DESABAFO DE UMA PROFESSORA

Ontem chorei. Sim, chorei por mim mesma enquanto profissional da Educação que tem amor pelo que faz; chorei por muitos alunos sem qualquer direcionamento moral vindo de suas famílias; chorei por aqueles alunos queridos que têm que conviver com estes primeiros já citados; chorei por nossa sociedade atual e futura.

Atualmente é impossível aos professores manter sua saúde física, mental e, principalmente, EMOCIONAL, trabalhando em sala de aula... E por isso desisti!

É tanta falta de respeito de muitos alunos que jurei a mim mesma não pisar tão cedo em uma sala de aula de escola regular! (Ensino Básico, Fundamental e Médio – escola pública ou particular).

Quando falo do desrespeito de “muitos alunos”, que fique claro que não me refiro a todos os alunos. Sinto pena daqueles alunos maravilhosos que conheci, mas que são obrigados a conviver diariamente com estes outros que jogam fora seu presente e seu futuro, e atrapalham drasticamente aos demais, que estão ali tão cheios de sonhos e metas pessoais e profissionais.

Mas o sistema de ensino atual favorece a aqueles sem disciplina. Os professores, pedagogos e diretores estão de “mãos atadas”. O aluno não faz nada em sala de aula, desrespeita colegas e professores, promove a anarquia... e nada lhe acontece.

Culpados? São muitos! A começar pelos governantes que “mascaram” os números, afirmando com falso orgulho como tem diminuído o número de reprovação e de evasão escolar (desistência de alunos) – como se isso indicasse melhoria da Educação brasileira. Na verdade, muitos alunos não desistem, pois sua presença na escola garante as “bolsas” que a família recebe... mas isso não significa que eles estejam de fato aprendendo e se desenvolvendo, tanto nas matérias específicas, quanto no preparo para o futuro profissional, ou mesmo no convívio em sociedade. Pelo contrário, em vez de cadernos e livros, eles trazem em suas mochilas a falta de educação e de valores, pois muitas famílias desestruturadas simplesmente colocam filhos no mundo sem lhes dar qualquer direcionamento, limites, atenção, ou mesmo amor. Penso que pessoas assim não deveriam ter o direito de ter filhos! Por isso sou a favor de leis para controle de natalidade (o que para mim NÃO inclui o aborto).

E a revolta destes jovens, enquanto seres humanos totalmente largados ao acaso da vida; transparece primeiro na escola, como alunos “indomáveis” – e infelizmente tende a transparecer no futuro através de atos criminosos, haja visto como a criminalidade já tem aumentado!

Mas como citei antes, professores, pedagogos e diretores estão de “mãos atadas”, pois é preciso “garantir” os falsos índices informados pelos governantes! Reprovar alunos ou tomar outras medidas é “comprar briga grande”, e certamente o lado mais fraco será prejudicado.

Outro grande culpado é a mídia, impondo valores distorcidos, sexualidade explícita, prestando diariamente um des-serviço à família e ao país.

Estes jovens recebem tanto estímulo e apelo sexual vindo da TV, que mesmo em sala de aula, com a presença de um professor e dos demais colegas, eles não conseguem se conter. Como já citei antes, o desrespeito é muito grande! Vejam só o que já presenciei: o professor não consegue explicar o conteúdo, pois o barulho é “infernal”. O professor passa então uma atividade no livro ou no caderno, e enquanto ele dá atenção a muitos alunos maravilhosos que fazem o que é proposto e vem perguntar algo ao professor, tirar suas dúvidas ou mesmo mostrar seu trabalho realizado, tantos outros aproveitam deste momento para promover a baderna, incluindo aí danças e movimentos eróticos, provocações, xingamentos ou até mesmo agressão física aos demais.

Sinceramente não é para isso que estudei tanto e me preparei profissionalmente! Mas essa é a triste realidade das salas de aula brasileiras! E quem quiser comprovar com os próprios olhos, basta procurar na Internet por vídeos com o título “Bagunça na sala de aula”, e verão por si mesmos o que acontece.

Sinto muito e peço desculpa aos alunos maravilhosos que conheci, mas não tenho treinamento e condições emocionais para continuar aturando aqueles “outros alunos”... Sei que Educação significa também resgate social, que ela vai além das matérias de Português, Matemática, História, Geografia, etc; mas estou no meu limite, pois é como “nadar contra a correnteza”.

E por favor, não me falem de “Direitos Humanos”, "Estatuto da Criança e do Adolescente”, “Lei da Palmada”, etc; todas estas leis são importantes, mas estão sendo aplicadas EQUIVOCADAMENTE e vem tornando nossa nação uma vergonha!

Não é difícil prever um futuro sombrio para o nosso país, com aumento da criminalidade – o que já vem acontecendo – pois o apelo consumista é muito grande, mas o preparo profissional e a vontade de trabalhar é baixo (em muitos casos, é nulo!). Na sociedade atual, a criança e o adolescente não estão sendo preparados para a disciplina, o compromisso e o esforço pessoal. E os resultados desastrosos disso já estão aparecendo... e tendem a piorar.

É com tristeza que finalizo este ciclo de minha vida. Continuarei trabalhando com o ensino de línguas, que é a minha área, que é o que sei fazer e é o que me completa como pessoa, mas de forma particular, bem longe das escolas...

Meu total respeito aos professores que continuam nesta luta, certamente são “guerreiros” e merecem ser reconhecidos e valorizados!

Lady J
Enviado por Lady J em 28/07/2015
Código do texto: T5326389
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