A culpa é das escolas
Falta levar a sério a aprovação e reprovação de alunos nas escolas brasileiras. Aprovar e reprovar não podem ser algo insignificante. É o futuro do Brasil que está sendo traçado. Os diretores e professores das escolas públicas brasileiras precisam ter a coragem de ir contra o sistema educacional vigente: que não pode reprovar muitos alunos, mas pode deixar um aluno no oitavo ano sem saber escrever o próprio nome. Isso não é mentira. Eu já vi isso até no primeiro ano do Ensino Médio. A culpa não é de nenhum presidente. A culpa é das escolas. A culpa é dos educadores; desses profissionais que não têm autonomia; não têm pensamento próprio; não têm firmeza no que querem e no que fazem. São marionetes que fazem o que o governo quer. O governo quer números. Ele quer dizer ao mundo quantas pessoas saíram do “analfabetismo”; quantas pessoas fizeram o Ensino Médio, mesmo que esses indivíduos não dominem nem as quatro operações: adição, subtração, multiplicação e divisão. O importante para o sistema educacional brasileiro é mostrar ao mundo quantas pessoas frequentaram a escola. Não importa a aprendizagem.
No fim do ano letivo, nas escolas públicas do Brasil, os professores e diretores combinam quem são os alunos mais dignos de compaixão, e aprovam esses coitados. É muito fácil aprovar alguém neste país: basta que vá à escola. Só isso! Basta ir à escola. No final do ano, se o aluno não apresentou o mínimo da aprendizagem desejada, os diretores e professores do Brasil dirão: “Mas ele nunca falta”.
Esses coitados que foram aprovados pelas escolas nunca serão aprovados em um concurso. Numa entrevista de emprego, esses coitados ficarão reprovados por não saberem se comunicar adequadamente. As escolas estavam iludidas a respeito disso. Pensavam que não era importante aprender uma variedade linguística além da coloquial.
Vejo gente que concluiu o Ensino Médio escrevendo (digitando) no Facebook: “Eu voltei e volto em fulano”. Isso não é descuido. Eu já vi isso escrito (digitado) por muitos indivíduos. Pessoas que não sabem a diferença entre as palavras “votar” e “voltar”. Uma dessas pessoas se diz querer representar o povo de uma cidade num futuro bem próximo. Vejo gente que não sabe escrever a palavra “você”, mas essa gente fez o Ensino Médio. A culpa de tudo isso é das escolas e dos professores. Até eu já estou me adaptando a essa realidade. O que eu quero – lamentável – é apenas cumprir o meu horário em sala de aula, fingindo que estou ensinando e os alunos imaginando que estão tendo aula. Essa realidade não é apenas de uma escola; é uma realidade do Brasil. Ah, eu ia esquecendo: há professores que não sabem escrever a palavra “você”.
Se quiserem melhorar a educação do Brasil, está na hora (mesmo atrasado) de lutar por melhores salários para os professores. Está na hora de ter autonomia para lutar contra um sistema que quer apenas números. Você entendeu? Todavia, eu não tenho mais esperança de ver um Brasil melhor. Depois, eu direi mais sobre a educação.