O jovem como sujeito do ensino médio
Prof. Francisco Jeimes de Oliveira Paiva. Bolsista Pacto EM-UFC/MEC
A partir da reflexão oriunda dos encontros e, propriamente pelas leituras feitas em individual pude constatar que para compreender o jovem como sujeito do ensino médio requer, a princípio, uma análise do que nós professores pensamos sobre o assunto, já que há atualmente uma grande preocupação quanto às práticas e ações dos jovens, que são uma constante em nosso cotidiano escolar. Por isso mesmo somos desafiados enquanto educadores em promover uma (re)configuração no que entendemos por identidade juvenil e suas peculiaridades culturais e educacionais no âmbito escolar.
O fato é que na escola a questão da indisciplina tem sido citada como promotora de muitas desavenças em nível de relacionamento entre professores e alunos, porém devemos entender que uma série de fatores nos possibilita a ter uma maior compreensão desse processo. Isso está evidente no seguinte trecho:
Ela se manifesta na crítica à “falta de respeito” com os professores, nas relações agressivas entre os próprios jovens, na agressão verbal e física, na “irresponsabilidade” diante dos compromissos escolares e na “dispersão” devido ao uso de celulares ou outros aparelhos eletrônicos, mesmo na sala de aula. (Grifos meus).
Fica claro aqui que não devemos ver todo esse processo vivencial na escola entre jovens e professores como um problema da juventude, mas sim, faz-se necessário construir um feedback, percebendo que tal situação emblemática nada mais é que um desafio no sentido de compreender o que realmente significa ser jovem e estudante nos dias atuais. Além disso, é essencial sabermos sobre quais bases precisamos construir nossos relacionamentos com os jovens estudantes. De fato,
este é o caminho para se moldar relacionamentos mais saudáveis que superem os fenômenos causadores do mal-estar no espaço escolar.
Quanto as políticas de responsabilização do professor sabe-se que, na verdade, não cabe apenas a este essa tarefa, mas a toda comunidade escolar; haja vista que para os jovens nossas aulas não conseguiram na maioria das vezes atingir seus interesses e necessidades apriorísticas, tornando-se desinteressantes e enfadonhas.
Para tanto, concordo com os postulados das leis e orientações educacionais brasileiras no sentido de focar nossas atividades de maneira que contemplem os anseios dos alunos, como se ver na seguinte assertiva:
As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2012), que serão melhor discutidas posteriormente, apontam para a centralidade dos jovens estudantes como sujeitos do processo educativo. No parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2011) que a fundamenta, fica explícita a necessidade de uma “reinvenção” da escola de tal forma a garantir o que propõe o artigo III, ou seja, “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”, e também o artigo VII, “o reconhecimento e aceitação da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes”. (Grifos meus).
Apreende-se do texto acima que se faz crucial que as orientações normativas das novas diretrizes curriculares possam em nossas escolas desenvolver um trabalho de formação humana que contemple a totalidade dos nossos jovens estudantes. Até porque nós professores precisamos entender os tipos de linguagens e comportamentos emanados por eles e elas, procurando reconhecer as experiências, saberes, identidades culturais para que exista um relacionamento e um diálogo constante entre todos.
Por fim, não resta dúvida que é preciso (re)significar em nossa compreensão/prática uma nova imagem da juventude sendo encarado agora como um desafio a ser superado por meio de nossas: atitudes e ações, mas sobretudo, pelo redesenho do currículo, produzindo aulas mais dinâmicas que contemplem os temas transversais, tecnologias e manifestações artísticas que chamem e prendam a atenção de nossos jovens-adolescentes. Tudo isso, sem perder o foco na prática educativa que promova e faça acontecer os conteúdos significativos para a plena formação humana do alunado.
Uma iniciativa a ser posta em prática, na minha opinião, deve ser as motivações para que nossos jovens participem de programas formativos – palestras, cursos, treinamentos, etc - a fim de culminar na melhoria profissional e ocupacional, favorecendo a aprendizagem significativa pelos valores do trabalho e convívio em grupo. Até porque nossos jovens possuem interesse pela competição no mercado de trabalho e de adquirirem uma profissão que garanta sua sustentabilidade. É preciso também se ter parcerias com outros órgãos e instituições a fim de oferecer estágios, bolsas de estudo e incentivo, além de se ter espaços diferentes para aulas de campo, visitas culturais para tornar nossas aulas mais assimilativas e atraentes a esse público.