Colônia Imperial: História do bairro Colônia Oliveira Machado (Manaus)
Localizado à margem esquerda do Rio Negro, vizinho dos bairros Educandos, Santa Luzia, São Lázaro, Crespo, Morro da Liberdade e Vila Buriti; e com uma população estimada em mais de 8.500 habitantes (IBGE, 2010), o bairro Colônia Oliveira Machado tem suas origens ligadas à época da instalação da Província do Amazonas.
Nos anos iniciais da instalação da Província do Amazonas, surgiu a necessidade de se ocupar e desenvolver a região, a mais nova unidade política do Império. Foi nessa época que o presidente da Província, Herculano Ferreira Pena, concedeu terras à Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas (de propriedade do Barão de Mauá), que criou, em 08 de julho 1854, a colônia agrícola Santa Maria, futura Colônia Oliveira Machado, onde foram estabelecidas propriedades agrícolas de colonos portugueses e espanhóis.
A presença de colonos estrangeiros, principalmente vindos da Europa, se tornou frequente no Brasil após a proibição do tráfico interatlântico de escravos africanos, em 1850. Como substituição à mão de obra escrava africana, o Imperador Dom Pedro II estimulou a vinda de estrangeiros para o país, facilitando, por exemplo, a aquisição de terras. A colônia agrícola não teve bons resultados, pois o solo onde estava localizada era infértil e os recursos disponibilizados pelo governo eram poucos. O local ficou abandonado por mais de três décadas.
Por volta de 1888, a colônia passa a receber várias famílias vindas da região Nordeste, que passava por uma das piores secas de sua História, a conhecida Seca dos Três Oitos. O Dr. Joaquim de Oliveira Machado, penúltimo presidente da Província, antes de que esta se tornasse Estado com a Proclamação da República, batizou, em 02 de abril de 1889, a antiga Colônia Santa Maria com o seu nome, sugerido pelos retirantes, fundando oficialmente a Colônia Oliveira Machado.
Além da Colônia Oliveira Machado, foram criadas, no interior do Estado, as colônias agrícolas 13 de maio, no Paraná do Careiro; e a de Santa Maria do Janaucá, na margem esquerda do rio Solimões. Todos os colonos que se estabeleciam nelas eram mantidos pelo governo provincial, recebendo mantimentos e pagamentos pelo que era produzido em suas terras.
O padre e escritor Luiz Ruas, em seu texto São Francisco da Colônia Oliveira Machado, publicado no jornal A Crítica em 1980, afirma que a doação de um terreno para a construção de uma pequena capela dedicada a São Francisco das Chagas, no final do século 19, simboliza a forte presença de nordestinos no bairro, principalmente vindos do estado do Ceará, estado onde a veneração a esse santo é forte.
Um fato interessante, contado por Hamilton de Oliveira Leão, autor do livro Colônia Oliveira Machado (edições Muiraquitã, 2010), é que o primeiro presidente da Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, escolheu, em 1850, a região que futuramente seria a Colônia para erguer um forte em substituição ao Forte da Barra, que se encontrava em ruínas. O forte, batizado de Vigia, na verdade era um pequeno posto, que controlava a entrada e saída de embarcações. Desapareceu pouco tempo depois.
O bairro começa a se desenvolver na década de 1930, quando a Estrada do Paredão é expandida para facilitar o acesso à região da “Ponta Pelada”, principal atracadouro das aeronaves da empresa Panair do Brasil. No local do atracadouro, surgiu, aos poucos, uma feira de produtos pesqueiros e hortifrutigranjeiros, a conhecida feira da “Panaí” na pronúncia regional. Em 1945 é construído o aeroporto de Ponta Pelada, que foi o principal aeroporto da cidade até 1976, quando o moderno aeroporto Eduardo Gomes foi inaugurado.
São mais de 160 anos de História. A dança do Maneiro-pau, marcada pelo enfrentamento entre dois participantes com pequenos bastões, e embalada ao ritmo de palmas; a Serraria Pereira, primeira indústria do bairro, criada na década de 1920; e a Festa da Malhação de Judas, comemorada no Sábado de Aleluia, e com duração de três dias; foram importantes elementos culturais do bairro, desaparecidos ou suprimidos por novos hábitos, permanecendo vivos apenas na memória dos mais velhos.