PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA

O que fazer com a educação brasileira?

Repensar nossa prática educacional? Talvez. Como professor, acredito que quando tentamos mudar alguma coisa para melhor, a sombra do pessimismo vem logo atrás encobrir todo o nosso esforço de mudança. O sistema é montado de tal forma que vai minando qualquer tentativa de se atingir uma meta, um objetivo positivo. Então, sobram duas alternativas: Manter o status quo ou recomeçar, como num labirinto infernal. Trabalhei durante muitos anos em colégios particulares, uma realidade não tão diferente da escola pública. Os problemas são basicamente os mesmos. Em relação ao processo ensino aprendizagem, as duas escolas são bem parecidas. As diferenças são pontuais, na escola particular existe um apoio didático melhor, como também, valorização e reconhecimento do trabalho. Já na escola pública, o professor é uma espécie de alma penada. Esquecidos ou lembrados pelo sistema, punidos ou valorizados por aqueles que comandam a máquina pública, vivemos a maré do Estado de humor, ou seja, somos usados no vai e vem dos interesses dos nossos semi - deuses. Ultimamente, tenho visto colegas tirarem a própria vida, outros violentados por quem deveria agradecer, outros serem tratados como lixo nas barbas da burocracia. Até os nossos veteranos, os pobres aposentados têm visto seus direitos parcelados em suaves prestações. O que mais se fala por aí em relação a escola pública é que se colocasse um vira lata para dar aulas ninguém iria notar ( Olha a que ponto o Brasil chegou) Então, procuro conscientizar os meus alunos, que aquela formação foi especialmente planejada e que foi fruto de muita dedicação. Mesmo nesse mar de abandono, temos sim, que vender o nosso "peixe". Na Coréia do Sul, por exemplo, existe uma premiação anual que paga um milhão de dólares para o melhor docente do país. Uma forma de estimular e reconhecer o trabalho do professor. Estamos longe dessa realidade, mas, a valorização é um bônus moral. Coisa que muitos poderosos queriam ter, mas, suas pesadas almas, carregadas do vazio existencial e contaminadas pelo analfabetismo moral, os impedem de ter esse delicioso momento de consciência pacífica e é isso que nos torna plenamente humanos. Existem inúmeras possibilidades para melhorar o nosso sistema educacional.

Acredito muito na nossa classe. Não gosto quando nos comparam a anjos, ou a missionários. Que temos a profissão mais linda. Coisas desse tipo. Que só serve de pano fundo para a politicagem barata. Gosto de ser reconhecido como um profissional formado, que possui conhecimento técnico e uma boa formação teórica, que sabe reconhecer suas falhas e limitações, mas não deixa de procurar o crescimento profissional. Procura atualizar-se constantemente e que possui experiência suficiente para contribuir de forma significativa na melhoria da educação brasileira. Infelizmente, quem fala de educação no Brasil não são os professores. Economistas, políticos, jornalistas e até popozudas são chamados para dar uma palhinha sobre o tema educação. Quem está no poder nunca convida quem realmente vive a educação diariamente. Somos nós, professores, que conhecem profundamente os problemas do sistema educacional. Temos o know-how para mudar essa realidade. Mas, professor é visto como um coitadinho. Um sujeito passivo e muita vezes o responsável pelo descaso na educação. Não devemos desanimar. A luta é árdua. Não é fácil transformar o sistema. Mas uma coisa nós não podemos esquecer. A sala de aula é nossa. E é nesse local mágico que podemos conscientizar os educandos para transformar essa triste realidade.

Professor Amaury Júnior

Amaury Júnior
Enviado por Amaury Júnior em 02/01/2015
Reeditado em 13/07/2016
Código do texto: T5088448
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