"A verdadeira sabedoria consiste em saber
como aumentar o bem-estar do mundo."
                                                                                                                      Durante o curso EDUCAÇÃO MIDIÁTICA E PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS, promovido pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), no 9º Encontro USP-Escola, eu pensei sobre o quanto este paradigma pode contribuir para a conciliação entre a evolução tecnológica/comunicativa e a evolução do ser humano, diante do paradoxo em que vivemos, como retratam os versos de Drummond, publicados em 1973 (e sempre atuais). Onde na ficção o homem explora o sistema solar, porém não faz a viagem igualmente necessária:
(...)
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.


O fato é que desproporcionalmente ele ficou no polo do conhecimento exterior, fascinante e ilimitado e esqueceu o outro polo, a busca por entender a sua dimensão de ser humano, de vida, de alegria e de possível convivência harmoniosa.
Dentro do ecossistema comunicativo, a Educomunicação tem por princípios oportunizar o diálogo efetivamente democrático associado à prática educativa reflexiva e ao conhecimento das diversas possibilidades de expressão dentro dos meios de comunicação, com a consciência de que todos somos produtores de cultura e temos, igualmente, o direito à voz.
 Através de estratégias de comunicação, e dentro de um espírito de coletividade que visa melhorar a convivência humana, a Educomunicação valoriza a troca de experiências, a partilha de conhecimentos, o agir democrático, sem priorizar a hierarquia de saberes, incentivando projetos colaborativos para transformações sociais e construção cidadã.
A  Educomunicação desperta a  sensibilidade, a capacidade reflexiva para entender e respeitar as peculiaridades do eu individual, conciliando-as com as necessidades do eu coletivo. Apresenta possibilidades para a proposição de ideias, como indivíduo e como grupo, garantindo ao sujeito a oportunidade de exercer o seu poder de comunicação, dentro da educação formal e fora dela.
Aprendemos com tudo e com todos em diferentes espaços e linguagens, no saber descentralizado, complexo, dialógico e dinâmico, onde cada qual recebe as informações de acordo com a sua própria história e mediação cultural.
Faz-se necessário o constante construir, desconstruir e reconstruir; e neste processo, o fundamental exercício de reflexão e de práticas coletivas.
Através de práticas coletivas, como a pesquisa em grupo, se privilegia o envolvimento dos alunos com a aprendizagem pelo fazer. Vejamos o exemplo do seriíssimo problema da falta de água na cidade de São Paulo; sabemos que o assunto envolve algumas questões: falta de chuva, desabastecimento de água, desperdício de água, falta de previsão e planejamento dos setores responsáveis, falta de investimento adequado... Um tema amplo com várias vertentes a serem analisadas requer obviamente uma pesquisa por partes, levando posteriormente ao todo, caso contrário torna-se inviável o processo educomunicativo, se todos pesquisarem tudo ao mesmo tempo.
O trabalho em equipe, articulado pelo professor, através da divisão de responsabilidades, favorece  a partilha, a troca, a construção conjunta do conhecimento, com a socialização dentro dos grupos e depois com a sala toda. Tais práticas desenvolvem a capacidade de expressão e o crescimento da autoestima.
A mediação do professor é imprescindível no processo de práticas educomunicativas que levam à reflexão e mais do que isso, à ação transformadora pensando no bem comum.
Isabel Campos
Enviado por Isabel Campos em 19/01/2015
Reeditado em 20/01/2015
Código do texto: T5107458
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