É PRECISO SABER VIVER!
Todos os seres humanos têm a necessidade de equilibrar seus temores e coragem, a recusa e ação, a prudência e ousadia. Esse equilíbrio, essa harmonia e essa conciliação são necessários. Disso depende a sanidade do indivíduo.
Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, cuja inteligência penetrou todos os campos do saber, no importante e famoso livro “Ética a Nicômaco”, afirma: “O homem que tem medo de tudo e de tudo foge, não enfrentando nada, torna-se um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e enfrenta todos os perigos, torna-se temerário. De modo análogo, o homem que se entrega a todos os prazeres e não se abstém de nenhum torna-se intemperante, ao passo que o homem que evita todos os prazeres, como fazem os rústicos, torna-se de certo modo insensível”.
Esse pensador estagirita estava certo: devemos buscar o meio-termo, o equilíbrio. Isso não serve apenas para o homem, serve também para a mulher. Ninguém deve se privar da vida, nem colocá-la em risco. O próprio Aristóteles fugiu para Cálcis, quando ele começou a ser perseguido em Atenas. Afirmou que “não queria dar aos atenienses ocasião para pecarem uma Segunda vez contra a Filosofia, pois a primeira fora com relação à morte de Sócrates”. O filósofo Sócrates, porém, agiu diferente de Aristóteles. Mesmo diante da sugestão e da ajuda de amigos para fugir da prisão e da morte, Sócrates preferiu ficar e aceitar a morte com serenidade. A permanência deste pensador em Atenas foi defendida por ele mesmo, com convicção, razão e sabedoria. A minha monografia abordou esse assunto e toda a vida desse pensador, desde a infância até a morte. O tema do meu trabalho monográfico foi este: “A Missão de Sócrates Versus Máscaras Sociais: descortinando a sociedade”.
É preciso, pois, não ter medo de viver, nem devemos ser precipitados. Sócrates nos ensina a ser corajosos. Ele mesmo deu o exemplo de coragem quando foi preciso participar de uma guerra. A História da Filosofia registra que Sócrates foi um homem muito corajoso na guerra da qual participou, sendo ainda solidário com quem, no combate, precisou de ajuda. “O Banquete”, obra de Platão, mostra isso. A “Apologia de Sócrates”, escrita por Platão, é rica neste aspecto e sobre a vida desse corajoso homem. É uma bonita história! Há estudiosos que chegam a duvidar da existência histórica desse mestre, de tão admirável que ele era. Para esses estudiosos, talvez esse pensador tenha sido apenas um grande personagem da brilhante intelectualidade de Platão, que, segundo a História da Filosofia, foi discípulo de Sócrates. Na verdade, nos diálogos que Platão escreveu, Sócrates foi usado como personagem principal. Tendo existido ou não, Sócrates foi e continua sendo um grande exemplo de sabedoria, virtude, coragem e de amor à verdade.
Vivamos, pois! É preciso saber viver! Podemos unir o equilíbrio da teoria aristotélica com o exemplo de coragem, sabedoria, virtude e de amor à verdade do velho Sócrates!