Carinho de Criança
Convidado pela escola de minha neta de quatro anos, para falar sobre “a infância na fazenda”, transportei-me para o final da década de 1940, quando eu tinha a idade das crianças para quem eu ia falar. A sala de aula já estava com o cenário de uma fazenda, com casas, cercados, animais e alimentos típicos do lugar, porém de uma época mais moderna, diferente da época e lugar em que vivi.
Apenas para estabelecer um roteiro do que eu ia falar, selecionei algumas fotos de animais com os quais convivi na infância, dizendo que a minha relação com eles ainda era mais próxima de que com as pessoas, pois os vizinhos mais próximos estavam a cerca de um quilômetro de distância. Sendo a família composta de seis irmãos, o convívio era maior com os animais do que com pessoas. E passei a mostrar a vaca, o boi, o cavalo, o burro, o jumento, o bode, a cabra, o carneiro, a ovelha, o galo, a galinha, o cachorro, o gato, o porco e outros espécimes de animais que havia na minha roça, chamada por eles de fazenda. Na minha concepção não merecia esse nome, pois era uma pequena propriedade às margens do rio São Francisco, lá no sertão da Bahia, divisa com Pernambuco. Portanto, a cidade mais próxima era Petrolândia, para onde íamos de canoa, atravessando o rio São Francisco. E mostrei também a foto de uma canoa. Cada foto mostrada, seguida de um pequeno comentário, era motivo para despertar a curiosidade de todos e as interessantes perguntas da criançada. Ao final, fotos e abraços e os agradecimentos ao vovô matuto. Entre tantas manifestações de carinho, guardo uma que muito me encantou. Uma coleguinha da minha neta me abraçou e disse: “vou sentir muita saudade de você.”.
Essa foi de “matar o véio”. O que dizer mais?