Qual é a dificuldade da criança em ter o hábito de ler?
O processo de aprender a ler e escrever é sem dúvida muito instigante e desafiador tanto para o aluno como para o professor.
Adquirir a habilidade de ler significa, sobretudo, a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente.
Ler um livro é fazer grandes descobertas; é desbravar caminhos; é caminhar por mundos desconhecidos, e se abrir para grandes possibilidades.
Mas, ler somente o que é determinado pode ser um descuido, e não é nada desafiador;
Quando lemos pelo desejo de ler damos à leitura seu real valor. Lemos para buscar informações, para adquirir conhecimentos, para enriquecer o vocabulário, lemos simplesmente porque desejamos ler.
Ler espontaneamente é aproveitar as chances de vivenciar ricas experiências de enriquecimento e crescimento intelectual.
Ler é hábito, e a leitura é necessária para a construção da cidadania, para a formação de homens livres, aptos a refletir e, participar das mudanças sociais ocorridas nessa grande obra que é a humanidade.
A leitura pode nos conduzir por tempo, lugares e acontecimentos que não são os nossos.
Ter o hábito de ler é fazer um percurso encantador, de descobertas deslumbrantes.
Mas, a criança precisa ser mobilizada na condução da prática de ler.
Ler um livro é uma proposta que leva à autonomia, e é fonte de lazer e enriquecimento.
Mas, Qual é a dificuldade da criança em ter o hábito de ler?
Talvez, a criança não tenha o hábito de ler porque não encontrou o sentido na leitura, e diante dessa hipótese...
Será que a oferta de leitura é próxima à realidade da criança?
Esse pode ser um diferencial importante na construção do processo de formação de um sujeito leitor.
Ler é perceber-se como cidadão capaz, participativo, socialmente reconhecido e, sobretudo feliz.
Identificar e reconhecer os sentidos subjacentes à prática pode ser um achado facilitador no processo de se tornar um leitor efetivo.
Existe uma nítida separação entre os mecanismos da leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras, juntar sílabas e formar palavras. Ler não é apenas decifrar códigos e sinais.
Parece que a Escola não tem formado leitores que levam adiante pela vida esse interesse da leitura, quando muito, buscam em leituras exploratórias apenas informações necessárias a finalidades imediatas.
O desinteresse pela leitura pode ter origem na pré-escola ou momento da alfabetização e, pode estar atrelado em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças, não considerando o seu interesse, contexto e a faixa etária, tornando assim o primeiro contato com o livro “pouco prazeroso”.
A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para o outro ler. Já a leitura é um processo de descoberta, como a busca do saber mais elaborado, como o científico.
Formar um leitor requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador, semelhante à pesquisa científica.
A leitura pode ser superficial, sem grandes pretensões, mas, pode ser uma atividade lúdica, e ser uma proposta de uma atividade profundamente individual.
Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento e tudo é carregado de projeção de si mesmo, a leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão.
Ler é se aventurar pelas palavras, pelos traços dos outros, por um mundo fora de nós mesmos; é conhecer o que não se conhece; é aprender o que pode ser aprendido e lembrado.
Ler é poder ter acesso a vestígios de memórias do outro, pois há naqueles escritos verdades expressas dos processos inconscientes de alguém.
Maria Teixeira
Psicopedagoga e especialista em linguagem pela PUCSP
m.teixeira@uol.com.br
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