A PERSPECTIVA DOS JOVENS NO ENSINO MÉDIO

1 Washington Batista Cristã de Sousa

2 Adriana Beatriz Martins Lemes

3 Risalva Rêgo Sacramento

Há muito tempo, o Ensino Médio ganhou relativa importância como etapa final da Educação Básica, pois o mercado de trabalho tem exigido cada vez mais a conclusão do E.M. para cargos, que antes, tinham como um dos pré-requisitos apenas o Ensino Fundamental.

Desse modo, a procura por esta etapa do ensino aumentou, mas alguns fatores tanto internos quanto externos têm contribuído com a falta de expectativa do aluno que cursa o Ensino Médio na atualidade, pois é perceptível na grande maioria das vezes, a falta de compromisso com que os alunos encaram os estudos.

Como professores da Educação Básica, temos percebido na nossa prática docente que está cada vez mais difícil prender a atenção desses alunos e fazer com que se interessem pelo conhecimento, apresentado durante todo o curso do Ensino Médio, pois as principais queixas destes é que os conteúdos apresentados, muitas vezes, não condizem com a realidade em que vivem e são inapropriados ao meio social em que se encontram, uma vez que o currículo privilegia os conteúdos comuns ao âmbito nacional, deixando pouco espaço para os assuntos regionais, já que um dos objetivos, pelos quais o aluno ingressa no Ensino Médio é se preparar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

No ano passado, com o surgimento do Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio, tivemos a oportunidade de discutir com os nossos alunos sobre seus anseios, dúvidas e expectativas quanto ao Ensino Médio e sua importância para o futuro desses jovens.

A partir de estudos e reflexões a respeito do assunto, foi feita com os alunos da Unidade Escolar uma pesquisa em forma de entrevista, para averiguação de alguns fatores que desestimulam e arrefecem esses estudantes, levando uma parte deles a desistir dos estudos e por consequência ficarem estagnados no mercado de trabalho.

Esta pesquisa foi desenvolvida a partir da perspectiva de que mais importante que transmitir as informações, que são muitas, é fazer com que o aluno transforme essas informações em conhecimento prático e útil. (CRAWFORD, 1994, p. 21)

Ao entrevistarmos os alunos percebemos que eles têm consciência de que o Ensino Médio é um instrumento transformador para sua prática social e profissional; e que aqueles que não estudam estarão condicionados a uma vida sem perspectivas social, pessoal e profissional.

Por outro lado, os mesmos expuseram o que consideram como fatores negativos para o afastamento do estudante da escola, como aulas monótonas e sem atrativos, conteúdos que não os interessam, a falta de dinamismo nas aulas, e, inclusive, professores que não conseguem transmitir o conteúdo de forma clara e concisa, além do despreparo do professor em alguns casos.

Além dos problemas apresentados acima, sabemos que ainda existem os fatores externos que também contribuem para o afastamento dos alunos como a necessidade de o estudante trabalhar para ajudar na renda da família, gravidezes precoces, casamentos prematuros e até outros fatores relacionados à cultura local que impedem a ascensão do estudante nos estudos.

Porém, outra questão que também tem sido objeto de bastantes discussões é o fato de a tecnologia estar à nossa disposição e nós enquanto escola não sabermos aproveitá-la na prática docente e nem os alunos não a usam em prol de uma educação melhor, para que o processo de ensino-aprendizagem tenha resultados melhores, mais positivos.

Os alunos querem usar os celulares smartphones sempre, no entanto, o uso se restringe somente às redes sociais; não há proveito com o uso da tecnologia, pois falta o discernimento por parte de muitos no que diz respeito a o que é tecnologia, pois ela não se restringe somente a computadores, smartphones e internet.

Falta aos professores e alunos, sobretudo, uma reeducação quanto ao entendimento do que, de fato, seja tecnologia.

“Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade nós chamamos de ‘tecnologia’. Para construírem qualquer equipamento seja uma caneta esferográfica ou um computador, os homens precisam pesquisar, planejar e criar tecnologias”.(KENSKI, 2003, p. 18)

Então, cabe a nós professores, aos alunos e a quem mais esteja envolvido no processo de aprendizagem fazer com que o Ensino Médio ganhe uma nova roupagem, com práticas inovadoras.

Ao mesmo tempo a escola precisa estar atenta ao dinamismo com que a sociedade atua, pensando nas transformações cada vez mais aceleradas e que, consequentemente, exigem uma educação direcionada a desafios que incitem os alunos a buscarem conhecimentos que contribuam para uma aprendizagem significativa e útil, pois é inócuo tal conhecimento quando não atribuído à realidade do aluno, no seu dia a dia.

Desse modo, a escola estaria contribuindo com a formação de cidadãos que conseguiriam transpor o muro da escola e enfrentar os diversos desafios que a vida prática do mercado de trabalho oferece.

Consequentemente o Ensino Médio seria uma etapa do ensino que despertaria o interesse do aluno, estimulando-o à criatividade e à iniciativa, pois constatou-se, através da entrevista com os alunos que o mais relevante é transmitir as informações e deixar que o conhecimento seja construído com a participação ativa dos alunos, oportunizando o crescimento não só em termos de conteúdos do currículo, mas intelectual, social e profissionalmente, até porque o objetivo maior do Ensino Médio é preparar o aluno para todos os segmentos de sua vida.

Conforme Freire (1995 p. 79): “A gente não é, a gente está sendo”, ou seja, do mesmo modo que o ser humano é mutável e está em plena transformação o tempo todo, com o conhecimento deve acontecer do mesmo modo e o Ensino Médio tem que acompanhar esse dinamismo, essa fluidez com que as coisas acontecem para que esta etapa da Educação tenha condições de prender a atenção dos alunos e fazer com que os mesmos se interessem pelo que lhes é apresentado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. São Paulo: Atlas, 1994.

FREIRE, Paulo. Pedagogia: Diálogo e conflito. São Paulo: Cortez, 1995.

KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. São Paulo: Papirus, 2003.

Batista Washington, Adriana Beatriz Martins Lemes e Risalva Rêgo Sacramento
Enviado por Batista Washington em 23/04/2015
Reeditado em 23/04/2015
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