Facebook e Educação

O debate só enriquece, faz refletir, reconsiderar, ampliar a compreensão e construir mais conhecimento. O que não falta, naturalmente, é o tratamento do tema das tecnologias, da realidade virtual e das redes sociais. Muito principalmente sobre o Facebook.

Há muitas teorias e, em alguns casos, pouca prática. Isto é, a maior parte dos que se manifestam sobre a temática, é composta de indivíduos na minha faixa etária. Observo que não queremos dar o braço a torcer e admitir que, por mais conhecimento que produzamos (e isto é indispensável), não somos nascidos no contexto da realidade virtual. Gostamos dela, mas nos custa aceitar a nossa precária leitura desse mundo. Então, o resultado é ver pessoas do mais alto grau de intelectualidade demonstrando posições conservadoras, puxando a brasa para a própria sardinha, pois, no fundo, sabem como eu sei, que não alcançaremos a proficiência no trato com a virtualidade.

Como me parece difícil para tantos o reconhecimento lúcido de que a humanidade, de súbito, foi coberta por uma onda gigantesca e que nada conseguiremos contra ela. Não se consegue perceber que, ou o indivíduo se ajuda e cria uma mentalidade de aluno defasado na relação idade-série ou se afogará.

Puxam uns pelos cansados braços do mundo de papel, esquecidos de tantas lutas em favor da natureza. E, assim, querem, a todo custo, o retorno aos livros de papel. Sabemos os interesses capitalistas que essa atitude envolve, sendo uns patrões e outros empregados manipulados.

Puxam outros pelos braços jovens e vigorosos do mundo digital. A queda de braço dará a vitória (até já deu) ao mundo da luz, da tela, do teclado, do mouse, da rede, da conexão online.

Quanto aos estudantes, perdem os educadores bastante tempo querendo demovê-los do fascínio dos computadores, dos celulares. Ora, nesses objetos se lê! Ora, nesses objetos se aprende e se constrói conhecimento! E nós é que somos analfabetos e queremos porque queremos forçar crianças e jovens a viver no passado.

As redes sociais, no formato, pertencem ao presente, mas, na essência, pertencem ao passado. Ainda me recordo de quando jovens namoravam e se casavam através de seções de relacionamento nas revistas dos anos 60 e 70, por exemplo. Que tantos estudaram e conseguiram diplomas de técnicos em eletrônica, corte e costura, etc., através dos cursos por correspondência. E que só não se conseguia um diploma de nível superior porque estudar era proibido para muita gente. Se essa muita gente se metesse a estudar, quem então, lavaria pratos, roupas? Quem, então, cozinharia para maridos e patrões? Quem faria tais coisas ganhando miséria e perdendo a vida até que adoecesse de vez e falecesse? Quem seria alguém nesse estado de coisas?

A rede mundial de computadores oferece verdadeiramente o melhor para quem gosta de estudar e quer progredir. O que acontece, porém, é o limo do passado, aquele que proibia livros para evitar que os sujeitos descobrissem verdades e a si mesmos. Daí, cresce um batalhão de mal intencionados. O batalhão tem duas alas, uma daqueles que sabem das possibilidades do mundo em rede; e outra, a dos que não sabem e se influenciam pelo pensamento da primeira ala. O importante para esses soldados medievalescos é que essa multidão de indivíduos excluídos continue marginalizada, servil, subserviente e adoradora do batalhão.

O que há nas redes sociais? Falarei só do Facebook, pois só tenho um pouco de tempo para este, mas gostaria até de ter um pouco mais. Agora eu me pergunto se precisaria mesmo perguntar sobre o que há nas redes sociais e se a resposta é difícil. Claro que não precisaria tanto, e nem a resposta é complexa. Mas, isto é um texto que entra para o debate atual.

Nas redes sociais há os grupos sociais em toda a sua diversidade e colorido. Só para um exemplo pobre, digo que há pobres, ricos, classe média, remediados e até marginais; pedófilos distribuídos em distintas classes sociais, da mesma sorte que há todas as artes e sites oficiais das maiores bibliotecas e universidades do planeta. Sendo assim, como quando se sai caminhando, de ônibus ou dirigindo um automóvel para um passeio nas ruas, no parque; quando se vai para a escola, praia, clínicas, cemitérios, shoppings, agora tudo isto e muito mais (inclusive namoro, casamento, pesquisa, movimentação bancária, inscrições para concursos, etc.) se faz via online. Que bom tudo isto! Aí vem alguém e diz que se entra para as drogas e para crimes via Internet. Sim, claro. E as drogas e o crime também não já estavam no cenário social desde sempre?

E o que falta, quando se trata da educação? Falta que nos eduquemos. Falta ensino e aprendizagem, teoria e prática, pensares e repensares, fazeres e saberes, métodos, estratégias novos, atuais, condizentes com a realidade que se impõe.

Falta ainda que não sejam as afirmações um punhado de inconsistências, de nonsense. Isto de dizer que os frequentadores das redes sociais gostam de aparecer, e quem não gosta? Que gostam de selfies? E isto não é bom e divertido? Até o Papa faz selfie. E tem que fazer. E o lúdico de que tanto falam? Não seriam essas relações interpessoais lúdicas, felizes e indispensáveis à vida?

Não seria a crítica ao que ocorre no Facebook uma espécie de recalque, despeito ou preconceito? Ou uma nesga da falta de educação para o novo? Então, digamos da sabedoria popular: quem não gosta come menos, e os incomodados que se mudem.

Sei que a temática não é dominável e o texto pode virar uma fastidiosa “tese”. Xau pra vcs, blz, vou para o Face ver o que por lá acontece. Bjks.