho com necessidade especial, buscando uma melhoria de qualidade de vida e fornecendo a educação que lhe é de direito adquirido.

Conforme nos define a Lei Federal nº7.853 de 24 de outubro de 1989, estabelecem os direitos básicos das pessoas portadoras de deficiência no artigo 8º e constitui como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa: RECUSAR, SUSPENDER, CANCELAR, OU FAZER CESSAR, sem justa causa a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência (TÁCITO,2002:199).

Na infância prevalece o grupo chamado família, no qual ocupamos como sendo o único e depois vamos criando outros grupos secundários como a escola, os amigos e existe um determinado papel para cada situação que se desencadeiam as reações emocionais vividas no cotidiano e no decorrer da nossa história de vida.

Conforme Vital (2002,p.166), a família da criança com deficiência pode desempenhar um papel no sentido de negar e/ou minimizar a deficiência como também no sentido oposto, ou seja, maximizando a mesma. Isso acontece quando existe a super proteção, quando existe o descaso, quando a criança é mimada ou quando ela é recalcada, pois são fatores que levam a criança a ter comportamentos diferenciados e problemáticos que influenciarão no comportamento escolar.

Analisar o meio em que vive as crianças que participam da escola é uma tarefa que deve estar nos procedimentos básicos de toda escola, embora muitas delas nem se preocupem com isso, a realidade é que, quando um professor ou um diretor se preocupa com a relação entre pais e escola, a escola ganha muito com isso, pois ela aprende a diagnosticar melhor seu aluno, partindo do princípio em que a escola não é isolada do mundo e sim ela é um meio de participação social e cultural.

Enquanto existirem diferenças entre o meio social comunitário e o meio escolar não haverá uma boa participação de pais na escola, pois a escola é vista como detentora do saber e como uma espécie de barreira, porque alguns pais não foram à escola. Os pais precisam estar em sintonia com a escola, numa parceria, onde a tarefa educacional é dividida entre pais e profissionais, numa atitude positiva, favorecendo a integração escolar e social.

3 METODOLOGIA

A pesquisa realizada é qualitativa e segundo Tomasi e Yamamoto (1999,p.14) a pesquisa que possui uma análise centrada nos fenômenos é a fenomenologia que consiste num método de investigação na complexidade das relações humanas, em seus problemas e sua vivência.

3.1 Universo da Pesquisa de Inclusão Escolar

O universo estudado neste caso foi a escola Raul Monte de Ensino Fundamental; a pesquisa da inclusão sob o olhar da família e assim a compreensão humana tal como ela é vivida, como se manifesta a opinião e a dinâmica do projeto, qual é a essência da prática da inclusão no cotidiano das pessoas envolvidas e qual é a finalidade que possui o projeto de apoio pedagógico específico para o desenvolvimento social e para a aprendizagem dos alunos.

3.1.1. Escola Raul Monte de Ensino Fundamental

A Escola Raul Monte de Ensino Fundamental está situada na Rua Maceió n º 60 no bairro Alto da Brasília, em Sobral/CE, o núcleo gestor compõe a diretora Valdecira Frota, com a professora de apoio pedagógico específico Jaqueline Maria Ximenes Rodrigues e possui 12 profissionais da rede regular de ensino,  de manhã e à tarde.

A escola atende crianças de 07 aos 14 anos no ensino fundamental, possuindo o turno pela manhã (7:00 às 11:00) e à tarde (13:00 às 17:00), no conjunto escolar as salas possuem em torno de 36 alunos, o espaço arquitetônico possui salas bem iluminadas e os alunos recebem o material e o uniforme no início do ano letivo, existe um espaço amplo como pátio e uma área coberta como quadra e refeitório.

3.2 Descrevendo o projeto de Inclusão Escolar

Este projeto se estende todas as escolas da rede municipal e está em consonância ao programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade que o Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial promove desde 2003, que conta com a adesão de 144 municípios pólos que atuam como multiplicadores da formação de mais de 4.646 municípios de área de sua abrangência.

Sobral/CE é um município pólo deste projeto e atua como multiplicador, sendo que são realizados palestras e cursos de formação aos profissionais ligados ao projeto, produzindo a construção de um sistema educacional inclusivo, a rede municipal de ensino pretende melhorar e reverter o processo da exclusão ao se preocupar em transformar e reorganizar a metodologia trabalhada nas escolas num sentido prático e com o comprometimento com a diversidade de seus alunos.

O projeto municipal de apoio aos alunos portadores de necessidades educativas especiais e dificuldades de aprendizagem foi elaborado pela prefeitura municipal de Sobral, na secretaria de desenvolvimento da educação.

Com a preocupação de refletir a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB Nº9394/96) que recomenda atender aos alunos que possuam necessidades educativas especiais na rede regular, foi proposto este projeto que é fundamental para a inclusão escolar, pois é a partir dele que está garantido o acesso à escola a todos os cidadãos sobralenses.

3.3 Instrumentos utilizados na pesquisa

A pesquisa foi realizada no período de novembro de 2013, onde houve visitas à escola Raul Monte, com a interação e o apoio total das professoras e da diretora, no qual abriu as portas da escola para termos um olhar clínico da inclusão e do projeto da rede municipal de ensino.

A participação da escola como um alicerce da comunidade em que se encontra é o ponto central deste projeto, pois assim a integração acontece de maneira amigável e confiante, na qual o desenvolvimento da aprendizagem se dá na hora da aula, mas também no intervalo, na saída, nas palestras em que os pais participam e percebem a realidade da escola sendo ela participativa, notando que a inclusão é possível quando todos trabalham juntos para o engrandecimento da comunidade em que estão inseridos.

Foi utilizada a observação sistemática e controlada com um planejamento cuidadoso que segundo Patton (1980 apud Lüdke 1986:26) para realizar as observações é preciso preparar o material físico, intelectual e psicológico, pois os registros devem ser precisos, com detalhes relevantes.

Assim, os instrumentos de pesquisas citados acima nos ajudarão a ter uma base e fazer com que a pesquisa se torne uma realidade, buscando meios de transpor no papel o pensamento dos pais em relação à escola, à inclusão e a comunidade como um todo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para fazermos uma análise dos dados coletados é necessário nos preocuparmos primeiramente com a observação, o que cada pessoa entrevistada nos forneceu de idéias e pensamentos, como é sua visão de mundo, o tipo de formação e a que grupo social faz parte, enfim, é uma gama de preocupações que apenas um observador atento pode perceber que, juntamente com os aspectos da realidade escolar irá solidificar a pesquisa. Assim, a observação ocupa um lugar de destaque na abordagem desta pesquisa.

Como nos relata Lüdke (1986, p.26). A observação direta permite também que o observador chegue mais perto da ‘perspectiva dos sujeitos’, um importante alvo nas abordagens qualitativas. Esta técnica é muito importante para direcionarmos nosso trabalho.

A entrevista semi-estruturada é o segundo passo, que, ao lado da observação representa um instrumento de pesquisa básico para a coleta de dados. Nossa entrevista foi feita com a diretora, com uma professora da rede regular, com a professora do projeto municipal e com quatro pais de alunos com necessidades especiais.

Foram abordados os pais de alunos com algumas deficiências como: autista, imperativo, deficiente auditivo severo e dificuldade de aprendizagem, a facha etária foi de 10/12 anos.  Para maior discrição foram mudados os nomes, para que todos os pais envolvidos ficassem tranqüilos.

O registro feito pelas entrevistas foi abordado de forma aleatória e os dados coletados de maneira a fazermos um arranjo de fácil entendimento para tanto, realizamos perguntas direcionadas e específicas para cada entrevistado (conforme anexos 02,03 e04).

A resposta sobre educação inclusiva foi relevante devido a falta de conhecimento, os pais definiram de maneira vaga e aprovando o que a escola faz, mas um pai definiu o que era claramente, pois possuía muita informação a respeito.

Na segunda questão, os pais relataram que havia a inclusão na escola, pois seus filhos estavam nela, mostrando algum preconceito, onde eles próprios agem de tal forma, quanto aos recursos utilizados na escola a resposta foi variada, alguns acharam que a escola possuía muitos recursos para seus filhos e outros disseram que a escola deixava a desejar.

Na questão referente à participação dos pais na escola a resposta foi unânime que todos participam quando são chamados, sendo que foi confirmado pela entrevista com a diretora e a professora de apoio específico.

Outra questão que todos deram a mesma resposta com palavras diferenciadas foi quanto ao sistema de avaliação, dizendo que o sistema é muito bom para as crianças.

A melhora na aprendizagem acontece de maneira sistemática, pois é feita diariamente e muito do que se percebeu é que as crianças se desenvolvem tanto na área física como na área mental, pois de alguma forma há o contato com materiais diferentes que antes não eram explorados, então, dessa maneira, foi uma questão bem selecionada entre os pais que relataram algumas melhoras.

A pergunta sobre se seu filho fez parte anteriormente de outra instituição segregada obteve-se uma resposta positiva. Sobre a procura de informações dos problemas e preconceitos sobre seu filho a resposta foi de que cada um procurou exemplificar como eles descobriram e como foram se informando ao longo do tempo.

A última pergunta foi referente às mudanças necessárias para a inclusão ser realizar efetivamente, a resposta que se destacou foi: “Precisamos mudar não só a escola, mas a sociedade como um todo, porque ser criança com necessidade especial não é um ser diferente de todos, é ser único.”

Sobre a pesquisa realizada com as professoras e a diretora foram respostas mais direcionadas aos métodos de trabalhos, aos planejamentos, aos recursos e ao atendimento especializado. A análise foi a seguinte:

Educação - engloba todos os tipos de pessoas em geral, permitindo dar chance para aquelas crianças que não possuíam.

Metodologia – trabalhos com atividades lúdicas respeitando as limitações.

Atividades – jogos pedagógicos, tarjetas, cartazes, alfabeto móvel para ditado, desenhos, atividades relacionadas a dramatização, etc..

Programação – construção de uma sala de aula inclusiva “aprender a ler”.

Preconceito – existe entre colegas e entre eles mesmos.

Avaliação – ocorre com um grupo de gestores, com a ajuda de um profissional especializado, com as professoras envolvidas e a diretora, percebendo as potencialidades e habilidades de cada um.

5 CONCLUSÃO

Toda criança precisa da escola para aprender e não pode ser discriminada, destituída da aprendizagem, porém as instituições de ensino não estão preparadas para tornarem-se inclusivas, pois ainda concebem modelos retroativos e discriminatórios, os programas que por sua vez estão sendo implantados servem de paliativos para tal.

Ao olhar o passado, podemos dizer que avançamos muito em direção a estratégias e leis que buscam uma qualidade de vida melhor e uma busca de solucionar os problemas daqueles que têm alguma dificuldade ou que necessitam de auxílio decorrente de problemas físicos ou mentais.

A escola regular precisa se inserir ao desenvolvimento de escolas inclusivas, oferecer serviços e informações sobre o que é inclusão, como combater o preconceito, como disseminarem idéias inclusivas e criar atitudes positivas para a realização de mudanças onde quer que precisem para que a própria sociedade mude de maneira significativa.

É preciso colocar em ações novas alternativas e práticas pedagógicas, que favoreçam a todos os alunos, o que, implica na atualização e desenvolvimento de conceitos e em aplicações educacionais compatíveis com esse grande desafio.

Citando alguns fatores, está em vigor programas e projetos que beneficiam a inclusão de alunos em sala de aula regular, que como tais, merecem entrar nela e se beneficiar do conhecimento e da aprendizagem como qualquer criança que anseie por sonhos que se tornem realidade.

O encontro entre a realidade e o que está disposto na lei forma um elo para que as escolas tornem-se inclusivas, mesmo com muitas dificuldades, como as barreiras de acessibilidade, como a falta de profissionais qualificados e a discriminação que aos poucos se dissipa.

Esse elo é o que estava faltando entre a escola e a comunidade que também está ocorrendo e assim possamos visualizar um novo milênio com maiores oportunidades para todos.

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ANEXOS

Anexo 01

Os princípios legais referentes à inclusão são:

·Declaração Universal dos Direitos Humanos /10 de dezembro de 1948/ Assembléia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) Artigo I

Constituição da República Federativa do Brasil / 05/10/88.Artigo 205, Artigo 208;

·Lei nº 9.394/96 - de diretrizes e Bases da Educação /20/12/96

·Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989 – CORDE

·Declaração de Salamanca e Linha de Ação nº 15

· Constituição Estadual de 1989 Artigo 226.

Anexo 02  Pesquisa realizada na instituição escolar com a diretora

1. O que é educação inclusiva?

2. Sua escola é inclusiva? Por quê?

3. Quais são os recursos educacionais da escola para a inclusão?

4. Qual é a avaliação que você faz da inclusão dos alunos na escola regular de ensino?

5. Como acontece a organização das salas inclusivas?

6. Como a escola se relaciona com a comunidade?

7. O que precisa melhorar na escola para ela se tornar mais inclusiva?

 

Anexo 03 Pesquisa  realizada com a professora de educação específica da instituição escolar

1.O que é educação inclusiva?

2.Qual a metodologia utilizada no programa de inclusão?

3.Você realiza atividades diferenciadas para os alunos com necessidades educacionais especiais?Quais?

4.Como é feita a programação para o atendimento especializado?

5.Quantos alunos você atende?

6.Quais as expectativas que você possui com relação à aprendizagem de seus alunos?

7. Como é realizada a avaliação dos alunos inclusivos?

Anexo 04 Pesquisa realizada com cinco pais de alunos NE

1.O que você entende por educação inclusiva?

2. Como foi que você escolheu a escola de seu filho?

3. Você participa de atividades na escola, como palestras?

4.Existe a integração entre os alunos da escola e seu filho?

5.Seu filho já fez parte de alguma instituição segregada? Qual?

6.Você acha que o sistema de avaliação é bom?

 

Rosane Fetter
Enviado por Rosane Fetter em 04/09/2015
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