Vítimas de equívocos

É sexta-feira de manhã, O dia começa radiante, pouquíssimas nuvens enfeitam o céu. Retomo o meu trabalho sem muitas perspectivas. Estou em desvio de função. Ando desiludido, muita coisa mudou na escola. Infelizmente não tenho conseguido assimilar essas mudanças. Não concordo com esse modelo de escola com normas tão brandas e tão escassas. Dizem que a escola deve educar para a vida. Como se educa pra vida retirando o que mais a vida apresenta? Regras. No dia a dia, o que mais encontramos são normas. Mal saímos de casa, já nos deparamos com elas. Se vamos atravessar a rua e não ligarmos para o sinal vermelho você já sabe; no banco, devemos seguir os passos determinados para atingirmos o nosso objetivo: Pegar senha, esperar a nossa vez. Num consultório médico, da mesma forma temos que seguir o que está determinado naquela repartição. Se você trabalha numa empresa, as exigências para que seja promovido ou ao menos permaneça nela podem ser maiores ou menores, isso depende de onde se está inserido. Ausência de determinações não existe em lugar algum. A vida é assim: repleta de regras, quem não as respeitam sofrem conseqüências drásticas. Agora reflita comigo: Na escola de hoje, o que se ouve falar é que se tornaram comuns os desacatos ou até mesmo agressões a professores. O que as autoridades competentes tem feito para mudar a situação? Nada a não ser dizer que essa categoria está despreparada! Será que alguém está preparado para ser esnobado, insultado, desafiado sem direito de nenhuma ação para coibir com esses tipos de ocorrências?Penso que não. Se a escola isenta os alunos de regras ou as apresentam, mas não faz com que elas sejam cumpridas, que tipo de cidadãos esta instituição está formando? Será que terão o mínimo de responsabilidade? Poderão vir a ter, mas depois de aprenderem, arduamente, algumas lições da própria vida. Esta sim, não perdoa. Sei que muitos colegas discordam desses raciocínios: dizem que os tempos são outros, que a família não é a mesma, que a sociedade está doente, que hoje as normas não funcionam mais como antes. Será? Retire os limites impostos aos seus, em sua casa ou então os deixe, mas não exija que sejam obedecidos e, se alguém não os respeitar, faça de conta que está tudo bem. Será que a convivência melhorará ou se tornará um caos? Entendo que essa imposição de limites deve começar em casa, mas se isso não acontecer, cabe à escola cumprir seu papel. Tentar corrigir os erros adquiridos na convivência familiar.

Por outro lado, entendo que o professor deve estar comprometido com o seu trabalho, buscar continuamente a sua perfeição como educador, mas o aluno tem que corresponder com a sua parte para merecer a promoção. Se não se empenha o natural é que sofra as consequências cabíveis em cada caso. Ninguém ensina ou promove situação de aprendizagem bem sucedida a quem não quer aprender. Nem mesmo Jesus que é o mestre dos mestres conseguiu tal feito. Entendo que devemos proporcionar aulas interessantes, mas dificilmente algo se torna interessante para todos da sala. E ainda há uma sequência. São duzentos dias letivos. Nada se torna interessante por tantos dias seguidos. Falar é fácil, só sabe mesmo da real possibilidade quem põe a mão na massa. Imagine você, se no seu trabalho existem as normas de conduta, mas caso não as cumpram não acarreta nenhum prejuízo. Caso não se empenhe para melhorar, será valorizado como os demais. Continuará tendo a mesma aplicação que teria caso lhe fosse cobrada sob pena de perder o emprego ou outro tipo de prejuízo? Será que os religiosos se empenhariam tanto para viver segundo as escrituras se não fosse pelo medo de ir para o inferno? Acredito que não.

A tendência natural é a acomodação. O ser humano precisa ser pressionado para reagir positivamente quando lhe exigido algum tipo de esforço. Nem sempre estamos dispostos a cumprir com a nossa obrigação, mas sabemos que se não nos empenhar devidamente sofreremos as consequências. Pense em você mesmo: Será que gostaria de frequentar a escola todos os dias, nos mesmos horários? Mesmo se houvesse atividades interessantes? Acredito que não. Mas a disciplina faz valer. É assim que deve ser. Entendo que o ensino tradicional pecou muito, tanto no zelo da disciplina quanto pelo autoritarismo de professores que se diziam donos da verdade, mas as mudanças não precisariam ser tão radicais.

Valviega,09/03/2012.

Valviega
Enviado por Valviega em 21/07/2015
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