TUDO PELA BOA COMUNICAÇÃO
Sou defensora confessa do uso correto da Língua Portuguesa. Cometo meus equívocos, sim, mas tenho a preocupação ao escrever, sempre tentando fazê-lo corretamente. Não é fácil, é verdade. Tenho a plena consciência de que até à morte estarei aprendendo e, ainda assim, cometerei meus deslizes. São muitas regras (e muitas exceções) e ninguém dá conta de tudo, quanto mais estudamos, mais temos a necessidade de estudar.
Contamos com 10 classes gramaticais e uma exagerada quantidade de regras. Destas, os benditos verbos, sejam eles os principais ou os auxiliares, e suas respectivas conjugações, tempos, modos, além das regularidades e irregularidades, me enlouquecem. É muito para o meu cérebro, coitado!
A pontuação é um dos temas que também me causa desconforto. Às vezes me vejo apavorada diante de uma vírgula. Este abençoado simbolozinho no lugar errado pode gerar uma confusão sem tamanho. Nas construções mais usuais até desenrolo, mas vez ou outra aparecem estruturas que preciso recorrer ao Plantão Gramatical.
Crase é outro problema. Tremo sob seu domínio e os tais “casos facultativos”. Assim como muitos, eu também já disse “põe crase!” quando eu queria dizer “põe o acento grave”, quando ainda considerava crase um acento gráfico, assim como o agudo e o circunflexo. Hoje eu sei que o acento é grave. Gravíssimo! Olha o poder que tem essa Língua: uma fusão de vogais e eu me perco toda!
Finalmente, quero falar da acentuação, o que realmente me motivou a escrever esse texto. Semana passada, num restaurante da cidade, numa das plaquetas indicando o nome do prato estava escrito: “peixe ao molho de cocô”. Um acento mal colocado, e numa palavra que sequer o pedia!
Senti um pouco de nojo, foi inevitável. Imaginar um prato desses... eca!
Dirigindo-me ao dono do estabelecimento:
- Senhor, na plaqueta do peixe há um circunflexo desnecessário!
Eu precisava fazer isso. E segui:
- “Coco” é uma palavra paroxítona, e, segundo as regras gramaticais, não há o que explique o uso desse acento na sua plaqueta.
O cara pareceu não me dar a menor atenção. Nem à Língua Portuguesa. Disse qualquer coisa só para se livrar de mim. Também não insisti, a minha parte eu fiz.
Falei para minhas amigas, que me acompanhavam:
- Meninas, haja o que houver, a palavra “coco” nunca terá acento. Nunca!