Educação e Cultura: Construção de Caminhos no Ambiente Escolar
Do latim “educare significa extrair as sementes de dentro, desenvolver a capacidade, ter meta dentro de si. Cultura significa cultivar, e vem do latim “colere”. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem.
Segundo o filósofo Giles, 1983, Educar é alcançar a pessoa naquilo que lhe é mais específico, no seu ser humano, isto é, na sua intelectualidade, afetividade, seus hábitos, para leva-la à realização de um ideal. Em Sócrates, educar é justamente extrair de dentro do discente a sabedoria. Nessa educação, é um caminho que visa um saber retirado de si próprio. O educar socrático permite uma relação autônoma e dialogal entre professor e educando, no qual educar bem não é impor o conhecimento, mas descobri-lo dentro de si mesmo.
A referida práxis educacional conduz o alunado a libertar-se da ignorância e isso é um grande bem na formação. Em busca dessa postura o professor instiga o discente a pensar, raciocinar. Almeja-se a didática que vai do saber ao não saber, do senso ao não senso, da ignorância ao saber. Conforme versa Giles, “Educar bem, não consiste em oferecer soluções já prontas, isentas de todo questionamento, mas sim em poder gerar questões e buscar soluções”.
Nessa vertente, por meio desse pensamento, o educar conduz à consciência de poder ser mais, a reconhecer que é chamado a conceber um conhecimento verdadeiro e a isentar a sua insipiência. Essa arte de educar não é simplesmente transmitir conhecimentos ao interlocutor, mas sim em capacitar o discente a buscar uma verdade, por meio de sua própria arte de pensar.
No âmbito pedagógico e cultural o educando não recebe os pensamentos, uma vez que, uma busca a práxis seguida da concepção epistemológica de maneira atitudinal, reflexiva e autônoma o que permite uma sedimentação da estrutura racional e consegue destruir falácias e construir raciocínios.
O conceito práxis como corrobora Paulo Freire, é a dialética incessante ação-reflexão-ação, sob o prisma das práticas de ensino e aprendizagem, são significativas, avaliadas, repensadas e reconstruídas com a busca constante de um desenvolvimento holístico entre os protagonistas do ensino, isto é, discente e docente a proporcionarem uma práxis dialógica a ser construída diariamente em sala de aula ou fora.
Com isso, o espaço pedagógico não pode ser passivo e estagnado a ponto de limitar ou em muitos casos, coibir a criatividade, a experiência, o testar, propor, questionar e desafiar.
Coadunar prática lúdica, sensibilidade, criatividade e contextualização é observar os Fundamentos da Arte-educação, que propõe a formação por meio da arte, uma vez que há um árduo trabalho profissional que requererá uma demanda de energia emocional, intelectual por parte do docente que proporá as atividades, antes, durante e depois, ou seja, no planejar, vivenciar e avaliar, a experiência estética quando acontece.
Cultura no âmbito total ou particular em espaço escolar, não pode ser um privilégio da elite dominante, posto que até alguns anos este conceito só fosse conhecido nas altas instâncias e a acessibilidade só acontecia nos grandes centros.
Atualmente podemos ver o progresso cultural nas pequenas e grandes cidades, comunidades ou grupos, uma vez que é a partir destas expressões culturais que podemos perceber atitudes libertadoras com ênfase no desenvolvimento social.
Vivemos em um país em desenvolvimento que apesar de tudo, muito há que se trabalhar nos gêneros musicais, teatrais, na pintura, na literatura. Manifestações culturais são instrumentos que impedem que o povo seja amordaçado por ideias falsas e politiqueiras, embora se visse no Brasil, uma camuflagem neste sentido, quando políticos ofereciam shows, muitas vezes de péssimo gosto, só com o objetivo de arrastar multidões e votos. Tentavam com esta prática uma “massa de manobra”, utilizando este tipo de entretenimento.
A cultura é relevante ao ponto em que este mesmo povo consiga se reconhecer como cidadão, capaz de reivindicar, renovar e evoluir. É importante que se eduque o povo para fortalecer o contexto político e social, que o cidadão seja capaz de argumentar e defender interesses coletivos e não individuais. Ela é unilateral, uma peculiaridade do ser humano, porque é este quem legisla e executa e lega às futuras gerações. Através da cultura o homem é instigado a fazer história, filosofia e tornar-se protagonista de sua vivência.
A educação de potencializar talentos e protagonizar história sob os elementos culturais, possibilita ao grupo social descobrir seu verdadeiro papel no interior da comunidade, emergir para um estágio de cidadania, capaz de exercer ativamente seus direitos e deveres para com a sociedade em que habita.
Diante dos conceitos arrolados, há uma carência de profissionais da área educacional que em suas limitações teóricas e práticas, muitas vezes não coadunam os conteúdos programáticos em vivências artísticas e lúdicas ao qual, contribuiriam em grande extensão no desenvolvimento crítico e histórico do discente, tornando-o efetivamente protagonista de sua educação, cultura e história.
Alexandro Salgado
Filósofo, Historiador e Pedagogo